Bruna Magalhães: um faixa a faixa afetivo dos Paralamas do Sucesso

01/12/2025

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Por: Revista NOIZE

Fotos: Divulgação/Isa Lelis

01/12/2025

Uma das bandas mais populares do país, os Paralamas do Sucesso inspirou — e segue inspirando — novas gerações. Um exemplo é a cantora Bruna Magalhães, que recentemente lançou o disco Bruna Magalhães Canta Paralamas do Sucesso, produzido por Sérgio Fouad. Com sua levada folk-pop e voz doce, a paraense dá uma nova releitura para hits como “Meu Erro” (a primeira escolha para o álbum), “Lanterna dos Afogados” (com participação de Zeca Baleiro) e “Cuide bem do seu amor” (com feat de Vitor Kley).

Trata-se de um passo inusitado e original na carreira da artista, que conta com outros dois álbuns na bagagem, numa levada pop e MPB: Reticências (2019) e Unilateral (2022). “Hoje, no meu repertório, Paralamas representa uma espécie de raiz afetiva com a forma de me expressar. São músicas que me lembram quem eu sou e por que eu faço música”, conta ela, em entrevista à Noize.

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Batemos um papo com a cantora, que comenta as escolhas para o disco e também sua relação com a música de sua terra natal. Confira abaixo — e aproveite para ler e ouvir o novo álbum faixa a faixa.

Como surge a admiração pelos Paralamas e o que a banda representa, hoje, no seu repertório?

Minha admiração pelos Paralamas vem desde muito cedo. Cresci ouvindo a banda em casa com a minha família, e aquilo sempre teve um efeito muito forte em mim, de traduzir sentimentos e marcar momentos também. Com o tempo, entendi que eles foram fundamentais pra formação da minha identidade musical: essa mistura de poesia com energia, de brasilidade com um som universal.


Hoje, no meu repertório, Paralamas representa uma espécie de raiz afetiva com a forma de me expressar. São músicas que me lembram quem eu sou e por que eu faço música. Sempre que revisito a obra deles, encontro um jeito novo de me inspirar.

Por que trazer Zeca Baleiro e Vitor Kley para este projeto?

As escolhas das participações do disco nasceram de uma mistura de intuição e respeito artístico. Eu queria pessoas cuja presença não fosse apenas “um feat”, mas uma extensão natural do universo que eu estava criando.


O Zeca Baleiro e o Vitor Kley sempre foram uma referência pra mim — pela escrita, pela sensibilidade, pela maneira única de construir melodias. Quando surgiu a ideia de convidá-los, tudo fez sentido na mesma hora. Eram pessoas que conversavam com minha linguagem, com minhas influências e com o clima do disco.


E foi exatamente isso: convidei artistas que realmente dialogam com o que eu acredito musicalmente, e que acrescentam profundidade ao projeto.

Belém está em evidência pela COP 30 ao nível mundial. Qual a importância de as pessoas conhecerem mais a música paraense?

A música paraense é uma força viva, pulsante, cheia de riqueza rítmica, cultural e emocional. Com a COP 30 trazendo os olhos do mundo pra Belém, eu acredito que estamos diante de uma chance histórica: mostrar ao mundo não só a importância da Amazônia, mas também a força da nossa expressão artística.


Conhecer a música paraense é entender o que existe de mais diverso no Brasil — dos carimbós às guitarradas, do tecnobrega às influências afroindígenas que moldam nossa identidade. É uma cultura que transforma tudo que toca, e que merece ser vista e ouvida com mais atenção.

Como você se conecta com o repertório e o ritmo de sua terra natal?

Minha conexão com Belém é profunda. Quando canto ou componho, sempre tem um jeito, uma pulsação, um fraseado que vem da minha terra. Os ritmos paraenses, mesmo quando não estão explícitos, aparecem na minha musicalidade, nos arranjos, no modo como eu sinto e interpreto.


