Estreia nos cinemas na próxima quinta, (27/02), Um Completo Desconhecido, filme sobre Bob Dylan estrelado por Timothée Chalamet, que soma 8 indicações ao Oscar. A narrativa, dirigida por James Mangold e inspirada no livro Dylan Goes Eletric!, de Elijah Wald, se debruça sobre a era folk de um Bob Dylan no início da carreira. Tem início no momento em que ele se mostra devoto de seus ídolos do gênero, como Pete Seeger e Woody Guthrie, até adentrar em meados dos anos 1960, quando ele, já tomado pela influência do rock’n’roll, migra seu estilo.
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O longa tem êxito especialmente por mostrar a admiração de Dylan pelo folk, o que é metaforizado na relação que o artista mantém com os ídolos Pete e Woody assim que chega em Nova York, aos 19 anos, até se descolar de vez dessas referências. O show de 1965 no Newport Folk Festival, retratado no longa, é o ápice dessa transição, quando Dylan se apresenta em um evento tradicional do gênero pela primeira vez usando uma guitarra elétrica — um choque para o público na época.
A narrativa mostra que é Pete Seeger (vivido por Edward Norton em uma ótima atuação) quem abre portas para o pupilo no Newport Folk Festival no início dos anos 1960, o que dá projeção à carreira do então músico iniciante. Em meio a isso, o turbilhão político pelo qual passava os Estados Unidos naquele momento — com as mortes de Kennedy, Malcom X e os protestos desencadeados por questões sociais — são o plano de fundo do longa, evidenciando como esses contextos influenciariam as composições do artista dali em diante.
Outro mérito do filme é não poupar a personalidade controversa de Dylan, especialmente nos relacionamentos com Joan Baez (Monica Barbaro) — que, àquela altura, já era uma estrela do folk — e Sylvie Russo (Elle Fanning), personagem inspirada na artista Suze Rotolo, que estampa a capa do álbum The Freewheelin’ Bob Dylan (1963).
Monica Barbaro, inclusive, é um dos grandes destaques do longa ao dar vida à Baez, assim como Timothée, que vive um Dylan tão natural que, por alguns momentos, é quase possível esquecer que se trata do ator de Duna (entre tantos outros filmes que ele estrelou nas últimas temporadas). Ambos concorrem ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Ator, respectivamente.
Um Completo Desconhecido vale o ingresso especialmente para uma nova geração que, talvez, não tenha dimensão da importância do artista para a música do século XX e por definir um novo estilo de composição, flertando com a crônica literária, o que lhe rendeu o Prêmio Nobel em 2016 pelo conjunto da obra.
De “Mr. Tambourine Man” a “Like a Rolling Stone”
Na trilha sonora, destaque para as faixas que marcam momentos cruciais do filme: “Mr. Tambourine Man”, “House of The Rising Sun” (na performance com Joan Baez) e, claro, “Like a Rolling Stone”, que inspira o título do filme e marca a transição musical de Bob Dylan.
Timothée, vale lembrar, passou 5 anos se dedicando a aprender as músicas e a cantar no estilo único de Dylan. São dele todas as versões do filme. Ouça abaixo: