O lugar de Bruno Roberti

19/02/2014

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Por: Revista NOIZE

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19/02/2014

O cantor e compositor Bruno Roberti lançou em 2013 o seu primeiro álbum, chamado “Lar”. Disponível para download na A Musicoteca, o disco é um passeio por diferentes gêneros e a consolidação daquilo que podemos chamar de “a nova MPB”.

Roberti abandonou o seu trabalho como publicitário para dar vazão à sua carreira de músico. “Lar”, como o nome sugere, se trata de um trabalho – ou um lugar – em que o cantor reencontra a si mesmo e a alegria de viver.

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Nós conversamos com Bruno sobre a sua estreia e sobre o cenário mutante em que ele se insere e representa. Os melhores momentos da nossa conversa você confere aqui embaixo:

Você abandonou o seu emprego, numa multinacional, para investir na carreira de cantor. Como foi isso?

Desde pequeno eu tinha uma forte relação com a música. Pedi para os meus pais para estudar violão e comecei a fazer aula aos oito anos. Desde então, não parei mais.

Na hora de decidir minha profissão, optei por estudar publicidade. O que mais pesou foi ter cedido à pressão de ter um diploma que me daria mais estabilidade. Ingressei na ESPM, e quando vi, já estava em meu primeiro estágio em uma multinacional. A cada ano que passava, eu me tornava cada vez mais infeliz com o que estava fazendo da vida.

Acho que o maior desafio para sair da zona de (des)conforto foi parar de fazer mil planos futuros e simplesmente me entregar. Pedi demissão, abri meu coração para novos caminhos, e meses depois um amigo me apresentaria o Dudinha Lima, que se interessou e me convidou para gravar o disco.

O seu debut, “Lar”, é uma mistura de bossa nova, pop, e ritmos como forró e o tango. Para você, qual é a “cara” da música brasileira hoje?

Por um lado, temos a produção de música em escala industrial, mais restritiva em termos de diversidade de gênero e conteúdo, focada no consumo rápido e descartável. Entretenimento puro e simples. É natural que exista, mas a questão é conseguir buscar um equilíbrio que ofereça mais espaço para a diversidade da cultura musical brasileira… Aí temos a cena independente. Se tempos atrás nossa música já era multifacetada, hoje nem se fala. Isso devido a vários fatores, como a pulverização propiciada pela internet, as facilidades para gravar e produzir, e o acesso facilitado a um acervo digital de música de todos os tempos e de todos os lugares. Especificamente no “rótulo” da nova MPB, me parece que há algumas influências mais presentes: Lenine, Los Hermanos, a Vanguarda Paulista e a música “romântica”, ou “brega”. Mas tenho ouvido trabalhos lançados com muitas referências de diferentes épocas e novas experimentações.

Uma das curiosidades de “Lar” é que você usou microfones de fita para gravá-lo. Um deles foi o RCA 44, o preferido de Elvis e Frank Sinatra. Por quê?

Essa responsa é do meu produtor, Dudinha Lima. Quando começamos a conversar sobre a produção do disco, ele me propôs o uso deste tipo de microfone, que proporciona um som mais encorpado, sem excessos de agudo. O RCA 44 é um ícone desta categoria, e não à toa era o escolhido de tantos cantores das antigas, pois confere um timbre especial à voz. Mas ele também foi usado na gravação de bateria, metais, violão e outros, e o resultado foi bem interessante. O Dudinha, além de ser um baita instrumentista e arranjador, tem um ouvido impecável como engenheiro de áudio.

A MPB passa por uma reformulação, com gente como Marcelo Jeneci, Ana Cañas e até mesmo o Vanguart. Quais os artistas “novos” que você ouviu e gostou?

Verônica Ferriani. Adorei o novo disco dela, autoral, “Porque a Boca Fala Aquilo do que o Coração tá Cheio”. Acho uma das grandes cantoras da nova safra! O disco conta com uma bela produção, muito bem mixado e arranjado.

Bruna Moraes. Quando vi um primeiro vídeo dela cantando ao vivo, fiquei bastante impressionado. Bela voz, afinada, interpretação rara de se ouvir. Ela é superjovem, acaba de lançar seu primeiro álbum “Olho de Dentro” e acho que ainda vai dar muito o que falar.

Bruno Souto: Pra mim o trabalho mais consistente do ano passado. Álbum muito bem amarrado, tanto no plano das canções quanto na estética e produção. Acho seu estilo autêntico e verdadeiro, um “romântico de raiz”.

Seu Jorge é um dos convidados especiais de “Lar”. De que forma podemos ver o cantor como influência do seu disco, em outras músicas também?

Um dia estávamos no estúdio ouvindo a gravação recém-feita de “Descarada”, um samba rock de minha parceria com o Paulo César de Carvalho. O Dudinha vira e me fala: “tava pensando, esse som tem a cara do Seu Jorge”. Sempre admirei seu trabalho, quando me apresentava no barzinho da faculdade tocava várias músicas dele. Com certeza, de alguma maneira me influenciou como compositor, mesmo porque ele também tem referências de diferentes vertentes do samba. Fiquei muito honrado, ele é uma simpatia e um cantor fantástico… Gravamos na sala de sua casa em poucos takes, afinadíssimo.

Quais três dicas que você daria para as bandas que querem gravar o seu primeiro disco e não possuem muito conhecimento sobre a parte técnica?

Mesmo que o disco venha a ser produzido por um outro profissional, minha primeira dica é fazer a lição de casa, pesquisar referências e ouvir muitos discos, sejam eles da sua “onda” ou de outros universos. Acho muito importante criar esse repertório e ir registrando o que pode ser interessante em termos de arranjo, timbres, instrumentos.

Uma coisa é compor e tocar, outra coisa é produzir… Se ainda não há conhecimento e experiência suficiente para fazer sozinho, acredito que valha a pena buscar um profissional com o perfil de seu trabalho, que possa no mínimo auxiliar no processo de gravação e produção. É notório o salto de qualidade quando o disco está bem produzido, ainda mais hoje em dia em que há uma enorme quantidade de artistas buscando um lugar ao sol.

Investir em conhecimento técnico e praticar. Se não é possível fazer um curso, vale pesquisar bastante na internet, conversar com profissionais, presenciar outras produções e gravações. Investir em um equipamento para começar a gravar em casa pode ser uma experiência bem interessante, mas antes acho que vale a pena ter um mínimo de conhecimento e informação, até para acertar na escolha do que é apropriado para a realidade de cada um.

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19/02/2014

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