Cor dos Olhos lança álbum de estreia; leia faixa a faixa

11/09/2025

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Por: Revista NOIZE

Fotos: Divulgação/For All Studios

11/09/2025

É comum que o primeiro álbum de uma banda seja homônimo. Foo Fighters, Rage Against the Machine, Céu e Secos & Molhados são apenas alguns exemplos que seguiram por esse caminho. Afinal, mesmo com EP’s na discografia, um disco é uma apresentação formal.

A estreia define o som do grupo e ajuda o público a imaginar o que vem por aí. No caso da Cor dos Olhos a escolha do nome não poderia ter sido mais acertada. A banda é nova, mas cheia de potencial. Lançaram o 1° EP — Cor dos Olhos – Pt.1 (2025)em março. 

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Depois, em junho, chegou a segunda parte do trabalho: Cor dos Olhos – Pt.2 (2025). Juntos, os EP’s prepararam o terreno para o álbum homônimo, lançado no fim de julho. A banda pode ser jovem, mas o público conhece o rosto — e a caneta — dos integrantes. 

A Cor dos Olhos nasceu depois que Rafael Martins, Nicholas Magalhães e Caio Evangelista deixaram Selvagens à Procura de Lei no ano passado. “Recebemos muitos comentários de fãs que pediam que a gente continuasse junto depois dos Selvagens. Não sabiam como seria, mas estavam ali, apoiando e dizendo que estariam juntos de nós”, comenta Rafael.

Depois da Lei, o voo está mais livre, mas ainda mantendo a identidade rockeira e com um lema parecido: “De Fortaleza para o mundo”. Desde o mês passado, o grupo excursiona o Brasil, a próxima apresentação é neste sábado (13/9), em Juazeiro do Norte (CE) [confira agenda completa aqui]

Com 11 faixas, Cor dos Olhos (2025) conta com produção de Luigi Sucena e duas composições de Juno Castro. “Quando passamos a criar essa nova leva de músicas, fomos entendendo que um álbum se desenhava e achamos justo botar isso no mundo”, diz Rafael. O vocalista e Caio encaminharam um faixa a faixa para nós. Leia (e ouça) abaixo. 

“Cataventos”: essa foi a 1° faixa do EP [Cor dos Olhos – Pt.1] e agora também do nosso álbum. Ela foi, por um bom tempo, a música mais rock que tínhamos. Queríamos que os fãs tivessem contato com a Cor dos Olhos como uma banda de rock, por isso ela é a abertura. É uma faixa emblemática. Eu [Rafa] compus ela quando estava em São Paulo na casa do nosso produtor, Luigi Sucena.

Costumo dizer que toda música que eu levo para o Caio e para o Nicholas vira um rock, e “Cataventos” passou exatamente por isso. Quando escrevi, imaginava mais lenta e no violão. Curtimos muito como ela ficou depois de arranjar e produzirmos. Se tornou um indie rock urgente com uma letra que fala sobre desapegar de uma relação.

“Banho de Rosas”: outra canção emblemática porque, até então, nunca tínhamos feito parceria com ninguém fora da nossa banda. A composição é assinada pelo Juno Castro, um cara super talentoso e de uma sensibilidade muito grande. O Nicholas conhecia o Juno e nos apresentou suas composições.

“Banho de Rosas” carrega uma simplicidade nas rimas. Nas palavras do próprio Juno: “Banho de rosas é uma canção calorosa de um amor expressando a forma mais bela de gostar e de estar com a pessoa amada e sentir de uma forma boa o que é amar de verdade.”

“A Curva”: retrata a aceitação das mudanças que a vida nos leva. Mais que entender que mudanças de rota acontecem nos caminhos que percorremos, sinto que a forma como reagimos ao não planejado pode moldar todo o estado de espírito e humor que carregamos nesses momentos, o que acaba definindo nossas vidas.

“Livre, leve, aberto mesmo quando nada é certo” é uma escolha de como olhar para o presente. Essa composição surgiu poucos dias antes do início das gravações, de forma bem despretensiosa, no sofá de casa, quase como uma conversa interna sobre pensamentos que estavam passando na cabeça.

“Carne Viva”: essa era uma das que eu [Rafa] vinha guardando para uma boa hora. Escrevi essa música numa época de check-ups de saúde, mais precisamente, durante exames do coração. Bateu aquele velho sentimento de medo com o fim.

