No próximo sábado, 19/7, Jean Tassy se apresenta na Casa Natura, em São Paulo, veja ingressos aqui. Essa é mais uma etapa da turnê do disco Acrônico (2024), seu último trabalho. Antes de São Paulo, Jean tocou em Florianópolis, no dia 12/7, na Casa Dipraia Layback.
Destaque na nova cena nacional, Jean Tassy tem um percurso pouco usual no rap: ele se encantou pelos som dos beats ao ouvir a música da Céu, que naturalmente mistura o estilo ao pop, reggae e samba. É, ao mesmo tempo, um percurso genuinamente brasileiro, em um país onde os ritmos se fundem naturalmente.
Nascido em Brasília, Jean é um músico do seu tempo. Aos 29 anos, cresceu sob o impacto da internet e da música que circula digitalmente, o que se traduz em suas referências múltiplas. A mistura disso desemboca no seu fazer musical de abordagem livre de rótulos e ritmicamente rico.
O artista começou a carreira na banda de rap The GusT MC’s, que despontou em parcerias com Febem e MLK Nervoso, até dar os primeiros passos na carreira solo. Sua discografia, apesar de curta, já exerce influência para uma novíssima geração.
Começa com a trilogia dos EPs Anteontém (2018), Ontem (2018) e Hoje (2020), até os álbuns, Amanhã (2021) e Acrônico (2024), ambos feitos em parceria com o produtor musical Iuri Rio Branco. O primeiro, expressa o sentimento geral do mundo pós-pandêmico, com beats do R&B, neo soul e letras que pendem para a melancolia.
Apesar da caminhada solo, Jean cola com parceiros com quem potencializa sua sonoridade, o que se reflete em Acrônico. O álbum conta com parcerias das diversas, do trap de WIU ao pop-MPB de Liniker, passando pelo rap de Duquesa e Don L.
Já com Yago Oproprio, lançou o single “Desligado” (2021) e as faixas “Só se fu…” e “Esse seu jeito”. Tantas referências, visuais e sonoras, amarram o seu processo criativo típico de um artista de seu tempo. Ao que tudo indica, seguindo a premissa do nome de seu álbum mais recente, ele busca produzir o tipo de arte que permaneça fresca no futuro, ainda que conectada às influências do passado.
Quais foram suas primeiras referências musicais e o que te levou para o rap?
Céu, Djavan, O Rappa, Natiruts, Seu Jorge, Lenine, Maria Gadú, Tribalistas… Acho que o que me levou pro rap foi o trabalho da Céu, que tem uma mistura de música brasileira com hip hop, depois disso, comecei a escutar Sabotage, Racionais e os artistas da minha cidade, como Pacificadores, Tribo da Periferia, Tropa de Elite. Nos projetos Mesa Redonda e The Gust MC’s, a parceria no processo criativo coletivo era a regra.
Como isso de difere na carreira solo e na escolha das parcerias?
Costumo criar a partir de uma melodia, ou seja, sempre invento uma linha melódica antes de escrever a letra. No caso com o Iuri, ele monta uma linha melódica e eu imagino uma outra em cima. Depois que as duas se encaixam, entro com a parte da escrita. A escolha das participações do disco veio de forma natural, pois já eram pessoas que eu admirava ou já tinha uma relação.
Como se desenvolveu a ideia do curta que acompanha o disco Anacrônico (2024)?
A ideia do curta partiu de mim e depois falei com minha diretora criativa Sabrina Destefani. Em seguida, foi somada aos diretores do curta, o Blue (Helder Fruteira e Carol Aó). Veio do lugar de querer contextualizar o tempo de uma forma mais abstrata e não sequencial.
Quase como um questionamento filosófico, da importância da não linearidade. As memórias são pinceladas num quadro chamado tempo, e esse quadro não tem início, nem meio e nem fim.
O que diferencia o Jean de Amanhã (2021) e de Ancrônico (2024)?
A maior mudança foi na musicalidade e na forma de entregar as composições de uma maneira mais clara, trazendo um ar de amadurecimento criativo. Eu imagino que esse período mexeu com todos os seres humanos e isso interferiu para um artista de uma forma específica: percebemos que não podemos perder tempo.
Como a vida na estrada e a ponte aérea entre Brasília e São Paulo te inspiram?
Para mim, essa ponte aérea coloca meus pensamentos no lugar, pois as duas cidades possuem velocidades extremamente diferentes. Em Brasília, eu me ajusto. Em São Paulo, eu corro.