Fotógrafo recria capas de álbuns da MPB: “Fotos que carregam trilha sonora”

07/07/2025

The specified slider id does not exist.

Powered by WP Bannerize

Avatar photo

Por: Vitória Prates

Fotos: Divulgação/David Emanuel

07/07/2025

Há 125 km de Maceió, a cidade de Arapiraca esconde um potencial tesouro da fotografia. David Emanuel, de 25 anos, vem se destacando nas redes sociais com um projeto de releitura de capas de álbuns icônicos da MPB.

“Quero criar imagens que façam as pessoas sentirem algo ao olhar. As capas de álbuns, para mim, são exatamente isso — fotos que carregam uma trilha sonora, mesmo quando estão em silêncio”, explica David.

*

A ideia do projeto surgiu enquanto ouvia o álbum Gal Costa (1969). Ele lembrou que a amiga, Jecyane, tinha o cabelo parecido com o da cantora na capa do disco. “A ideia de que poderíamos recriar a foto me veio de imediato. Pensei também que essa poderia ser a primeira parte de um projeto maior”, conta ele.

Hoje a fotografia é um hobby, mas o sonho de David é expandir os trabalhos. Desde 2019, ele mantém um perfil para compartilhar seus cliques, todos feitos pelo celular. “Ainda não consigo obter uma renda com a fotografia, então os custos são cobertos com o que ganho trabalhando como feirante. Mas, ao mesmo tempo, é algo muito satisfatório, não me imagino fazendo outra coisa”, conta ele.

Além dos amigos, que posam como modelo, uma parceira é sua irmã, Bianca. “Faço todo o processo, de fotografar e editar, pelo celular, e minha irmã grava os bastidores comigo”, ele conta. “Para o projeto, pedi para que os seguidores indicassem capas da MPB que gostariam que eu recriasse”, relembra.

Quem acompanha o perfil de David percebe que as mulheres estão em foco. De Rita Lee a Gal Costa, já foram muitas musas homenageadas por ele. “As capas não só evidenciam a beleza delas, mas também a força marcante que essas cantoras têm na história da MPB”.

Até o momento, ele recriou 18 capas. Alguns dos seus trabalhos favoritos foram Nenhuma Dor (2021), de Gal Costa, Saúde (1981) de Rita Lee, Pleno Verão (1970), de Elis Regina e SIM (2007), de Vanessa da Mata. Para fotografar, uma das maiores inspirações de David é Thereza Eugênia.

Thereza Eugênia: fotógrafa das estrelas

Conhecida como a “fotógrafa das estrelas”, Thereza Eugênia se destacou pelo seu trabalho com os artistas da MPB nos anos 70 e 80. Suas lentes já fotografam Roberto Carlos, Gilberto Gil, Chico Buarque, Rita Lee, Alcione, Ney Matogrosso, Simone, Raul Seixas, Nana Caymmi e Fafá de Belém.

Hoje, aos 84 anos, Thereza lança seu novo livro Thereza Eugenia Portraits (1970 – 1980). Lá, ela compartilha algumas fotos da sua carreira, principalmente com os artistas mais fotografados por ela: Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia.

“Admiro profundamente suas fotos espontâneas, capazes de transmitir emoção de forma intensa e verdadeira”, conta ele. Assim como David, Thereza também veio de uma cidade pequena. Ela nasceu em Serrinha, no interior da Bahia.

Aos 24 anos, Thereza se mudou para o Rio de Janeiro e mergulhou de cabeça na cena musical, marcando presença em todos os shows. Foi nesse ambiente efervescente que conheceu o produtor Guilherme Araújo, responsável por gerir a carreira de alguns dos maiores nomes da música brasileira na época.

Do lugar de espectadora, ela passou aos bastidores — e acabou registrando, com sensibilidade e olhar único, uma das épocas mais marcantes da história da nossa música.

Mergulho musical

Até a capa ser publicada, David tem todo um trabalho a fazer: ele começa pela história do álbum, busca quem fotografou a capa, como era o encarte do vinil e todos os detalhes que compõem aquele universo visual, e nem os acessórios são deixados de lado, que ele faz a mão.

“Uma das partes mais especiais do processo é poder editar as fotos enquanto ouço o próprio álbum que estou recriando”, conta ele. Nesse processo também entram as visitas às lojas de vinil. No ano passado, Arapiraca realizou sua primeira feira de discos.

Na praça da cidade, teve discotecagem e 11 expositores trouxeram vinis e outras mídias físicas, como CD’s e DVD’s, uma delas foi Kentinha Variedades, a loja favorita de David. “Ainda não tenho minha própria coleção, mas com o projeto se tornou um desejo. Gosto de visitar as lojas tanto para ter um pouco dessa vivência com o disco quanto para procurar possíveis capas que eu possa recriar”, conta.

As 18 capas são apenas o começo. David já tem outras em mente e, como próximos passos, ele quer fazer uma exposição com seu trabalho. “Acredito que o sonho de todo artista seja ver sua arte brilhar. No futuro, espero ver a minha radiante”, conta David.

Tags:, , , , , ,

07/07/2025

Avatar photo

Vitória Prates