Depois de cinco anos em hiato, o 5 a Seco volta à cena em grande estilo: o quinto álbum, Sentido (2024), título #98 da Noize Record Club. Durante o processo de composição e produção do álbum, alguns discos não pararam de rodar nos toca-discos dos integrantes Pedro Altério, Pedro Viáfora, Tó Brandileone, Vinicius Calderoni e Leo Bianchini. Veja quais foram eles e como esses álbuns os inspiraram.
Bruno Berle – No Reino dos Afetos (2022)
Em Sentido (2024), a referência de Pedro Altério foi No Reino dos Afetos (2022), de Bruno Berle. Sobre isso, ele diz: “Durante o processo de composição do disco eu tava ouvindo muito o Bruno Berle. Por exemplo, “Deixa Eu Gostar de Você” é uma música que acho que tem muito dele”.
Ele continua: “O nome dele apareceu em alguns momentos dentro do estúdio. Eu indicaria o primeiro No Reino dos Afetos (2022) como uma matriz composicional, e o segundo também, que era um disco que eu estava ouvindo muito na época. Eu fui muitas vezes para o estúdio ouvindo o disco. “New Hit” talvez seja a música dele em que eu mais sinta algo parecido com o que ele sente. Acho que é a que mais tem a ver ali” finaliza.
O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui (2013) de Emicida
Já Pedro Viáfora cita O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui (2013), do Emicida. “Esse disco vem de uma época em que a gente também estava se construindo como grupo. Me pegou muito principalmente pelas letras. “Crisântemo”, que ele faz para o pai dele, é uma música bem forte”.
Tinta y Tiempo (2022) de Jorge Drexler
O álbum Tinta y Tiempo (2022), do Jorge Drexler, foi um norte para Tó Brandileone durante Sentido (2024). “Ouvi esse disco pela primeira vez com o próprio Jorge antes de lançar, no Cabo Polônio. Ele botou a mix lá numa pousadinha. Lembro de ouvir e falar: isso aqui é gigantesco, isso aqui é muito grandioso”, fala ele.
“É um disco que, do ponto de vista instrumental e de produção, é um super salto na carreira dele. Orquestração pesada, um negócio diferente do que ele já havia feito. Tem “Coração Ímpar”, que me inspirou a fazer “Amor e Só”. São canções que, na minha cabeça, são irmãs”.
“Mas acho que os dois discos, o nosso e o dele, começam de um jeito imensamente grandioso. “Comédia de Enganos”, para mim, é uma canção monumental. Posso falar com tranquilidade e distanciamento, porque ela não é minha. E Tinta Y Tiempo começa com “El Plan Maestro”, em que ele abre de um jeito inacreditável, com “corria a era do mesoproterozoico” — e ele termina a música falando “e assim nasceu o amor”. Para falar do amor, que é o plano mestre, ele remonta ao mesoproterozoico”.
“Essa música, em si, já é um disco para mim. E, para além disso, esse disco do Jorge conversa com o nosso porque tem coisas densas e, de alguma maneira, grandiosas, mas ele transita dessa densidade para o pop, a leveza, o groove, a sacanagem. E eu acho que o Jorge é um dos meus cinco compositores pop preferidos vivos no mundo”, finaliza.
Bedroom Crimes (2017) de Oren Lavie
Para Vinicius Calderoni, o cantor Oren Lavie é um segredo bem guardado no mundo da música. “Ele tem aquele clipe emblemático, “Her Morning Elegance”, em stop motion. O clipe estourou, mas ele não virou um popstar internacional. Mas, para mim, é um dos maiores cancionistas do século”.
“Ele também é um cara da dramaturgia. Até me sinto, assim, próximo. Ele escreveu um livro infantil que é lindo demais. É um cara muito inspirado, os discos são inacreditáveis. Inclusive, duas melodias são explicitamente citadas como melodias incidentais em duas músicas do disco”.
“Acho que “Plano A” tem uma citação; e “Inventar Sentidos”, também. Acho que, unanimemente, nós somos obcecados pelos dois discos dele. Acho que pelo Bedroom Crimes (2017) ainda mais. Amo todas as músicas desse disco, mas “Breathing Fine” eu acho maravilhosa. Foi um cara que a gente ouviu, assim, enlouquecidamente. E a gente nunca viu outras pessoas falando dele”, diz.
The Opposite Side of the Sea (2009) de Oren Lavie
Leo Bianchini vai na mesma pegada de Vinicius, e indica outra produção de Oren Lavie, o The Opposite Side of the Sea (2009). ” Até tem certa ambiência folk em algumas canções [no Sentido], mas não sei se é tanto. Tem um pouco de General Elektriks também. Quando o Tó fez o arranjo de “A Vida que Pode Ser” a gente notou. As referências vão voltando. Talvez até um pouco de Darwin Deez, outro que a gente sempre retorna, que tem uma lógica de produção contemporânea. Mas acho que é o Oren Lavie mesmo. Os dois discos dele são perfeitos”, explica.
Menções honrosas da banda
Além dos álbuns citados acima, os integrantes da banda Pedro Altério, Pedro Viáfora, Tó Brandileone, Vinicius Calderoni e Leo Bianchini citam outros álbuns que os marcaram. Confira abaixo:
All Born Screaming (2024) – St. Vincent
Stória, Stória… (2009) – Mayra Andrade
Five Leaves Left (1969) – Nick Drake
*Esta matéria foi publicada originalmente na revista Noize #98 que acompanha o disco Sentido (2024), lançado pelo Noize Record Club.