Por dentro da fábrica: Polysom, uma das responsáveis pela (re)popularização do vinil

13/08/2025

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Por: Vitória Prates

Fotos: Divulgação/Daryan Dornelles

13/08/2025

Puxado pela onda da nostalgia, em vendas e relevância, o vinil só cresce no mercado. Entre a mídia física, o disco de vinil ocupa o primeiro lugar na preferência, com 76,4% e lucros acima dos R$ 16 milhões, de acordo com levantamento da Pró-Music Brasil. 

Nas trincheiras dessa história, das crises à popularidade, está a Polysom. A fábrica de discos de vinil e fitas cassetes é uma das maiores da América Latina. Fundada em 1999 no Rio de Janeiro, a cartela de clientes vai de artistas independentes a grandes gravadoras. Por lá, já passaram 1820 títulos e 1.790.052 unidades de vinil foram fabricadas, desde 2010.

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Do hiato ao renascimento 

Na época, os fundadores Nilton Rocha e José Rosa montaram a Polysom enquanto outros players do setor abandonavam o negócio para focar na produção de CD’s. Os primeiros equipamentos vieram das fábricas recém-desativadas, como as gravadoras Polygram e Continental.

Mas nem tudo são flores: em 2007, a Polysom precisou fechar as portas e passou dois anos em inatividade. Eram inúmeras as dificuldades: falta de demanda, problemas técnicos, atrasos nas entregas, cancelamento de pedidos, acúmulo de dívidas e falta de perspectivas futuras.

“Com a paralisação, diversas gravadoras ficaram órfãs, uma vez que a Polysom operava quase sozinha naquela época”, explica João Augusto, consultor da fábrica. O cenário mudou quando foram adquiridos pela gravadora Deck, na mesma época em que o vinil voltava a chamar atenção no mercado. 

“Não sabíamos que fabricar discos de vinil era algo tão complexo. A aquisição ocorreu em maio de 2009 e passamos os dois anos seguintes reformando as instalações e os equipamentos e pesquisando como fazer tudo aquilo funcionar de forma adequada”, continua ele. 

A relação entre a Polysom e a Deck já era antiga, com a fábrica, fabricavam vinis dos agenciados, como obras de Pitty, Marcelinho da Lua, Nação Zumbi e Black Alien. “Durante alguns anos, a Polysom foi a única fábrica de toda a América Latina. Hoje, 16 anos depois, segue sendo a maior de todas da região”, diz João. 

Tradição que gira 

“Quando a Polysom foi reativada pela Deck, o vinil ainda não passava por esse hype todo. Havia alguns movimentos lá fora, especialmente na Inglaterra, mas nada que apontasse o imenso mercado em que veio a se transformar atualmente”, diz João.

Do Brasil para o mundo, o vinil é tendência global, com mais de 200 milhões de discos vendidos nos últimos oito anos. Em porcentagem, isto representa um salto de quase 300%, de acordo com a pesquisa Music 360, da Luminate Insights. 

“Não há como ter modéstia: a Polysom foi a grande responsável pela (re)popularização do disco de vinil no Brasil. Todos perguntavam se o objetivo era fabricar para DJs e colecionadores, mal sabiam que a volta do vinil vinha se tornando uma realidade até entre os mais jovens”.

“O grande objetivo da Polysom, desde a reativação, sempre foi atender todos esses artistas e pequenos selos que precisam ter os produtos disponíveis. No início chamavam a Deck de gravadora de malucos por adquirir a fábrica; hoje, tentam chamar de espertos, mas acho que somos todos malucos mesmo”, diz João.

Por dentro da fábrica

Hoje, a Polysom conta com 4 prensas de LPs e 1 de compactos. Entre os favoritos, o vinil colorido vem ganhando seu espaço. Pelas prensas, passam os títulos do NOIZE Record Club e do NRC+ que chegam às casas dos assinantes.

Por mais que exista grande automação neste meio, com prensas automáticas ou semiautomáticas, na Polysom, elas continuam manuais. “Em vinil, os olhos do operador são muitas vezes mais importantes do que os ouvidos do controlador de qualidade”, diz João.

Mas, não pense que não existe modernidade, a Polysom é membro da Vinyl Records Manufacturing Association, organização mundial sobre tendências na indústria, como comportamentos de proteção ambiental, novidades sobre matéria prima e processos de fabricação. 

“Embora tenha a produção em crescimento, a fabricação de vinil no Brasil ainda segue padrões tecnológicos mais antigos do que os aplicados pela maioria das fábricas do mundo. Temos um grande problema de distância dos grandes centros que encarece equipamentos e dificulta importações”, explica João.

O que vem por aí

Para quem quer ver sua música em mídia física, no site da Polysom é possível solicitar orçamento, na opção “Monte o seu Vinil”. E as perspectivas para o futuro são altas. “Estamos fabricando e exportando discos de alta qualidade associados com a rica música brasileira”.

“O negócio não para de crescer. Muitos previam que seria uma moda passageira, com vida curta. Mas durante todos os anos de atividade, nunca houve queda na produção. Durante a pandemia, inclusive, o crescimento foi absurdamente alto. Então, os planos se resumem a crescer e entregar um produto cada vez melhor”, finaliza João. 

Além dos títulos do Noize Record Club e do NRC+, a Polysom também fabrica a coleção “Clássicos em Vinil”, com prensagens de títulos de Tim Maia, Marisa Monte, Raul Seixas e muitos outros. Entre LP’s simples, duplos e até triplos, a história da música brasileira é contada através das prensas da Polysom. 

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13/08/2025

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Vitória Prates