As histórias dos bastidores da criação do NOIZE Record Club 

13/08/2025

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Por: Erick Bonder

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13/08/2025

Nascida em 2007 como uma revista especializada em música, a NOIZE deu passos largos até se metamorfosear como NOIZE Record Club em 2014. Na estreia do novo formato, o editorial da publicação dizia que “é preciso coragem para ir contra a rotina, o lugar-comum e a inércia de fazer tudo sempre igual. É preciso coragem para inventar moda e negar tendências”. 

Dito e feito. A princípio, a revista era distribuída gratuitamente em bares e casas de show, mas desde o lançamento do clube de vinil, passou a acompanhar os LPs. A ideia ousada valeu a pena, pois em pouco mais de uma década, já se foram 100 edições. 

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Para entender como chegamos aqui é necessário olhar para o mercado da mídia física: os discos de vinil praticamente desapareceram na década 1990, por conta da popularização das fitas cassete e dos CDs. O movimento seguinte, na virada do milênio, trouxe a pirataria e a digitalização do consumo de música. 

De 2007 até 2009, o país não teve fábricas de vinil, até a reabertura da Polysom. Desde então, além da empresa carioca, o Brasil conta com outras duas fábricas, sendo todas localizadas no sudeste, em São Paulo ou no Rio de Janeiro.

Como o movimento cíclico das tendências, a geração que alcançava a maioridade na segunda metade dos anos 2000 buscava se reconectar com o passado. A aposta na criação do primeiro clube de discos de vinil da América Latina era arriscada, mas ela mudou o jogo do mercado. 

A ideia era simples: com tiragem semestral, o assinante receberia um LP acompanhado da revista recheada de matérias sobre a obra. A primeira edição foi Antes Que Tu Conte Outra (2013), terceiro disco da banda porto-alegrense Apanhador Só. 

Na sequência, foi a vez da Banda do Mar (2014), grupo formado por Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e Fred Pinto Ferreira. Já no ano seguinte, Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos (2009), do Otto, e Japan Pop Show (2008), do Curumin. 

O segundo ano em funcionamento inaugurou o estilo que viria a se tornar conhecido pelos assinantes ao equilibrar consagrados e apostas – Dancê (2015), da Tulipa Ruiz, e Os Afro Sambas (1966), de Vinicius de Moraes e Baden Powell. A adesão da empreitada possibilitou que as tiragens se tornassem trimestrais, em 2017, e passassem a mensais, em 2018. 

“Sempre fui apaixonado por mídia física. Voltei a consumir vinil em 2010. As bandas comentavam sobre o assunto, a produção no exterior estava voltando. Me perguntavam como eu conseguia os discos da minha coleção”, lembra Rafa Rocha, diretor criativo do NRC e co-fundador do clube. 

Ao lado do irmão, Pablo Rocha, ele cresceu imerso em música, indo nos shows das bandas dos amigos e colecionando discos. “Tive a ideia do clube e comentei com o Pablo, que ficou muito animado. Passaram alguns dias, ele conversou com outras pessoas e chegou com o projeto formatado. O foco seria em artistas brasileiros”, divide o sócio. 

Foi como unir o útil ao agradável pois o mercado editorial minguava em anunciantes, e a mídia impressa migrava para a internet. Portanto, o clube permite que a revista continue circulando. A jornalista Maria Joana de Avellar era a editora na época e foi a responsável por formatar uma nova cara para o veículo.



“O Rafa veio com a ideia de dividir a revista com o Lado A e Lado B. Um mundo de possibilidades se abriu, pois misturamos editorias novas com aquelas clássicas criadas lá atrás – e muitas permanecem até hoje. Deixando de lado os desafios da logística e focando na parte criativa, transbordar o disco em revista foi uma aventura deliciosa”, orgulha-se Maria Joana. 

Desde então, aos trancos e barrancos, mas colhendo muitas conquistas e alegrias, o NRC segue firme e forte. Chegar ao número 100 não é para qualquer um, ainda mais com fôlego renovado. Até porque, como o editorial da estreia pontua, a paixão é o que nos mantém em movimento: “Sabemos que é a música, não importa a plataforma, que faz com que permaneçamos sempre jovens”.

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13/08/2025

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Erick Bonder