Do flerte à política, Os Garotin comentam disco de estreia

21/11/2025

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Por: Thaís Ferreira

Fotos: Clara Carvalho

21/11/2025

“Vem aqui em casa, na minha festa de aniversário. Mas fica tranquilo, o lugar não é perigoso, não!” Quem fez esse convite foi Cupertino, um terço d’Os Garotin. E, para a surpresa do aniversariante, seu interlocutor, Anchietx, conhecia muito bem o lugar — era perto da casa dele, em São Gonçalo. Leo Guima, também de SG, foi outro convidado da noite de 2019 que se tornou uma das mais importantes para eles. Ali, sentiram que tinha química musical, elemento que está presente no disco de estreia, Os Garotin de São Gonçalo (2024), que está em pré-venda no NRC+.

“Eu apresentei os dois nesse dia”, Cupertino recorda. “Terminou o aniversário, a galera foi embora, ficou só a gente e mais meia dúzia ali, mas já fomos para o nosso canto fazer música.” 

“Fomos percebendo que todas as músicas que um cantava, o outro também gostava de cantar. O mesmo com as piadas, a risada é uma coisa muito forte na gente”, Anchietx acrescenta. “Isso nos fez notar que tínhamos uma ligação muito forte um com outro, de primeira. Aí, começamos a fazer uma melodia e nasceu o ‘pa-pa-pa-rapa-pa’ da nossa primeira música.”

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O nome da canção virou “Pouco a Pouco”, uma das nove que estavam prontas quando o trio chegou ao estúdio para gravar o álbum, produzido por Julio Raposo. Embora o número funcionasse, outras três músicas surgiram durante o processo, o que despertou a dúvida se entrariam para o trabalho ou não. Cupertino conta: “Lembro que a resposta do Anchietx foi: ‘com essas nove, o álbum tá legal, tá foda. Mas com as doze, a gente ganha o Grammy”. E ganharam.

Em 2024, levaram para casa o Grammy Latino de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa – eles também foram indicados a outras duas categorias, Melhor Artista Revelação e Melhor Álbum de Engenharia de Gravação. 

O pop d’Os Garotin não anda sozinho, vem acompanhado dos gêneros que compõem os gostos e referências de cada um deles. “O R&B tá muito forte no Anchietx, já o Leo chega com a soul music brasileira”, diz Cupertino, que leva a MPB para a sonoridade. 

“Rola uma dificuldade pra dizer exatamente o que a gente faz, porque é uma mistura”, continua. “Apesar de ser um desafio pegar nossas referências lá de trás e traduzir em algo que represente o Brasil hoje, isso abre espaço, deixa o mercado mais imprevisível. A imprevisibilidade é boa pra arte.”

Embora soe fresco, há ecos de outras décadas na música do trio. Os mais fortes vêm das décadas de 70 e 80, trazendo o balanço e o gracejo dos históricos bailes black, que não só marcaram a música brasileira, como também a cultura negra do país. “Parece até que a gente veio do passado, do passado pro futuro. Se a gente estivesse na década de 70, ia tirar muita onda”, Leo Guima brinca. 

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21/11/2025

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Thaís Ferreira