Composta por Gabriel Diniz e Rodrigo Oliveira, a dupla de música eletrônica CyberKills já se solidificou como um dos maiores nomes da cena underground brasileira. O duo, que já tocou com Charli xcx, Pabllo Vittar, Irmãs de Pau e já esteve presente nos lines das maiores festas do Brasil, lançou sua primeira mixtape DEDO NO CUE (2025), no fim de junho.
“A mixtape é um ‘setzão’ do que a gente faz, do que a gente toca”, afirma Rodrigo, apontando que o projeto nasceu da vontade de “preencher o nosso Spotify com coisas com as quais a gente se identifica hoje — porque tem muita coisa antiga lá que já não é mais CyberKills”.
Juntando faixas que já populavam seus sets, além de parcerias com nomes de destaque, como Bia Soull, Katy da Voz e as Abusadas e Jup do Bairro, a mixtape vem para apresentar a identidade atual do duo e a presença dentro da cena. “Nessas viagens que a gente fez, conhecemos muitas pessoas de Norte ao Sul, então, todas as colaborações são uma representação das conexões que a gente fez. O movimento da música eletrônica nunca pode ser só por você, sabe?”, diz Gabriel.
De mutuals no Twitter a hitmakers
Gabriel e Rodrigo moram em São Paulo, mas, no começo, a distância era bem maior. Gabriel, pernambucano, e Rodrigo, paulista do interior do estado, conectaram-se online primeiro — o motivo foi a Lady Gaga.
“Já que essa conta do Twitter dele é a terceira, não tenho o direct para te dizer quando foi”, conta Gabriel, afirmando que a diva pop foi o que os levaram a trocar as primeiras DMs. No entanto, aos poucos, os dois começaram a se conhecer mais e a produção musical virou um dos assuntos principais, já que Rodrigo já tinha seu projeto solo.
A primeira faixa que produziram juntos foi um remix de “Buzina”, de Pabllo Vittar, que ambos dizem que “ficou ruim, porque a gente era ruim”. A produção chamou a atenção da drag queen, no entanto, que os convidou a fazer um remix oficial. “Quando a Pabllo nos chamou, vimos que era uma oportunidade incrível e demos nosso melhor. Foi quando vimos que podíamos crescer”, aponta Rodrigo, que usa o nome RKills em suas produções solo.
Aos poucos, o nome CyberKills foi se espalhando cada vez mais — os dois organizaram um festival online de música eletrônica na pandemia, com a presença de Allie X, Magdalena Bay e mais, já se apresentaram na Mamba Negra, Novo Affair, Hopi Pride. Além disso, são produtores de hits como o remix de “Descontrolada”, de Pabllo Vittar com Jup do Bairro, e de “MEGATRON”, com as Irmãs de Pau, acumulando milhões de streams nas plataformas.
“Lá no final de 2018, eu ganhando um salário mínimo, no meu quarto, jamais imaginei que alguém fosse sair de casa para me ouvir, sabe?”, aponta Gabriel, que usa GDZ em suas produções solo: “Eu fico até com vontade de chorar, porque é algo que a gente construiu sem a menor expectativa”. “Do nada, você pisca o olho e está com muito público ali e gente querendo tirar foto comigo. Tipo, meu Deus, gente, sou só um menino que ficava chorando no quarto”, afirma Rodrigo.
“Ter um amigo sempre do seu lado faz a coisa andar”

Dominando a cena underground pelo Brasil inteiro, o CyberKills é conhecido pela sua mescla de inúmeros ritmos da música eletrônica, enraizados no funk, passando pelo breakbeat, acid, house, guaracha, a dupla se descreve como “um projeto de experimentação de música eletrônica”
“Nem consigo dizer experimental, porque ainda parece uma coisa muito específica”, diz Rodrigo. Para ele, ter dupla é um diferencial, tanto criativo quanto de suporte. “Se eu fosse sozinho, acho que poderia ter parado, desistido, dito que cansei”, comenta Oliveira, com Gabriel completando: “Ter um amigo sempre do seu lado faz a coisa andar”.
É esse apoio mútuo que eles esperam que a mixtape nova represente também, como afirma Diniz: “É a gente falando para outros artistas: ‘Vamos botar nossas coisas nas plataformas e tentar chutar essa porta’”. Trazendo essa motivação que dão um para o outro no dia a dia para a cena completa, a mensagem desse projeto também é um empurrãozinho para a cena queer da música eletrônica.
Com o álbum de estreia em produção, a dupla espera trabalhar muito essa mixtape ainda. Rodrigo e Diniz pensam em remixes, faixas bônus e trazer ainda mais artistas para dentro do mundo de DEDO NO CUE (2025), isso tudo com um 2026 de muitas coisas planejadas.
“Eu sinto que não teve as Irmãs de Pau na mixtape e tem que ter! Talvez umas duas ou três outras faixas, também queria que tivesse a Lua de Santana, que é lá da Europa. Quem sabe não viram bônus da mixtape? E aí ano que vem, cabeça para o álbum total”, finaliza Gabriel.