Erasmo Carlos: “Amor é o que faz esta meninada toda aí seguir fazendo música”

09/02/2012

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Por: Revista NOIZE

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09/02/2012

_por Cristiane Lisbôa

– Oi, boneca. Você demorou pra ligar.
– O seu telefone estava ocupado.
– Tava nada. Linha vaga a sua espera. Sempre.
– Ok. O senhor me desculpa?
– Desculpo. Como não desculpar um sotaque gaúcho como este?
– Obrigada.
– De nada, boneca. De nada…

*

Acredite se quiser. Este foi o diálogo com Erasmo Carlos, que muito além de “amigo de fé e irmão camarada” de vossa realeza o Rei Roberto Carlos é nada mais, nada menos que o primeiro roqueiro do Brasil. O “Tremendão”, apelido que ganhou na época da Jovem Guarda usava as mesmas roupas do Elvis Presley, quando isso ainda era coisa de marginal. Dividiu um apartamento com Jorge Ben, uma banda chamada The Sputniks com Tim Maia e tardes e tardes de bar e música com Wilson Simonal. Em 1971, Caetano Veloso escreveu especialmente pra ele a canção “De Noite na Cama”, considerada uma Ode à maconha.

E você aí se achando moderno, não? Erasmo Carlos é compositor de uma centena de hits clássicos da MPB, anda compondo com Marisa Monte e fez o teaser mais assistido do VMB 2011. Ouça enquanto lê a conversa de 5 minutos que a gente teve com ele. Vai fazer todo sentido.

NOIZE: Você acaba de lançar o álbum Sexo. O primeiro, desta que será um trilogia chamava Rock’n Roll. O próximo vai se chamar Drogas?
Erasmo Carlos: Não. Eu não seria tão careta. O próximo vai se chamar “Amor.”

N: Faz sentido chamar “Amor”.
EC: Claro que faz, boneca. Mesmo que se minta, mesmo que se esconda, todas as canções do mundo são sempre sobre o amor.

N:E o que ele é?
EC: O amor?

N: O amor.
EC: Você está falando do momento do ato sexual que a gente chama de “amor”.

N:Não. Do sentimento.
EC: É a mesma coisa.

(Gargalhadas dele. Gargalhadas da repórter)

EC: O amor é o que você quiser que seja o amor. Posso dizer por exemplo, que amor é o que faz esta meninada toda ai seguir fazendo música.

N: E desta meninada, quem o senhor ouve?
EC: Rádio. Eu ouço rádio. O que toca no rádio eu ouço. Estes dias prestei atenção naquela moça a Maria Gadú. Achei bom. Mas eu ouço rádio porque ta ali o termômetro. O que as pessoas querem escutar mesmo. E as músicas feitas agora são boas, são bonitas. Mas cada um faz música pro seu tempo. Este tempo não é mais o meu. No meu, fiz o que tinha que fazer, levantei bandeira, fiz tudo. Agora tô me divertindo.

N: E compondo?
EC: Sempre. Eu gosto muito, muito de compor. Tem hora que empaca. Se tô fazendo sozinho, esqueço, vou pra outra. Se é com outra pessoa tento desenrolar junto, ouço muito quem vai cantar. Que quem canta é que manda. Vou ter que ir, boneca. Tô em turnê.

N: Última coisa: uma vez rebelde, sempre rebelde, Erasmo?
EC:Bicho. Eu não desisti. Hoje, essas pulseiras que eu uso, são uma rebeldia. Minhas roupas também são. Muita gente com a minha idade não anda assim, não se diverte tanto. Não é possível que não tenham inveja de mim. (Gargalhadas)

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