Encontramos em Barcelos (PT), o Killimanjaro. Mas se estudos mostram que o mais famoso vulcão africano não entra em erupção há 360 mil anos, o trio português já está explodindo em sua primeira turnê europeia, divulgando o disco Hook (2014). Caso você esteja à procura de uma bateria bem pegada e muita distorção sombria, acaba de encontrar.
As referências são clássicos como Black Sabbath, Graveyard e Pink Floyd. Coloque mais groove, atualize a rebeldia jovial e você terá grandes faixas como “Howling”. A recente entrada de Luís Masquete para substituir o antigo baixista de José Gomes (guitarra e voz) e Joni Dores (bateria) foi um dos principais ingredientes para o som ganhar o baixo marcado e pesado das músicas.
A estreia do Killimanjaro foi com o EP homônimo, em 2011, mas a crueza sonora ficou ainda mais encorpada em Hook, disco lançado somente nas versões digital e vinil. Um pouco antes da banda começar sua turnê pela Europa, que dura até o início de abril, conversamos com o vocalista José. Veja a entrevista logo depois de dar o play no álbum Hook:
Do primeiro EP ao disco Hook, o som de vocês ficou mais encorpado. O que vocês trabalharam nos ensaios de 2011 pra cá para chegar nesse resultado?
Não só nos ensaios, como também tivemos muitos shows onde vimos que algumas músicas funcionariam de outra forma, então o resultado final veio dos shows. Também queríamos que os shows fossem mais fortes, por isso que o disco ficou assim. Mas os shows são ainda mais fortes, acho eu.
O Killimanjaro nasceu em Barcelos, Portugal. Como é a cena musical aí?
É engraçado, porque é uma cidade tão pequena, mas tem tantas bandas. É bom que é pequena porque dá pra nos conhecermos e de certa forma vamos aprendendo, influenciando e ajudando uns aos outros.
O que inspira o Killimanjaro?
Muitas bandas antigas como Black Sabbath e Pink Floyd, principalmente dos anos 70. Mas também bandas novas inspiradas na mesma cena do rock antigo, como Graveyard e Black Mountain. Tem outras influências externas que não só musicais, influências estéticas e de outros ramos da arte. Nosso álbum é conceitual e nós tentamos trabalhar uma certa ambiência para cada música. Um ambiente que não é só musical, quer dizer, digamos que um pintor quisesse fazer uma pintura que complementasse aquela música, até nós mesmos poderíamos fazer isso. É nisso que nós pensamos, não é só música pela música, mas é música pela arte, é música pela mensagem.
Vocês acreditam que dessa forma a música tem mais poder?
De certa forma, torna a arte mais completa.
Hook é um disco produzido, mas que mantém o som cru da banda. Vocês acham que músicas produzidas demais acabaram perdendo algo no caminho?
Às vezes, sim. Cada música tem um determinado tipo de produção, e às vezes têm músicas que deveriam ser menos produzidas, mais ao natural, e em outros casos têm músicas que deveriam ser mais produzidas, com um trabalho mais refinado, e se não forem assim acabam por não transmitir a alma do artista.
Vocês são um trio. Como é o processo de composição de vocês?
Nossas músicas foram sendo feitas muito focadas na guitarra, porque de certa forma era mais acessível pra gente. Depois veio o outro baixista e penso que agora cada instrumento tem uma presença melhor, as coisas são melhor planejadas e tudo mais. Agora estamos com uma estrutura mais sólida, talvez.
Hook foi lançado pela Lovers & Lollypops, uma produtora que já lançou outras bandas portuguesas também. Como foi o trabalho com eles?
A Lovers & Lollypops é uma produtora e uma gravadora e, apesar deles estarem situados em Porto, eles já eram nossos parceiros. Então antes de começarmos a trabalhar juntos com uma relação produtora e banda, nos conhecíamos como amigos. Eles gostavam da nossa música, nós gostávamos do trabalho deles e muitas das bandas que nos identificamos já trabalhavam com eles, lançavam discos com eles. Pensamos que se não fosse com eles, não queríamos trabalhar com mais nenhuma produtora.
Vocês consideram atual o som do Killimanjaro?
Eu não sei se já não é uma música um bocado ultrapassada por causa das nossas influências mais antigas, mas acho que é muito difícil inventar algo novo, porque como o povo costuma dizer, ‘não se pode inventar a roda outra vez’, não é? Mas tentamos fazer algo novo e tudo isso de uma forma mais intensa.
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