No livro Porto Alegre: Uma Biografia Musical Vol. 2, o jornalista, compositor e arranjador Arthur de Faria traça a história da música feita na capital gaúcha entre os anos 1950 e 1970, influenciadas pela televisão, o surgimento do videotape e as influências da bossa-nova, do tropicalismo e da MPB.
Lançado pela Arquipélago Editorial, o livro chega na esteira do primeiro volume da biografia sonora da cidade. Nele, Faria retoma a ocupação açoriana em Porto Alegre, os carnavais do século XIX, a Era de Ouro da rádio, a influência de ritmos estrangeiros na formação da música regional e o surgimento da fábrica de discos Casa A Elétrica.
“Com 21 anos de idade — eu era músico desde os 13 — virei jornalista no Zero Hora. Comecei a escrever sobre os grandes nomes da música porto-alegrense vindos da Zona Norte. Alguns anos depois, no governo Olívio Dutra, foi feita uma série de CDs com grandes clássicos da cidade. Então, fiquei encarregado por escrever um dos fascículos que acompanhavam o disco”, conta Arthur sobre o início de sua pesquisa.
“Tomei gosto pela coisa”, continua ele. “Juntava tudo que fui lendo. Quando vi, já tinha umas oitocentas páginas”. Essas páginas de pesquisa se converteram em uma série — iniciada pela biografia de Elis Regina, a mais famosa voz porto-alegrense, lançada em 2015. Ao final do seu período de publicação, o projeto, somará, segundo o autor, dez livros.
Somam-se a esses lançamentos biografia de Lupicínio Rodrigues, um dos mais importantes compositores brasileiros, nascido no antigo bairro da Ilhota. Há, ainda, um volume dedicado à vida e obra do pianista, arranjador e compositor Radamés Gnatalli.
Segundo Faria, as biografias gerais, focadas na cidade como um todo, ainda contarão com mais um livro, compreendendo o período até os anos 2000. Também haverá publicações dedicadas ao rock gaúcho e à música regionalista.
Sobre as temáticas abordadas no segundo volume, Arthur exemplifica: “Falo muito sobre os conjuntos melódicos que floresceram aqui no Rio Grande do Sul. Eram vários grupos que faziam samba e depois bossa nova instrumental, para dançar, inspirados fortemente na sonoridade do jazz light”.
Alguns conjuntos, como o Flamboyant, tiveram lançamentos nacionais feitos por grandes gravadoras, como a Continental (O que se dança às margens do Guaíba, de 1961). Faria ainda reconstitui a trajetória de artistas oriundos dos grupos, como do compositor Mutinho (autor de canções interpretadas por nomes como Elis, Vinicius de Moraes e Toquinho), os pianistas Geraldo Flach e Breno Sauer e o arranjador Manfredo Fest.
Os volumes de Porto Alegre: Uma Biografia Musical e as biografias de Elis Regina e Lupicínio Rodrigues estão disponíveis no site da Arquipélago Editorial.