Coala Festival reúne multidão em line 100% nacional; veja 5 destaques

11/09/2025

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Por: Vitória Prates

Fotos: João Rocha, Divulgação/b+ca

11/09/2025

Com mais de uma década de atividade, o Coala Festival se consagrou como um dos maiores festivais de música de São Paulo. Entre os dias 6, 7 e 8 de setembro, o Memorial da América Latina foi tomado pelo público que segue o mesmo lema do festival: “Música brasileira é foda”.

O line-up deste ano, com curadoria de Gabriel Andrade e Marcus Preto, agradou um público diverso, com apresentações em dois palcos, o principal e o TIM – este último celebra a música instrumental brasileira, com apresentações acompanhadas de orquestra.

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Na sexta-feira, Tássia Reis com Kiko Dinucci, Marina Sena, Tim Bernardes, Cidade Negra e Liniker. Já o sábado começou com Zé Ibarra, Terno Rei e Silva. A noite ainda trouxe Black Alien, Nando Reis e Chico Chico e Arthur Verocai que também estava na programação do ano passado, mas se acidentou pouco antes do festival e não conseguiu se apresentar.

A maratona finalizou em um domingo movimentado de frio, mas sem chuva, com Dora Morelenbaum, o trio formado por Josyara, Cátia de França e Juliana Linhares, Anelis Assumpção com Lazzo Matumbi, BK’ e Caetano Veloso. Ainda finalizando as apresentações do palco TIM, Mateus Aleluia, Thalma de Freitas e Amaro Freitas.

Mesmo com o evento no mesmo fim de semana do The Town, o Coala não se preocupou com a concorrência. No sábado, enquanto os adolescentes vibravam ao som do trap no Autódromo de Interlagos, o Memorial da América Latina pulsava com brasilidade.

Tirando os headliners — Liniker, Caetano Veloso e a dupla Nando Reis e Chico Chico — que entregaram shows dignos da atração principal do festival, a Noize selecionou outros cinco shows do Coala que merecem destaque. Veja abaixo.

Marina Sena

Quando soaram os primeiros acordes de “Coisas Naturais”, o público iniciou o coro caloroso de “Marina, Marina, Marina”. Quem já viu Marina Sena ao vivo sabe que é algo místico. A mineira encarna o papel de feiticeira, hipnotizando o público com sua performance.

O repertório agradou tanto os novos fãs, que a conheceram por Coisas Naturais (2025), quanto os mais antigos, trazendo os sucessos dos álbuns De Primeira (2021) e Vício Inerente (2023), como “Me Toca”, “Pelejei”, “Tudo Pra Amar Você” e “Voltei Pra Mim”.

Garoou durante quase todo o show, mas o público continuou dançando, como canta a música “Mágico”: “Eu tô feliz. Não tô pensando mais besteira. Não tô ligando se não fala comigo. Nem se chover na sexta-feira”. Ela ainda aproveitou para comentar o tempo: “Esfriou, né, gente? Achei nada a ver”, brincou.

O público pedia mais músicas, e Marina também se explicou: “Tivemos que cortar muitas músicas. Foi horrível [risos]. O show é só de 50 minutos”. Coisas Naturais (2025) foi o título #97 do NOIZE Record Club e avistamos alguns vinis pela plateia. Não é exagero dizer: Marina Sena é uma das maiores divas pop nacionais. Com uma performance arrasadora e looks incríveis, ela tem jeito de headliner.

Zé Ibarra

Abrindo o segundo dia do Coala Festival, Zé Ibarra subiu ao palco. É um desafio ser a primeira atração, já que o público ainda está chegando e se acomodando. Também é uma responsabilidade, já que também ajuda a ditar a vibe do line-up.

Nos bastidores, conversamos com Zé sobre isso: “Eu sinto essa responsa [de ser o ato de abertura]. O que importa não é a quantidade, mas como as pessoas estão se conectando com a música. Vira uma multidão e foi isso que aconteceu hoje”.

Afim (2025), seu lançamento mais recente, fica ainda melhor quando escutado ao vivo. No Coala, Zé conquistou um público fiel, que cantou, dançou e aplaudiu cada música. Na pegada intimista, o carioca se apresentou bem próximo à beirada do palco.

É um show gostoso, de fechar o olho e balançar ao som da música. No repertório, entraram as canções autorais, como “Infinito em Nós”, “Transe”, “Morena”, “Dó a Dó” e “Essa Confusão” — estas duas últimas compostas em parceria com Dora Morelenbaum, companheira do Bala Desejo. Vale também destaque para a banda de Zé, um espetáculo, também era o primeiro show do tecladista Felipe Viegas.

