São os anos 80 e Cazuza está nos bastidores de um show. Uma câmera o alcança, naquelas filmagens caseiras tão comuns da época. Por detrás da câmera, ele é questionado: “Cazuza, a quê você atribui seu sucesso?”. Foi a deixa para a resposta mais ariana e debochada possível: “Ao meu charme, à minha simpatia…”
Nascido em 04 de abril de 1958, Cazuza, com seu charme, e sobretudo seu talento, conquistou o Brasil enquanto o país vivia a ditadura miliar. Dizia que não havia perdão para o chato, para o tédio, para a caretice, gerando a identificação de uma juventude que só queria viver seu hedonismo libertário. Foi com esse espírito que explodiu com o Barão Vermelho, depois, em carreira solo, conquistando outras gerações.
Foi, também, importante para desmistificar a figura de uma pessoa que vive com HIV, ainda que sua imagem também tenha sido usado pela mídia sensacionalista de forme estereotipada, em uma época quando reinava a ignorância e o preconceito em torno dessa condição.
Mesmo após sua morte, que completa 35 anos neste 7 de julho, a arte de Cazuza reverbera: sua música ainda toca nas rádios e o Brasil ainda escuta a canção de mesmo nome veiculada a cada episódio do remake de Vale Tudo, na voz de Gal Costa, além de “Faz Parte do Meu Show”, que embala o casal de personagens Solange e Afonso, vividos hoje por Alice Wegmann e Humberto Carrão.
Boas Novas
Em homenagem ao artista e seu legado, foi lançado o documentário Cazuza – Boas Novas, que estreia nos cinemas no próximo dia 17. Repleto de filmagens caseiras — como a citada no início deste texto — o filme tem direção de Nilo Romero, músico, amigo e diretor musical do último show de Cazuza, e co-direção de Roberto Moret. A produção explora o período de 1987 a 1989 quando, mesmo após o diagnóstico de HIV, Cazuza fez com que o tempo não parasse: continuou produzindo prolificamente, lançando 3 álbuns — Ideologia (1988), Burguesia (1989) e o icônico show O Tempo Não Para (1989), dirigido por Ney Matogrosso.
Esmir Filho fala sobre “Homem com H” e escolha de Jesuíta para viver Ney
Produção original do canal Curta!, viabilizada pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), o filme, que estreou no festival de cinema In-Edit, conta com depoimentos de Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Frejat e Lucinha Araújo, mãe do cantor. Após a passagem pelos cinemas, a produção estreia no canal.
Confira o trailer abaixo:
Mais homenagens
Cazuza também será o próximo homenageado no Prêmio BTG da música Brasileira. A escolha foi anunciada por Lucinha Araújo e aprovada por unanimidade pelo Conselho, formado por nomes como Gilberto Gil, Zé Mauricio Machline, Ney Matogrosso, Zélia Duncan e Karol Conká.