Com novo vocalista e estreia de “Nós”, Bad Luv entra em nova fase, leia faixa a faixa 

01/09/2025

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Por: Vitória Prates

Fotos: Divulgação/César Ovalle

01/09/2025

Para Bad Luv, o álbum Nós (2025) não foi pensado, mas sentido. “Ele não é um projeto super elaborado, é um acaso, assim como nosso encontro”, define o vocalista Caio Weber. Lançado em agosto, o disco chegou às plataformas com um rock moderno e pulsante, marcando uma estreia que já anuncia uma nova fase na trajetória do grupo.

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A Bad Luv nasceu em 2021, das mentes inquietas e dos instrumentos calejados de João Bonafé (baixo), Murilo Amancio (guitarra) e Vitor Peracetta (bateria). O projeto ganhou uma camada a mais no ano seguinte, com a entrada de Gee Rocha, do NX Zero. 

A estreia é recente, mas a experiência dos integrantes é vasta. João, Murilo e Vitor já participaram das bandas de Matuê, Di Ferrero e Day Linns. Em 2025, uma outra novidade:  a entrada de Caio, ex-vocalista do Cefa, no grupo. Essa bagagem se traduz na sonoridade madura de Nós (2025), que também conta com produções de Caio, Gee, Felipe Martins, Niko Kamada, Victor de Souza e Isa Sartor.

Em Nós (2025), o quinteto ainda conta com a participação do rapper Luccas Carlos, conhecido pelo grupo Pirâmide Perdida e colaborações com BK, na faixa “Na noite passada eu não dormi”. A discografia do Bad Luv ainda inclui o EP Old Luv (2024), que serviu como um prenúncio do que viria a seguir. Em conversa com a Noize, a banda falou sobre o processo intuitivo por trás de Nós (2025), um álbum que, mais do que pensado, foi vivido.

Como foi o processo criativo de Nós?

CAIO: Muito natural. Esse não foi um álbum planejado, foi algo que simplesmente aconteceu. As músicas foram surgindo e quando percebemos, tínhamos um repertório para gravar um EP que acabou evoluindo para ideia de um full length. Depois de selecionar as oito faixas que eram unanimidade entre nós, nos reunimos entre março e abril em São Paulo e gravamos de forma bem orgânica e coletiva.

Este é um álbum que celebra a coletividade do grupo, como vocês se conectaram como grupo e como está sendo manter a sintonia criativa?

CAIO: A gente já se conhecia há muito tempo, João e Gee tocaram juntos no Gloria, Pera, Murilo e João fizeram parte da Black Days, eu e o Pera tocamos juntos na Cefa. Enfim, todos nós estávamos de alguma forma conectados, ainda que de forma indireta. Quando minha ex-banda a Cefa acabou, o Pera me ligou e disse que deveríamos ter uma banda juntos. Paralelo a isso, a Bad Luv estava prestes a acabar, então a ideia de me juntar à banda foi uma espécie de desfibrilador pra nós. Depois do primeiro ensaio as coisas aconteceram muito rápido, mesmo comigo morando em Curitiba, o Gee em LA e os 3 em São Paulo. 

A distância física foi só um detalhe que, na minha opinião, corroborou para que esse álbum surgisse tão rapidamente. O fato de estarmos separados fez com que vários núcleos criativos trabalhassem ao mesmo tempo. Quando nos reunimos de fato em março para gravar o álbum foi fácil manter a harmonia e um convívio saudável muito por conta das nossas experiências individuais em outros projetos.

A Bad Luv é uma banda nova mas com veteranos de guerra, acho que coisas que poderiam se tornar grandes problemas pra uma banda inexperiente acabam sendo resolvidos muito rapidamente por nós, por conta dessa “maturidade” adquirida ao longo dos anos. O próximo desafio é manter essa sintonia na turnê em setembro, mas, tendo como base nossa experiência até aqui, sei que vamos tirar isso de letra.

Com o lançamento do álbum, quais os próximos passos da banda?

CAIO: Acho que o principal agora é cair na estrada. Nós cinco amamos muito o palco, fazer músicas é ótimo, lançar um disco também, mas é no show que a banda acontece de verdade. É nos shows que a gente consegue medir o quanto nossas músicas estão tocando as pessoas. Estamos ensaiando muito para entregar um show digno de tudo que fizemos até então.

Caio também compartilhou um faixa a faixa exclusivo de Nós (2025) com a gente, veja aqui:

“Cicatrizes: a faixa de abertura do álbum é um desabafo e faz uma reflexão sobre como momentos de fragilidade são importantes para o crescimento e amadurecimento humano. É um lembrete de que “vai doer, mas vai sarar”. Sonoramente acho que é a música que melhor representa a Bad Luv, ela é densa, pop, melódica e pesada, tudo ao mesmo tempo.