Também apresentou ótimas releituras, como “Segredo”, da banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo; “Da Menor Verdade”, de Maria Beraldo e “Lobo Bobo”, de João Gilberto. Ele ainda apresentou uma música nova, releitura de Henri Salvador, que promete lançar em breve.

Terno Rei

Queridinhos do indie nacional, o Terno Rei construiu um público fiel ao longo dos dez anos de carreira. Os paulistanos batem cartão no line-up de festivais Brasil afora, com romantismo e um toque de melancolia, que, pessoalmente, adoramos.

Com frio e garoa, o clima de sábado combinava com a vibe introspectiva das músicas, como apontou Ale Sater, vocalista do grupo: “O tempo hoje tá nubladinho, bem Terno Rei [risos]”. É um show com pouca interação com a plateia, mas com muita música boa.

Ainda, sim, o Terno Rei não consegue escapar da fama de boyband, e dava para ouvir o público puxando o coro de: “Lindo”, “Eu te amo” e mandando coração para os integrantes. Assumindo o saxofone no show, Gustavo Schirmer. O músico é conhecido por produzir os últimos álbuns da banda e também o álbum de estreia da Jovem Dionísio, Acorda Pedrinho (2022).

O show no Coala Festival dissecou Nenhuma Estrela (2025), lançamento mais recente do grupo. O álbum, que traz feats com Lô Borges e Paira, é o trabalho mais maduro da banda. Mas são as faixas de Violeta (2019) que o público mais gosta de ouvir ao vivo. Os “momentos karaokês” do show ficaram por conta de “Solidão de volta”, “Yoko”, “Dia Lindo” e pelo cover — maravilhoso — de “Lilás”, do Djavan.

Dora Morelenbaum

Dora Morelenbaum sabe que um cantor não está completo sem sua banda. Mais do que apresentar o grupo que tocou com ela no Coala — Alberto Continentino, Luiz Otávio, Thomas Harres e Guilherme Lírio —ela os reverenciou. O show foi um momento de total entrosamento e descontração entre os músicos, que era lindo de se ver.

No repertório, a carioca trouxe Pique (2024), seu primeiro álbum solo, após o fim da Bala Desejo, com quem se apresentou no Coala em 2022. Nos bastidores, conversamos com Dora sobre o que vem por ali. Ela disse que o objetivo é levar o show do Pique (2024) para grandes palcos pelo Brasil.

Os pontos altos do show foram “Essa Confusão” — que também fez parte da setlist de Zé Ibarra —, “Não Vou Te Esquecer” – com o coro bonito de “Não vou” da plateia -, e a dançante “Venha Comigo”. Fora do Memorial da América Latina, o assunto do jornal era outro.

Com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro a todo vapor, Dora também mandou o recado: “Sem anistia”. Dora tem uma voz sofisticada, carisma e presença de palco que é 100% dela. No show do último domingo (7/9), ela provou, mais uma vez, por que é um dos nomes em projeção na nova MPB.

Cátia de França, Josyara e Juliana Linhares

Para encerrar, um trio super especial com Cátia de França, Josyara e Juliana Linhares. Logo que elas pisaram no palco, ouvi alguém dizer do meu: “Estou toda arrepiada!”, e esse sentimento era, facilmente, compartilhado por toda plateia.

O coletivo — apelidado por Cátia como “As Três Moças” — entregou uma performance única e especial. Um verdadeiro show, como poucos sabem fazer. O tempo de 50 minutos não faz jus a potência do grupo, nós assistíramos elas por horas a fio. Juliana e Josyara não pouparam elogios a Cátia. “Nossa mestra da música brasileira”, afirmou Juliana. “Viva Cátia França”, disseram, juntas.

Nisso, Cátia respondeu: “Pensa no medo, estou me tremendo”, brincou, mas, ao ver o público cantando, o medo foi passando. Elas dividiram o microfone em um repertório que trouxe canções das três, como “Rota de Colisão”, “Não Tem Lua” e “Nanã”. Mas, principalmente os sucessos de Cátia, como “Quem Vai Quem Vem”, “Coito das Araras”, “Vinte palavras girando ao redor do sol” – nessa última todo mundo pulou, seguindo o ritmo de Juliana, que entregava energia de sobra.

Em entrevista a Noize, Josyara comentou que foi muito inspirada por 20 Palavras Ao Redor Do Sol (1979), álbum de Cátia: “Chegar em São Paulo, há 11 anos, levou meu encontro com essa obra, me fez cair no trilho bom, do caminho certo”.

No Coala, o figurino de Josyara e Juliana homenageava Cátia, com fotos da artista estampadas. A paraibana, a baiana e a potiguar fizeram história no palco do festival, em uma performance que celebra e reverência a música nordestina, da tradição aos dias de hoje.

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11/09/2025

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Vitória Prates