No coração da capital paulistana, a Formosa Hi-Fi propõe uma experiência de audição de vinis única, projetada pelos nomes por trás da aclamada Sala São Paulo. Recentemente inaugurado, o espaço foi idealizado pelos sócios Facundo Guerra, Alê Youssef e Ale Natacci, conhecidos na noite paulistana, com projeto da empresa Acústica & Sônica.
“Nosso objetivo era montar uma casa de show para o vinil”, explica Facundo. “É um palco para o vinil se apresentar, e ser exibido em sua máxima potência”.
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História e modernidade pautadas pela música
O bar, que se encontra na Galeria Formosa — espaço cultuado por Mário de Andrade no Vale do Anhangabaú, é uma união entre momentos históricos: oferecendo tecnologia de ponta para audição de vinis, além de sua localização no centro histórico de São Paulo, o Formosa Hi-Fi se apresenta como uma celebração da história, cultura e música brasileiras.
“Não tem uma linguagem típica de estúdios de gravação, por exemplo, e nem de longe parece um auditório convencional. É um lugar acolhedor”, afirma José Augusto Nepomuceno, da Acústica & Sônica. Projetado para ser o local perfeito para audições, e também um espaço de troca e comunidade (como um bar normal), a Formosa Hi-Fi teve de enfrentar o desafio do volume, nitidez e distribuição de som – e a solução encontrada está na arquitetura do próprio local.
Ao invés de se limitarem a ajustes acústicos à sala já construída, Facundo Guerra conta que o processo de criação da Formosa Hi-Fi foi mais sobre investir tudo para criar a acústica perfeita, mesmo que isso significasse ter que construir algo novo.
“A gente construiu outra arquitetura dentro da sala. Tem uma pele de marcenaria em volta da caixa arquitetônica, que é o que se faz em salas de orquestra ao redor do mundo”, diz Guerra: “Eu ficava pensando em vários momentos nessas movimentações que encareceriam o projeto, mas, realmente não fizemos concessão nenhuma para acústica”.
A preocupação principal dos criadores era desenvolver um lugar em que as pessoas pudessem conversar e ouvir os vinis — então, para isso, projetaram um espaço no qual o som é espalhado uniformemente. “No Formosa, construímos várias bolhas, então a música é sempre da mesma altura independente de onde você se encontra no espaço, além de você ter uma clareza muito grande”, afirma Facundo sobre esse tópico central do bar.
“Durante o processo projetual, o pressuposto de excelência não foi negociado. Esta é a base importante”, conta Nepomuceno, nome por trás da projeção acústica do Formosa Hi-Fi: “No caso do Formosa, a chave é a sala dar suporte para o som amplificado. É o local de ouvir vinil e não de instrumentos orquestrais – mas, a reverência no Formosa ou nas salas de orquestra é a mesma: estamos aqui juntos escutando música”.
“Queremos que as pessoas ouçam discos como nunca escutaram antes”
A ideia da Formosa Hi-Fi nasceu há 10 anos, quando Facundo Guerra idealizava criar um espaço de audição que fosse acusticamente perfeito para a música mecânica, diferente do que acontece com algumas casas de show, por exemplo.
Na época, a ideia não foi para frente, já que perderam o espaço para a construção de um prédio. Mas Guerra não esqueceu desse sonho — e 10 anos depois, acionou José Augusto Nepomuceno com a ideia de transformar a Galeria Formosa neste bar.
Agora, com a inauguração da Formosa, a ideia é que os frequentadores entrem por completo nessa experiência única de audição. “Queremos que as pessoas ouçam discos como nunca escutaram antes, acho que vamos proporcionar um ritual em torno do vinil”.
“Fico sonhando que as pessoas falarão baixo para escutar música, mas talvez não seja assim. Talvez o lindo seja poder se emocionar a plenos pulmões ouvindo Jorge Ben ou Alban Berg”, afirma Nepomuceno, expressando suas expectativas: “E que neste local possam nascer e crescer lindos caminhos. Que, afinal, é o que estamos todos precisando”.