Há exatamente doze anos, morria um dos maiores gênios que a música brasileira deu à luz. Em 3 de março de 1998, Sebastião Rodrigues Maia, o Tim Maia, deixava o palco do Teatro Municipal de Niterói logo no início do show. Dali, iria direto ao hospital, onde ficaria até dia 15, quando Brasil perderia um de seus melhores músicos.
Nascido no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca, penúltimo dos 19 filhos , Tim Maia começou tocando bateria nos Tijucanos do Ritmo. Em 1957, com o grupo Os Sputniks, cantou ao lado de Roberto Carlos.
Quando foi para Nova Iorque, em 1959, o carioca teve a oportunidade de estudar inglês e cinema e entrar em contato com a soul music americana. Ao voltar para o Brasil, em 1963, passou 5 anos sem lançar nada. Até 1968, quando lançou seu primeiro compacto, com as músicas “Meu País” e “Sentimento“.
Já nos anos 70, gravou seus quatro primeiros LPs na gravadora Polygram. Neles, sucessos como “Azul da Cor do Mar”, “Não Quero Dinheiro”, “Gostava Tanto de Você” e “Réu Confesso”, onde já demonstrava a voz poderosa e o grande conhecimento musical.
Em 1975, teve uma de suas melhores e mais polêmicas fases, quando ingressou na Cultura Racional, ideologia baseada no livro Universo em Desencanto. O livro também serviu de base para grande parte das músicas compostas nessa fase. Os dois discos (e um terceiro, nunca lançado) foram lançados pela Seroma (abreviação do nome do cantor, Sebastião Rodrigues Maia), gravadora do próprio Tim Maia, e mostram o cantor em grandes performances vocais, o que se deve, em grande parte, ao afastamento das drogas.
Já na Warner, em 1978, Tim Maia entra em conflito com os grandes pensadores da Cultura Racional, se desliga da ideologia e lança um de seus álbuns musicalmente mais ricos, o Disco Club.
Nos anos 80, Tim Maia alcança grande sucesso, em parcerias com Gal Costa, Michael Sullivan e Paulo Massadas. É nessa década que ganha o posto de Melhor Cantor do Brasil, pelo Prêmio Sharp.
Descontente com o sistema das gravadores, nos anos 90 o cantor retoma a ideia da gravadora Seroma (posteriormente Vitória Régia) e é regravado por muitos artistas pop, como Jorge Ben, Titãs, Marisa Monte e Paralamas do Sucesso. Nessa fase, seu som muda e Tim Maia tenta novos ritmos, como a bossa nova e canções românticas.
Polêmico, verdadeiro, marketeiro, Tim Maia sempre mostrou um perfeccionismo e um cuidado enorme com o que realmente interessava: sua música. Apesar do abuso das drogas, da personalidade difícil e da vida desregrada (que, mais do que dinheiro e sucesso, lhe custaram a vida), a contribuição de Tim Maia para a música brasileira ainda é difícil de ser medida.
Intérprete de preciosidades românticas, como “Você“, hinos cafajestes como “Telefone” e sucessos dançantes do naipe de “Do Leme Ao Pontal“, a importância de Tim Maia pode ser percebida na influência que exerce sobre o soul, o samba, o rock, a bossa nova e o funk do Brasil.
“Tem pessoas que morrem com 90 que são jovens, outros morrem com 30 e não são tão jovens assim”.