“Me faz tão bem”: essa música é sobre estar perto de pessoas que podem te salvar de si mesmo quando for preciso. A ideia do arranjo veio praticamente toda do Gee e foi uma das primeiras vezes que escrevi algo a partir de um tema pré-determinado. É um pop rock simples mas com uma mensagem poderosa.

“Nós2”: é uma canção de amor niilista, simples e direta. Muitas pessoas confundem o niilista como alguém pessimista ou amargo, quando na verdade, a máxima de que “nada tem sentido” é um convite para que o indivíduo viva a vida a sua maneira e encontre seu próprio sentido nela. 

Essa música é a história de alguém que encontrou muito mais sentido na vida ao dividi-la com alguém, ao mesmo tempo em que expõe o medo da finitude. Foi uma música que compus em um primeiro momento pro meu projeto solo, mas quando mostrei ela voz e violão pro Johnny ele pirou e isso me convenceu a criar um arranjo mais Bad Luv pra ela. Depois o Gee trouxe uma roupagem mais dançante e cadenciada pra música que a tornou muito mais especial. 

“Na noite passada eu não dormi”: feita em parceria com Luccas Carlos, essa música tem uma sonoridade moderna que mistura elementos do rock e do trap. A letra retrata o início de um relacionamento através do ponto de vista de uma mente ansiosa, que, após dizer coisas sem pensar, não consegue conter o medo de afastar a outra pessoa. É um pedido de desculpas, uma declaração de afeto visceral.

“Autorretrato”: a mais pesada do disco faz uma reflexão sobre aquele questionamento, que de certa forma é um clichê, mas a arte é cheia deles: Você se tornou o adulto que a sua criança interior queria que você fosse? 

Essa letra é uma visita ao meu eu do passado, jovem, cheio de sonhos e medos. É uma análise sobre como esses sonhos moldaram toda minha vida, uma música que fala sobre o sonho de viver da arte, ao mesmo tempo em que confessa uma vontade muito íntima de ter êxito nisso não só por mim, mas principalmente pelos meus pais que alimentaram e construíram esse sonho junto comigo. 

Embora meus pais não tivessem a melhor condição do mundo, sempre priorizaram que eu e meu irmão tivéssemos a melhor educação possível, então a minha vida toda estudei em “colégios de playboy”, sem ser playboy [risos]. Por muito tempo senti vergonha da minha condição, por não entender, nessa época como funciona o sistema econômico no qual a gente tá inserido, eu tinha vergonha do fato do meu pai ser caminhoneiro porque eu achava que isso o diminuía por conta do meio no qual eu fui inserido, quando na verdade, com a maturidade, eu entendi o quão gigante meu pai é, e passei a admirar e me orgulhar.

Gosto muito do filme O Palhaço, de Selton Mello, que fala: “O gato bebe leite, o rato come queijo, e eu…sou palhaço” No caso, eu sou artista, e por mais que eu queira fugir, a música sempre me puxa de volta, assim como minha entrada na Bad Luv, e no fim, só quero fazer com que isso dê certo pra orgulhar as pessoas mais importantes na minha vida.

“Tradução de saudade”: sem dúvida uma das músicas mais fortes do álbum, fala sobre luto. Uma homenagem a uma amiga que teve sua vida interrompida pela depressão, é sobre a dor da perda mas também sobre o conforto que apenas as boas memórias são capazes de trazer nesses momentos. 

Essa música chegou pra mim como um instrumental de 40 segundos feito pelo Murilo e pelo Kamada (um dos produtores do disco). Uma fatalidade que foi a perda de uma grande amiga dos meninos fez a música encontrar um sentido e foi através de uma carta aberta que o Peracetta escreveu pra essa amiga.

“Reaprender: foi a primeira música que escrevi para o Bad Luv. A Cefa, banda da qual eu fiz parte metade da minha vida, havia acabado e o Peracetta me mandou essa base, feita pelo Gee, e 30 minutos depois essa música já existia praticamente como está no álbum.

A letra fala sobre esse momento de incerteza que, de maneira inesperada, se transforma num recomeço. Fala sobre a dificuldade em deixar o passado para trás e viver coisas novas, mas sem desvincular do fato de que o passado é responsável pelo nosso presente. 

“Talvez não”: a faixa de encerramento do álbum surgiu porque o Gee havia feito uma melodia pra primeira versão de “Reaprender” que eu acabei não usando, mas ela era tão boa que resolvi escrever outra música em cima dela. Acho que muitas letras desse disco são sobre o fim de um relacionamento, porque era extremamente o que eu estava vivendo, só que no caso o relacionamento se referia ao fim de um projeto. 

Essa música é a perspectiva de alguém que já entendeu onde as circunstâncias do seu relacionamento vão levar, mas ainda procura algum significado em tudo que aconteceu para que nada disso tenha sido em vão. 

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01/09/2025

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Vitória Prates