A letra é uma carta aberta sobre como eu me sentia em relação a isso e no refrão eu peço uma ajuda com uma dose de dramatismo que eu adoro botar nas minhas letras. Quando o Nicholas lembrou, reativamos, arranjamos e produzimos até chegar nessa espécie de rock brasileiro com os beats nos versos e a bateria no refrão, que a gente curte muito.

“Canção Para Alguém Ferido”: uma canção antiga que eu [Rafa] guardei. Nasceu no piano, como uma balada para uma parente que estava vivendo uma forte depressão. Escrever a música foi a forma que encontrei para demonstrar apoio. A mensagem é clara: segue em frente e vai no seu tempo.

Quando entrou pra Cor dos Olhos, virou um rock, com o Nicholas cantando os refrões e acabou se tornando um xodó do público. Ela também é um exemplo de como uma banda pode transformar uma música com sua identidade. Eu já tinha gravado ela antes, não curti o resultado. Já com nós 3 juntos, ganhou outra vida e força de um jeito muito especial.

“Te Vi”: surgiu durante a gravação do álbum. É uma música de amor, fala sobre encontrar alguém que você já viu em outras vidas ou presenciou nos sonhos. Acho que ela tem ecos de música mineira com nordestina. Uma canção com violões com chorus e distorções, noises de efeitos de reverb e um baixo muito bem colocado.

Ele dá o movimento necessário para a música não cair na “MPB padrão”. Gravamos os instrumentos dela toda em linha, plugada na mesa e passando os efeitos de forma bem analógica, sem processamentos de plugins no computador.

“Nuvens Brancas”: fala sobre a pandemia, sobre como aquele momento tirou o nosso chão e não sabíamos o que fazer quando alguém próximo estava com Covid. Fala de família, de futuro e de coragem. As nuvens brancas que “continuam a passar por mim” são a imagem que eu [Rafa] tinha trancado num quarto, olhando pro céu enquanto o tempo e a agonia passavam dia após dia.

O final dela surgiu com a gente tocando numa jam, assim como várias músicas do nosso álbum tem um final instrumental. “Nuvens Brancas” tem um desses momentos especiais que a banda toca de forma espontânea e divertida. É um dos momentos mais marcantes do show.

“Rouxinol”: mais uma parceria nossa com o Juno Castro, nas palavras dele, “uma música para acordar escutando e viver a vida imensamente pelos detalhes, apreciando o novo, sorrisos, sonhos e aproveitando o bom que há nela”. Uma balada que ganha personalidade e corpo quando entramos na nossa pegada.

“Símbolo Infinito”: uma canção dedicada a uma pessoa especial em minha vida [Caio], que estava passando por uma mudança radical em sua estrutura familiar. Sempre acostumada a viver com a família presente, se viu “sozinha” em Fortaleza. Como uma forma de carinho, busquei demonstrar o quanto desejo estar com ela para tudo o que vier.

Nas alegrias e nos momentos difíceis, “eu estarei lá também de segunda a domingo”. Uma música sobre o companheirismo que o amor nos leva a ter. Um aconchego no meio ao turbilhão que pode ser a vida. Foi uma das primeiras músicas que ensaiamos juntos e senti que ela funcionou no formato de trio.

“5 Minutos”: uma música que fala de alívio. Eu [Rafa] li em algum lugar que você precisa de cinco minutos para se recompor diante de alguma situação de estresse. A letra fala de buscar um refúgio, pinta um cenário em Fortaleza, na beira-mar. Um amigo me contou que a letra dela é parecida com um quadro do Athos Bulcão, no sentido dos elementos estarem ali, se misturando e mudando de forma. Nas palavras dele “essa letra é monolítica e multifacetada ao mesmo tempo”. Curti a definição.

“Fé em Quê?”: eu [Rafa] escrevi essa para as pessoas que se acham detentoras da verdade, que acreditam no absolutismo das coisas, mas que, na verdade não se sustentam nas atitudes. Não consigo levar a vida ignorando a fragilidade do ser humano.

Não acho que exista alguém tão potente que possa ser um guia de conduta exemplar, desse moralismo estou fora. Coloquei a palavra “fé” de forma não religiosa e sim no sentido de crer em algo. A música é, de certa forma, uma reflexão sobre a manipulação de crenças em detrimento de um objetivo pessoal.

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11/09/2025

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