25 anos de Fresno: 5 perguntas para a banda ícone do emo nacional

01/07/2025

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Por: Erick Bonder

Fotos: Camila Cornelsen

01/07/2025

A Fresno chegou ao NRC+ para comemorar 25 anos de história. A edição de colecionador de Eu Nunca Fui Embora (2024), mais recente trabalho da banda, conta com LP branco marmorizado, capa gatefold com cinta, fanzine com conteúdos inéditos, pôster, patch bordado e cartão postal.

A compra avulsa está disponível para todo o público na Loja NRC+. E o melhor? Assinantes do NOIZE Record Club têm desconto especial.

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O álbum, que conta com participações de gigantes da música brasileira, como Dead Fish, NX Zero e Catto, apresenta o som da Fresno com mais identidade do que nunca, trazendo o emo e o hard core, mas também elementos da música pop e até da MPB. 

“Hoje, o grande lance de um novo disco não é fazer as pessoas ouvirem, mas sim fazer as pessoas ouvirem ele de novo, de novo e de novo”, declarou Lucas Silveira, vocalista, guitarrista e produtor do grupo, sobre os desafios da música contemporânea.

Conversamos com Lucas e Thiago Guerra (baterista) sobre os anos de estrada, o lançamento de ENFE, a relação com os fãs e os desafios de se manter criativo por um quarto de século. Para ter um gostinho, você pode conferir uma parte desse papo nesta matéria.



Como a banda foi se transformando ao longo desses 25 anos? Dá tempo de viver muitas coisas, a Fresno acompanha a vida inteira de vocês.

Lucas:
25 anos dá pra viver muita coisa, sim. Eu acho que já é tanto tempo que a gente tem que dividir em fases. Passamos por muitas etapas, nem dá pra dividir por ano. Tem a fase do colégio, o começo. Depois o underground do Brasil, sendo independente. Depois veio essa coisa de: “Será que a gente vai virar uma banda grande? Será que todo mundo vai conhecer a gente?” Mas foi tudo muito natural. Quando eu via, já estava rolando. E foi mais gradual do que o normal, não dá pra dizer que foi meteórico. Não foi tipo “meu Deus, o cara lançou e estourou”. Então, a gente teve tempo de curtir todas as fases.

Como é para vocês manter a vontade de fazer música, se sentirem motivados para isso, querendo criar coisas novas, pesquisando novas linguagens?

Guerra: Bicho, a gente se diverte muito. A primeira coisa é que a gente gosta muito de estar junto, falando disso, fazendo música. E cada coisa que a gente vive — no dia a dia mesmo — a gente puxa pra dentro. Nos falamos o tempo inteiro. É uma paixão que só cresce, um bagulho muito louco. Eu tô na banda há uns 12 anos, por aí, e entendo isso como uma coisa que não cansa. Tipo, eu não me vejo fazendo outra coisa. Falando por mim, e sei que os caras também são assim:  eu acordo pensando em coisas da banda. A gente tá sempre fervendo, cozinhando. Acho que uma coisa legal da Fresno é que isso é muito presente no nosso dia a dia. Essa alegria e esse tesão de estar fazendo, de viver a evolução de cada um. 

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Esse lance da fidelidade com o projeto, da intensidade, acaba espelhada nos fãs de vocês. São poucas bandas brasileiras com uma fanbase tão fervorosa, que acompanha de verdade. Como é a relação com os fãs?

Lucas: A banda acaba sendo um elo que aproxima as pessoas. Nem é só sobre elas se conectarem com a gente, mas entre elas mesmasTem uma coisa em comum, um assunto que gostam de conversar, que é a gente — mas também outras bandas, outras vivências. E eu gosto muito de ver como as coisas que a gente comunica batem nos fãs, como repercutem. Eu sou muito presente nas redes, conversando com os fãs. Mas, cara, isso é feito diariamente há 20 anos. Gosto de saber quem é o meu público. Isso me ajuda a entender como a gente vai fazer as coisas. Às vezes pra montar um setlist, pra lançar algo novo… Muitas ideias que a gente faz vêm dos fãs. Tipo: “Vocês deviam lançar tal coisa”, “Faz isso com aquela música”. Então, eles são uma fonte de ideias e inspiração muito valiosa. São fãs dedicados à fanzice deles, que querem o bem da banda. Curto pra caralho isso.

Guerra: Não tem muitas bandas em que o último disco é sempre o mais bombado. Geralmente é o contrário. E isso também mostra o tipo de relação que a gente tem com os fãs. Não é uma relação genérica — é intrínseca mesmo, muito conectada. O cara é tão fã que entra com a gente de corpo e alma em cada novo trabalho.

E agora falando do disco, o Eu Nunca Fui Embora traz a linguagem já conhecida de vocês, com o emo, o hardcore, mas também tem coisas diferentes, como uns beats, umas coisas mais pop. Como foi o processo de criação e produção?

Lucas: A gente pensava muito assim: “Qual é o tipo de música que só a Fresno consegue fazer? A música que, se outra banda tocar, vai soar diferente, não vai ter aquele nosso jeito?”. Fomos muito atrás disso. Em paralelo, rolou uma busca bem artesanal, onde o Guerra entrou muito, que foi o processo de desenvolver grandes refrões, coisas que as pessoas vão querer cantar. Porque, cara, é relativamente fácil criar algo bonito — uma harmonia legal, um arranjo — mas ninguém escuta a música como quem a criou. Então cabe a mim, como produtor, tentar ouvir como se fosse um ouvinte novo: “Beleza, o que tem aqui? Isso prende a atenção?”. A gente quis que o disco tivesse uma narrativa, que nas primeiras faixas já desse um panorama do que viria. Eu acho esse álbum mais direto e reto do que os anteriores, mas ainda sinto que ele pertence a essa fase dos nossos últimos discos — Sua Alegria Foi Cancelada (2019) , Vou Ter Que Me Virar (2021). As músicas desses discos são bem intercambiáveis. 



Depois de um ano de lançamento da primeira parte do disco, como vocês veem a recepção e a trajetória desse trabalho?

Lucas: Mais do que lançar em duas etapas, o mais importante foi fazer do lançamento uma grande festa. Um momento de construção de uma massa crítica de gente, de assunto, de engajamento pra falar de um disco que tá saindo. A gente fez uma listening party — que já é uma coisa normal — para 3.000 pessoas em São Paulo. E mobilizamos alguns fãs que já estão envolvidos com festas e tal, para fazer em outras cidades. No fim das contas, foram mais de 30 listening parties pelo Brasil todo. Teve em quase todas as capitais. Teve cidade do interior de Minas que fez audição para quatro pessoas numa lanchonete. Rolou também em Lisboa e teve até um maluco que fez lá na Austrália. E isso tudo para que o lançamento de um disco volte a ter graça, volte a ser algo pelo que as pessoas se interessem. Hoje a Fresno lança um disco, o cara vai ouvir no Spotify, e quando termina a última música ele já joga um um twenty one pilots, um negócio assim e vai embora. O disco não vai repetir. Então, hoje o grande lance de um disco não é fazer as pessoas ouvirem , mas sim fazer as pessoas ouvirem ele de novo, de novo e de novo.

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01/07/2025

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Erick Bonder