“As canções se mostram quando precisamos delas”, diz Adriana Calcanhotto sobre “Partimpim”

24/10/2025

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Por: Damy Coelho

Fotos: Divulgação/Leo Aversa

24/10/2025

Há 21 anos, Adriana Calcanhotto deu vida a outra persona artística: a Partimpim. O nome veio de um apelido de infância: Adriana conta que não conseguia falar o próprio nome — quando algum adulto perguntava como ela se chamava, ela dizia “Partimpim”. O pai achou bonitinho e passou a chamá-la só assim. Ela, de volta, chamava-o de “Partimpai”. 

A história é tão lúdica quanto o projeto a que ela deu origem. A cantora, respeitada em uma nova geração da MPB, que se popularizou em trilhas de novela, se arriscou a fazer arranjos de músicas conhecidas dedicadas a um público infantil. Para isso, puxou da memória as apresentações que a encantavam quando ela era uma jovem em Porto Alegre, como os figurinos das apresentações infantis de Nelson Coelho de Castro ou Os Saltimbancos, com assinatura de Chico Buarque. O que poderia ser um passo arriscado em uma carreira sólida virou mais um sucesso, consolidado por quatro álbuns — o último, O Quarto, foi lançado em 2024.

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Há 15 anos, e após sucessos como “Fico Assim Sem Você”, versão de Claudinho e Buchecha que ganhou as rádios, Adriana reassumiu o CNPJ de Calcanhotto definitivamente. Partimpim ficou guardada em um cantinho, longe dos palcos, mas nunca deixando de produzir. Neste 2025, porém, a artista porto-alegrense sentiu que era hora de Partimpim voltar a brilhar nos palcos. E há uma beleza nisso, como aponta a própria artista. “É a primeira vez que a Partimpim vai cantar para quem era criança no primeiro show, e vai levar suas próprias crianças”.

É assim, na terceira pessoa, que Adriana Calcanhotto se refere ao projeto que tem tanto carinho do público. Como quando ela explica sobre a escolha do repertório: “O Partimpim é basicamente um projeto de intérprete”, conta a artista à Noize. Ele tem algumas canções autorais, mas é, sobretudo, um projeto de escuta. Partimpim ouve uma coisa uma vez — tipo ‘Fico Assim Sem Você’ — e diz: ‘essa canção é minha’. Foi assim também com ‘8 Anos’, do disco solo da Paula [Toller]. Eu ouvi o álbum e, quando chegou naquela faixa, quem ouviu foi o Partimpim.

É assim que o repertório se arma: as canções se apresentam, se mostram quando a gente precisa delas. É um modo de trabalho muito próximo ao da Adriana Calcanhotto, esse lugar de intérprete, de quem se deixa afetar pela canção.”

Durante nosso papo, ela contou como foi a escolha do repertório do novo disco, O Quarto (2024), passando por uma versão de Rita Lee e Roberto de Carvalho – a psicodélica “Atlântida”- a uma parceria inédita entre Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Mano Wladimir.

“Atlântida’ tá na lista desde o primeiro álbum. Ela ia entrar no primeiro, no segundo, no terceiro… sempre tava lá. Mas acho que era mesmo pra ser do Quarto. A Rita dá esse toque de maravilha, né? ‘Que o mundo é dos que sonham, que toda lenda é pura verdade’. Ela fala disso, dessa capacidade de imaginação.

A gravação foi num dia muito simbólico: fazia um ano da partida da Rita. Eu preparei uma cadeira pra ela, como se ela fosse chegar e se sentar. Foi muito emocionante, muito bonito. De algum jeito, era pra ser nesse álbum — e sabe-se lá por quê, mas foi.

O ‘Bode e a Cabra’ também vem do repertório da Rita. Eu conheci a música com ela, e a versão que gravamos é do Renato, um dos autores de “Devolva-me”.

O espetáculo “O Quarto no Palco”, que apresenta o novo álbum ao público, marca o retorno oficial de Adriana Partimpim aos palcos. Começou com uma apresentação no festival Doce Maravilha (RJ), em setembro, e já passou por cidades como Curitiba, Recife e Olinda, com agenda confirmada até janeiro. As próximas datas incluem Recife, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Natal.

O repertório final do show soma mais de 20 canções que abrangem os quatro discos da Partimpim. Clássicos como “Fico Assim Sem Você”, “Ciranda da Bailarina” e “Oito Anos” aparecem com novos arranjos pensados para o espetáculo.

Na concepção musical, Calcanhotto trabalhou com Pretinho da Serrinha para definir a linha sonora da banda, e Marlon Sette ficou responsável pelos arranjos. A banda reúne nomes históricos do universo de Calcanhotto e Partimpim — como Davi Moraes, Arimatéa, Jorge Continentino — e nova geração instrumental: João Moreira (baixo), Luizinho do Jeje (percussão), Antonio Dal Bó (teclados) e Thomas Harres (bateria).

Confira abaixo a agenda de shows:

Turnê “Adriana Partimpim: O Quarto no Palco”

25 de outubro – Recife – Teatro Guararapes

1º de novembro – São Paulo – VIBRA

9 de novembro – Belo Horizonte – Palácio das Artes

15 de novembro – Rio de Janeiro – Brava Arena Jockey

16 de novembro – Porto Alegre – Auditório Araújo Vianna

22 de novembro – Salvador – Concha Acústica

18 de janeiro – Natal – Teatro Riachuelo

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24/10/2025

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Damy Coelho