I Wanna Be Tour prova que emo não é só uma fase; veja 5 shows favoritos

01/09/2025

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Por: Revista NOIZE

Fotos: João Rocha

01/09/2025

Por Damy Coelho e Vitória Prates

Ser emo não é uma fase, mas um estilo de vida. Pelo menos, esse é o lema da I Wanna Be Tour. Após uma primeira edição de sucesso, as expectativas para o line-up deste ano, que já eram altas, brilharam para o público.

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Nos palcos “It’s not a phase” e “It’s a lifestyle”, se apresentaram Fall Out Boy, Good Charlotte, Yellowcard, Story Of The Year, The Maine, The Veronicas, Neck Deep e os brasileiros Fresno, Forfun, Dead Fish, Gloria e Fake Number. 

No ano passado, I Wanna Be passou por São Paulo, Curitiba, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Neste ano, o itinerário foi reduzido, começando pela capital paranaense (23/8) e finalizando com os paulistanos, no último sábado (30/8). 

O emo teve seu auge no Brasil durante os anos 2000. Agora, o gênero ressurge com força total. Fruto da união entre o pop e o hardcore, o emo nasceu como estilo musical, mas logo ultrapassou os limites da MTV, transformando-se em um movimento cultural.

Essa juventude emotiva cresceu e também passou a palavra das bandas para as gerações mais novas. Em São Paulo, o público lotou o Allianz Parque desde a manhã – quem queria a grade para ver os headliners, precisou chegar cedo. 

Trata-se de um público engajado: quando a propaganda do show do My Chemical Romance apareceu no telão, o público comemorou como se eles estivessem subindo no palco. O grupo britânico se apresenta em São Paulo no dia 5 de fevereiro, saiba detalhes aqui.  

Muita gente adotou o merch oficial (e não-oficial) como figurino, mas teve também quem personalizou as camisetas. Entre as nossas favoritas, estão: “The Veronicas Still Exist?” e publicação do Lucas Silveira, da Fresno, no X, com “E o nosso Grêmio, ein?” estampada. 

A Noize acompanhou a turnê em São Paulo, no Allianz Parque, e foi difícil elencar os favoritos. Teve o punk com violino de Yellowcard, show com jeitinho de headliner do Forfun e The Maine, que levou dois fãs para o palco. Com perdão do trocadilho, foi um encontro “emo”cionante. Confira cinco destaques.

Dead Fish

Se tem Dead Fish, o mosh é garantido. Com os hits como “A urgência”, “Asfalto”, “Queda Livre” e “Zero e um”, o público se esbaldou. A banda, em ativa desde os anos 90, conversa com todas as gerações, tendo o discurso político como porta-voz.

“Se a gente fosse o CPM 22,essa tocava na rádio. Mas somos a Dead Fish, então não toca”, brincou o vocalista Rodrigo Lima, ao anunciar “Dentes Amarelos”, do repertório mais recente, o álbum Labirinto da Memória (2024). Até o Homem-Aranha da plateia comemorou.

Antes de “Autonomia”, que rendeu a maior roda punk do show, Rodrigo mandou um recado: “Essa música é dedicada a todos nós, que sobrevivemos a uma pandemia assassina e a um governo neonazista”.

A banda capixaba não escondeu a felicidade por estar no palco da I Wanna Be, o que rendeu muitas acrobacias de Rodrigo. O Dead Fish não queria finalizar o show, tampouco o público queria que eles saíssem do palco. Foi animado do começo ao fim, com todo bate-cabeça que a banda merece. 

The Veronicas

The Veronicas entregou um show à altura da longa espera dos fãs brasileiros, que aguardaram por duas décadas para vê-las ao vivo. Antes mesmo de Lisa e Jessica Origliasso subirem ao palco, o público já vibrava com entusiasmo, com gritos, aplausos e até declarações de amor escritas nas telas dos celulares apontadas para o palco.

Quando entrevistamos as irmãs, elas prometeram um show cheio de hits – e foi o que entregaram. No I Wanna Be, tocaram “4ever”, “Take Me on the Floor”, “Everything Fall Apart”, “Lolita” – a pedidos dos fãs -, e finalizaram com a mais aguardada do dia, “Untouched”. 

The Veronicas faz show divertido, que combina com a nova fase da carreira em uma pegada mais dançante. A apresentação também tem seus momentos emotivos, com “You Ruin Me”, e o cover de “Love Is a Battlefield”, de Pat Benatar.

Tiveram problemas técnicos, com o som e o microfone da Lisa se soltando, mas nada que atrapalhasse a experiência. Sendo a única atração internacional feminina do evento, elas também comentaram sobre isso: “Vocês gostam de mulheres que fazem rock? Estou orgulhosa de ser uma das duas mulheres aqui”, disse Jessica. 

