O Anfiteatro Pôr do Sol recebeu a segunda edição do festival Turá, em Porto Alegre, nos dias 25 e 26 de outubro. O público gaúcho pôde aproveitar um final de semana cheio de música, arte e gastronomia em dos cartões postais mais clássicos da capital: o pôr do sol do Guaíba.
Com um line-up 100% nacional e mais de 20 atrações, o festival transportou o público por diferentes estilos e gerações da música brasileira. Entre artistas consagrados e novos nomes da cena, blocos de Carnaval e DJs mantiveram o clima de festa durante os intervalos, reforçando o espírito plural que é marca registrada do evento.
A prata da casa, Ultramen, abriu os trabalhos com sua mistura de black music, reggae, samba rock e rap. O sábado seguiu com o groove autêntico e dançante do trio Os Garotin. Depois, mais uma sequência de grandes apresentações: o alto-astral único do cantor Armandinho, o show cheio de hits da tour Eu Nunca Fui Embora, da Fresno, com direito a sol, chuva e um belo arco-íris e o encerramento da turnê de 50 anos da cantora Alcione, que proporcionou um dos momentos mais icônicos do festival ao convidar Lucas SIlveira para cantar a clássica “Evidências”.
Garanta Eu Nunca Fui Embora, da Fresno, em vinil branco marmorizado no NRC+
Para finalizar o primeiro dia, o reencontro catártico do público com o BaianaSystem, que não se apresentava na capital há sete anos. O grupo guiou os fãs em rodas punk que já são marca registrada de suas apresentações. O bloco Não Mexe Comigo Que Eu Não Ando Só também levou a energia do Carnaval para o palco, enquanto DJs como Johnny 420, Gilzerax, Joelma Terto e JP Florence mantiveram a vibe entre os shows.
No domingo, o clima de celebração continuou com a banda Dingo e o Bloco Turucutá abrindo o segundo dia de evento. Na sequência, a Cachorro Grande subiu ao palco com a energia da sua turnê de 25 anos cheia de hits que marcaram o início dos anos 2000. Para Beto Bruno, vocalista, a participação no Turá caiu bem para o momento da banda: “Estamos chegando ao final da turnê de 25 anos e não podia culminar de uma maneira melhor: em Porto Alegre, ao ar livre, domingo”, afirma o músico. “Estou orgulhoso de nós porque mostra o nosso lugar no Brasil”, completou o baterista Gabriel Azambuja.
Depois, Nando Reis e seu filho Sebastião Reis presentearam o público com as canções que marcaram a carreira do cantor; Mano Brown revisitou clássicos dos Racionais MC’s e da carreira solo, e Silva aqueceu a plateia com o repertório romântico de Encantado. O último ato foi de Ney Matogrosso, atração mais esperada do festival, com o show Bloco na Rua.
Festival simbólico para a capital gaúcha
Essa foi a segunda vez que o projeto aconteceu em Porto Alegre, marcando o reencontro aguardado com o público após quase dois anos de espera. A primeira edição na capital, em 2023, reuniu mais de 20 mil pessoas em dois dias de celebração. O retorno estava previsto para maio de 2024, mas foi adiado por conta das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul.
Em conversa com a Noize, o cantor Armandinho comentou sobre a importância de retornar à capital gaúcha para esse show. “Fico muito lisonjeado por entregar um show que era pra ter acontecido em um momento que acabou sendo muito difícil pra todos. E eu fico sempre muito apreensivo de tocar em casa porque a galera me conhece, então fico naquela obrigação de vir e mostrar que o Armandinho está forte!”, disse.
Tonho Crocco, vocalista da Ultramen, estava preocupado em ser a primeira atração do festival, mas revelou que “mordeu a língua” porque encontrou um público bem maior do que esperava. “O pessoal foi chegando, o público foi aumentando. É massa chegar cedo em um festival bacana desses, com tantas atrações legais”, completa o tecladista Leonardo Boff.
Mais uma vez, o Turá mostrou que é possível reunir gerações e estilos em um mesmo palco, provando que a música brasileira, em toda a sua diversidade, segue viva, vibrante e capaz de unir milhares de pessoas em uma mesma batida.
Criado em 2022, o Turá nasceu com o propósito de celebrar a pluralidade da cultura brasileira, valorizando a mistura que forma a identidade musical do país. Após estrear em São Paulo, o festival passou a integrar o calendário de grandes eventos nacionais, chegando a Porto Alegre em 2023 e expandindo-se para Recife em 2024.
“A alma do Turá é justamente essa mistura. Em dois dias, a gente tenta representar ao máximo a riqueza da música brasileira. E o legal do festival é isso: você vai ver aquele artista que ama, mas também vai se encantar com algum artista que talvez nunca tenha escutado. Quem vem para o Turá entende que é um espaço de descoberta, troca e conexão com a nossa cultura”, comenta Maitê Quartucci, head de shows nacionais da T4F.