É como um sotaque que nunca vai embora: está sempre comigo, mesmo quando eu estou longe. E isso me orgulha muito, porque minha música carrega não apenas quem eu sou, mas também o lugar que me formou.

Faixa a faixa:

“Meu erro”: Abre o álbum com um arranjo animado e leve ao mesmo tempo. Ja senti muito essa letra, sinto que ela representa muito términos de relacionamentos e é muito fácil de se identificar. É uma das que eu conheço há mais tempo também, quando estávamos pensando em repertório foi a primeira que me veio na cabeça.

“Aonde quer que eu vá”: Essa faixa ficou super sensível com uma levada legal de percussão e também fala de espera, amor, saudade. Era uma das que eu costumava tocar no violão quando estava aprendendo as primeiras músicas. Foi muito divertido gravar os backings dela, eu amo fazer abertura de voz e essas ficaram lindas com o arranjo.

“Quase um segundo”: Essa é uma das faixas que eu não conhecia e fiquei encantada com a letra e a melodia, foi indicação do meu produtor Sérgio Fouad. Imagino muito essa música como trilha de novela ou algo assim, é a música do álbum que consegui explorar mais áreas vocais e usei um pouco de Cazuza como inspiração pra forma de cantar.

“La bella luna”: Essa faixa ficou com um ar praiano, amo a metáfora de se estar apaixonado pela lua, de sonhar com ela, é uma música leve e tranquila pra se ouvir em uma noite bonita de luar. Foi uma das que gravamos mais rápido, encaixou muito bem.

“Caleidoscópio”: Fala de um amor caótico, instável e sem hora certa, gosto muito de como ficou o novo arranjo, era uma música que eu já conhecia, mas não entendia muito a letra, depois fui pesquisar melhor e tudo fez sentido, ver os sentimentos que mudam o tempo todo como as cores de um caleidoscópio.

“Lanterna dos afogados”: Essa teve a participação especial do Zeca Baleiro, nossas vozes se encaixaram perfeitamente, é uma música que já teve algumas regravaçõe,s mas sinto que conseguimos imprimir emoções únicas nesse registro, ficou muito profundo e gostoso de ouvir.

“Romance ideal”: Posso dizer que essa é uma das minhas faixas preferidas, fizemos uma introdução e um instrumental muito bonito com violões, gosto muito do jeito que um amor complicado como o dessa música pode ser descrito de uma forma tão bonita, adoro cantar sobre o amor e suas entrelinhas é cantar uma história.

“Nada por mim”: Conheci essa música quando eu era criança na voz da Paula Toller, ela é uma das minhas inspirações como cantora e foi muito especial ouvir essa música com a minha voz, um tema marcante de novelas e super romântico.

“Cuide bem do seu amor”: Essa faixa teve a participação super especial do Vitor Kley, um dos cantores da nova geração que eu mais admiro. Virou o single do álbum e nossas vozes se encaixam lindamente, o Vitor ainda criou um solo de violão, ficou super animado com a parceria e abrilhantou o som.

“Mensagem de amor”: Quando estávamos escolhendo o repertório o Sérgio Fouad sugeriu essa música e eu amei logo de cara, conhecia essa música na voz do Lucas Santtana e já escutava muito há um tempo. Ficou um sambinha muito gostoso de ouvir, tem um arranjo muito natural e acústico, a percussão super marcante.

“Porque Não Eu”: Essa música transmite tão bem aquele sentimento de não conseguir dizer o que sente pela pessoa que estamos gostando, por medo, timidez ou nervoso. Já me aconteceu muito isso na vida e sinto que isso gera muita identificação em quem escuta. Amei muito cantar essa música, os violões desse arranjo ficaram bem marcantes, é um dos detalhes preferidos pra mim.

“Só pra te mostrar”: Essa música não sai da minha cabeça desde que gravei no estúdio, tem um riff nela de violão que ficou muito lindo, ela tem uma pegada animada, super radiofônica. Imagino muito ela também como trilha de novela. Essa também posso dizer que é uma das minhas preferidas do álbum.

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01/12/2025

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