Nos últimos anos, o cenário do rock brasileiro passa por uma renovação: bandas famosas anunciam tours de despedida, enquanto novidades vêm se apresentado com sonoridades e experimentações diferentes, demonstrando a cultura rica do nosso país.
Fundada em 2021 no asfalto quente de Realengo, no Rio de Janeiro, a Glote é um exemplo de novidade. Inicialmente, foi um experimento do vocalista, João Autuori. Por meio de suas vivências e inspirações, que carregam referências de filmes, bandas, animes e jogos de computador, ele começou a criar suas canções.
Então, junto a Álvaro Mendes, Gabriel Nunes, Pedro Menezes e Pedro Paulino, formou o grupo com duas baterias simultâneas, sintetizadores e uma guitarra microtonal. Após alguns singles, a Glote lançou o primeiro álbum, intitulado MELANCOLIA-ULTRA (2024).
“MELANCOLIA-ULTRA funciona como uma colagem, tanto no som quanto no visual. Os riffs foram feitos de forma fragmentada: depois fui juntando o que via que funcionava e criava uma música. É o mesmo processo de uma colagem analógica”, diz João Autuori, vocalista e fundador da banda.
Como parte essencial da cena independente do Rio de Janeiro, a banda organiza eventos e ajuda outros músicos com ensaios em um estúdio localizado no centro da cidade, nomeado “Escritório”. Além disso, a Glote faz parte do selo Creepmachine Records, que envolve diversos artistas da Zona Oeste carioca. O resultado são os trabalhos colaborativos com amigos da cena local, como Yuri Costa e Lê Almeida, vocalista da banda Oruã (não confundir com o Oruam).
Todas essas referências e movimentações resultam em um som único, que tem seus momentos de fritação e baterias pesadas com solos; e outros que se assemelham a uma flutuação constante, um sentimento etéreo em meio aos vocais e instrumentos pesados, com influência na psicodelia, shoegaze e também no punk.
“A Glote é LiberdadeCore. No som eu posso fazer o que eu quiser. Estou explorando minha liberdade artística e me sinto um agente da vontade herdada, completamente livre”, finaliza João.