No sábado (15/11), rolou a 3ª edição do BATEKOO Festival, em São Paulo. O evento contou com apresentações como Urias, O Kannalha, Duquesa e Carlos do Complexo, em mais de 12 horas de música para um público de 7 mil pessoas. Os números mostram o sucesso de um festival querido pelo público, que, ainda assim, precisou ser adiado no ano passado por não ter atingido patrocínio suficiente. Neste ano, os ingressos se esgotaram antes mesmo do anúncio do line completo.
Criada em 2014 em Salvador, a BATEKOO é responsável pela celebração da cultura negra, LGTQIAPN+ e periférica através da união de arte, música, educação e política. Além do festival e das festas, realizadas por diversas cidades do país, a BATEKOO também promove oficinas para capacitação artística e de gestão cultural.
Para Mauricio Sacramento, CEO, diretor criativo e curador do festival, esse resultado é fruto da conexão entre o público e o coletivo: “A terceira edição do BATEKOO Festival foi, para gente, um lembrete do porquê começamos. Depois de um cancelamento, voltar e ver o evento esgotar antes mesmo de anunciar a programação mostra que o público não se conecta só com os nomes no palco, mas com o que a BATEKOO representa”, conta ele.
Para traduzir essa potência e diversidade, a programação do festival foi pensada para mostrar a versatilidade da música negra brasileira. “Estamos em constante circulação dialogando com diversas cenas culturais do Brasil e do mundo. Em um país que a maior parte da população é não-branca, fazer um festival afro-brasileiro não é pensar um recorte ou nicho, é pensar Brasil. Nossa curadoria é um panorama da música brasileira contemporânea, do passado ao futuro”, afirma Artur Santoro, também diretor e curador do festival.
Esta edição entregou uma experiência musical variada, que convida o público a transitar por diferentes ritmos – do rap ao pagodão – e descobrir novos artistas. O line foi abrilhantado por outras atrações como Rom Santana, Badsista b2b Omoloko, Urias, Duquesa, Keiona, MU540, Sampa Charme, BK’, Bloquinho Delas, Taj Ma House e Ralachão.
A Noize separou 5 apresentações especiais da noite. Confira abaixo:
BK’
O carioca se apresentou com grande parte do reportório de Diamantes, lágrimas e rostos para esquecer (2025). Na segunda faixa da apresentação, “Não Adianta Chorar”, a virada do beat entre o sample do Trio Mocotó e a entrada do rapper travou duas vezes, mas ele repetiu o som nos momentos finais da apresentação. Após se acertar após os problemas inicias, o show contou com fluidez e participação ativa do público.
Com faixas de DLRE, Icaurs (2022), O Líder em Movimento (2020) e Gigantes (2018), o rapper apostou no reportório que une as novas faixas com os seus maiores sucessos. As principais temáticas das músicas escolhidas estavam conectadas com relacionamentos, como “Só me Ligar”, “Planos” e “Real”, e músicas que celebram conquistas e realizações como “Continuação de um sonho” e “Universo”.
Rom Santana
Popular nas ruas do Bixiga e da Barra Funda, em São Paulo, o baiano Rom Santana vem ganhando destaque na cena musical paulistana. O cantor, que conquistou o público ao se apresentar em bares dessas duas regiões boêmias, agora mantém uma agenda cheia, dividida entre casas de shows e os bares rotineiros.
Com um repertório que transita entre o pagodão, forró, axé e sertanejo, o artista cantou versões de “Kika, Kika, Kika”, “Negro Lindo”, “Zuar e beber” e “Posturado e calmo”, além das faixas autorais como “Teoria” e “Ponto Sem Nó”.
Duquesa
Iniciando a apresentação ao som do “Fuso”, Duquesa fez uma apresentação marcada por rimas certeiras e as faixas cantadas em couro pelo público. O repertório foi construído com base nos dois volumes de Taurus (2024), com faixas como “Única”, “Taurus” e “Só um Flerte”.
No palco, a artista celebrou a oportunidade de estar tocando no BATEKOO Festival e deu um recado para o público ao cantar “Big D!!!!! Pt. 2”. “Essa música serve para vocês pararem de dar ouvidos para quem não construiu nada e quer dar pitaco nos seus projetos. Nós merecemos ser bem-sucedidos e merecemos tudo isso”. Já na apresentação de “Pose”, a artista contou com a participação de Zaila ao vivo
DJ Pedrita
A princesinha do Rock Doido, DJ Pedrita, foi a responsável por trazer o clima das aparelhagens paraenses para o BATEKOO Festival. A 1ª DJ Mulher do Oeste do Pará começou a carreira profissional em 2016, em Santarém, e se consagra como uma das principais representantes atuais da música eletrônica paraense.
No set, Pedrita explorou diversos ritmos como brega, tecnobrega, tecnomelody e carimbó, criando um baile de rock doido envolvente. Entre os artistas tocados estavam os nomes de Gaby Amarantos, Joelma, Banda Djavú, Pabllo Vittar e Mestre Verequete.
O Kannalha
O baiano Danrlei Orrico, O Kannalha, está em destaque na programação dos festivais. Com apresentações feitas no Afropunk de Salvador e do Rio de Janeiro e confirmações no Festival Chacoalha (MG) e Feira Preta (BA), O Kannalha encerrou a edição do terceiro BATEKOO Festival.
Dono dos hits “O Baiano Tem o Molho”, “Fraquinha” e “Traficante de Desejos”, o artista celebrou a oportunidade de se apresentar no do festival, enalteceu a cultura baiana de paredão e colocou todos para dançar no começo da manhã. Além das faixas autorais, o artista fez versões de faixas como “Aí, Preto”, “Rap da Felicidade” e “Verdinha”.