Na saideira, Lisa e Jessie ainda trouxeram uma bandeira do Brasil escrita “The Veronicas”. “Nesses 20 anos de carreira, vocês são meu show favorito”, disse Jessica, enquanto deixava o palco. 

Fresno

As luzes se acenderam, e era possível ouvir o coro, ainda que tímido, da plateia: “A Fresno é a melhor banda do Brasil”. A banda subiu no palco e viveu sonho adolescente com o público: “Obrigada por fazerem a gente a banda mais feliz do Brasil, mesmo cantando essas tristezas”, brincou Lucas.

O repertório trouxe “Diga, parte 2”, “Se eu for, eu vou com você“, “Eu nunca fui embora” – que rendeu o clássico momento dos shows com as lanternas acessas – e a finalização com “Desde quando você se foi”, com todo mundo se abraçando. No final, até Sky, filha de Lucas, apareceu para se despedir. 

Se lá fora os grandes nomes da cena emo foram My Chemical Romance e Fall Out Boy, aqui no Brasil, os grandes expoentes foram Fresno e Nx Zero. O álbum mais recente, Eu Nunca Fui Embora (2025), título do NRC+, é comemorativo dos 25 anos de carreira. 

Fresno se comunica com seu público de uma forma impressionante. Quem assiste ao show não tem dúvida: eles são um ícone da música nacional, dos anos 2000 para frente. Lucas disse melhor: “Há 25 anos, vivo realizando o sonho com meus amigos e com vocês”. 

Good Charlotte 

O Good Charlotte recepcionou o público com chuva de papel, pirotecnia e até uma caveira estilizada com a bandeira do Brasil no telão — isso já nos primeiros minutos de show. Ao subir no palco do Allianz Parque, provaram estar prontos para o jogo: de cara, mandaram dois hits, “The Anthem” e “Girls & Boys”, do álbum The Young and the Hopeless (2002). 

O clima foi de sintonia entre banda e público até nas músicas novas, do álbum Motel Du Cap (2025)  — que a plateia acompanhou atenta, ainda que sem o mesmo entusiasmo dos antigos hits. O show atendeu às expectativas dos fãs que esperaram 20 anos para revê-los— especialmente nos hits “Boys and Girls”, “I Just Wanna Live” e “Lifestyles of the Rich & Famous”. 

Outro ponto alto foi o momento acústico que estava fora do set, só com os irmãos gêmeos Joel (Vocal) e Benji Madden (guitarra) no palco. Eles mandaram “We Believe” e “Chronicles Of Life and Death”, do álbum de mesmo título que foi sucesso por aqui em 2004. “Ninguém acreditava nesse disco”, disse Joel, “mas o Brasil acreditou!”. 

Rolou até The Motivation Proclamation (2000), para maltratar o coração dos fãs mais, digamos, antigos. Para anunciá-la, Joel lembrou que ela foi composta em 1997 — nessa hora, juro que ouvi um “eu não era nem nascido!” atrás de mim. 

Entre fãs que acompanharam a banda no auge e uma nova geração de entusiastas, o Good Charlotte mostra que segue na estrada com fôlego. Entre demonstrações de carinho com o plateia e uma banda sintonizada, a noite foi selada com a promessa de voltarem em 2026. “Foi o melhor show do Good Charlotte!”, confessou Joel, deixando o público nas mãos. 

Fall Out Boy 

Não deu nem pra respirar: poucos minutos após a catarse do Good Charlotte, o Fall Out Boy já soltava os primeiros acordes no palco ao lado, começando por “Love From the Other Side”, seguido do hit “Sugar, We’re Goin Down”, do álbum From Under the Cork Tree (2005). A apresentação foi dividida em eras que revisitavam a discografia de oito álbuns até o mais recente, So Much (For) Stardust (2023). 

Os momentos dançantes — como em “Thnks Fr Th Mmrs” e a literal “Dance, Dance” – foram ponto alto, assim como o vocal inconfundível de Patrick Stump, que não perde fôlego ao vivo. Para se conectar com a plateia, o baixista Pete Wentz pediu para os fãs acenderem isqueiros e lanternas em “Immortals” (2014), sendo prontamente atendido. 

Bonito, mas repetitivo: mais cedo, a Fresno e o Good Charlotte usaram da mesma estratégia, em momentos consideravelmente mais comoventes. Ainda assim, o mesmo Pete foi pra galera na última faixa, “Saturday” — do Take This to Your Grave (2003) — lavando a alma dos fãs e encerrando a noite com fogos de artifício. 

Na saída do estádio, entre as tradicionais camisetas não-oficiais vendidas pelos ambulantes, chamavam a atenção aquelas estampadas com a própria logo da I Wanna Be Tour. Isso mostra que o festival conquistou o que muitos almejam: gerar identificação afetiva e entrar no imaginário de um público engajado (pela música).

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