Jup do Bairro monta a trilha sonora do “Juízo Final” em novo álbum

12/11/2025

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Por: Pedro Furlan

Fotos: Divulgação/Gustavo Vieira

12/11/2025

Cinco anos após o lançamento de seu primeiro projeto solo, a paulistana Jup do Bairro está de volta com seu primeiro álbum de estúdio, Juízo Final (2025). Projetado para ser a terceira e última instalação de uma trilogia de EPs, o disco conta com 15 faixas que vão de funk a dance music, a heavy metal, a tecnobrega — mostrando um amplo leque de Jups.

O álbum, que nasceu como um EP, foi um processo criativo de mais de dois anos, durante o qual percebeu que tinha mais a falar. “Na verdade seriam três EPs, que é Corpo Sem Juízo que lancei em 2020, e aí, em 2024, lancei Incorporação e aí em 2025 viria mais um, que acabou tornando-se meu primeiro álbum”, conta.

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“Mas, apesar desse processo criativo ter durado mais de 2 anos, eu só fui entender que o disco estava caminhando, de fato, no final do ano”, ela narra: “Depois disso, a gente foi trocando o pneu do carro com ele em movimento – mas ficou tudo da maneira como projetei”.

Jup do Bairro apaixonou-se pela música enquanto criança, na busca de “uma espécie de terapia barata” – e, em “Juízo Final”, a artista narra o fim do mundo em um quase diário musical. “Eu queria que fosse um disco que é que me contemplasse por inteiro”, ela fala, apontando que precisava contar sua perspectiva e reação a um mundo que parece sempre prestes a acabar.

“É muito cansativo ter que lutar contra a máquina, ter que lutar contra a inteligência artificial, ter que lutar contra os algoritmos”

Para ela, Juízo Final nasce em um momento de intensa instabilidade mundial, aspecto presente em diversas faixas do disco, como ela mesma canta em “A Gente Vive Menos Que uma Sacola Plástica”: “E o fim chega com microplásticos no mar e na corrente sanguínea […] Nós combinamos de não morrer, combinamos de fazer a diferença no tempo que nos foi dado, deixar uma marca no mundo, um legado que seria impulsionado, mas, acho que fracassamos”. 

Mas, com isso em mente, Jup destaca que mesmo sendo pessimista, não é derrotista — “Juízo Final” também vem de muito amor pela arte e colaborações fundamentais. Produzido por FUSO!, produtor e DJ do underground paulista, o disco conta com a presença dos lendários Black Pantera, da produtora Baby Plus Size, e do caçula da sua família, Bruno.

“Cheguei nele [FUSO!] em uma festa, e falei: ‘A gente precisa trabalhar junto, a gente tem tudo a ver’”, conta. Trabalhando juntos desde “Amor de Carnaval”, no ano passado, a dupla atendeu ao desejo de “beber de outras fontes”, atingindo uma ampla variedade de ritmos e sons.

“Nunca tive a pretensão de ter que ter três funks, dois raps — foi meio que acontecendo. É muito mais para ilustrar o que eu imagino que seria a trilha sonora deste juízo final para mim, do que propriamente ter essa diversidade premeditada de gêneros”, afirma.

Em Juízo Final, Jup explora sons como sua conhecida e amada música eletrônica, o tecnobrega, na faixa “Tremeterra”, produzida por Baby Plus Size, o metal, em “Rockstar” com Black Pantera, sem abandonar os seus tradicionais momentos teatrais, como na previamente citada “A Gente Vive Menos Que uma Sacola Plástica”.

“Fica parecendo aquele meme que tem um prato de comida com ovo, bolacha, macarrão, sushi. Mas, acho que no final ficou tudo muito coeso, sabe?”, brinca.

O rock, inclusive, permeia diversos momentos do disco. Mostrando seu lado mais agressivo e apocalíptico, Jup adotou o rock em Juízo Final como uma “associação não só com a travestilidade, assim, mas com a marginalidade no todo”. Entendendo as instrumentações como gritos, a artista vê o gênero como “essa possibilidade mesmo de voz, de ter que se impor, ter que falar alto”.

Essência rock’n’roll

Fã assumida de Fresno e Pitty, que ela cita como grandes inspirações — e com quem ela já colaborou —, Jup do Bairro sempre pensou em como trazer essas referências para seu trabalho: “Acho que, neste álbum, tem uma incorporação e consigo trazer isso com maior profundidade”.

Unindo diversas de suas referências e desenvolvendo a trilha sonora para esse possível fim do mundo, Jup do Bairro lança “Juízo Final” como um manifesto de determinação e autoexpressão.

“Tudo pode estar acabando, mas isso não significa que eu vou entregar meus pontos, vou deixar de viver minha arte, de viver meu sonho, até porque se não fosse o sonho, eu não voltaria e eu preciso acreditar realmente que a vida é fabulosa e que eu tenho algum lugar ao sol”.

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12/11/2025

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Pedro Furlan