A música que atravessa corpos e desperta o espírito de Kamasi Washington chega ao Rio no Queremos!

02/09/2025

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Por: Armando Holanda

Fotos: Divulgação/Fernando Schlaepfer e Reprodução/Instagram Laura Tenenbaum

02/09/2025

Há artistas que parecem carregar consigo não apenas notas, mas mundos. Kamasi Washington é um desses raros casos. Saxofonista, compositor e figura central do jazz contemporâneo, ele desembarca no Rio de Janeiro no dia 4/9, no Circo Voador, em apresentação promovida pelo Queremos!.

Alguns dias antes do show começar, ele conversou com a Noize sobre o que ele chama de lugar da espiritualidade, da liberdade e da criação na música — temas que, para ele, se confundem e formam um só. Quando fala de sua arte, Kamasi não descreve fórmulas, nem busca explicações definitivas.

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Ele evoca algo invisível: “A música parece vir de algum outro lugar. Você se senta ao instrumento e espera pela canção, e então ela vem. Às vezes realmente parece que ela vem até você, e você processa isso pelo corpo e pela mente, e compartilha com outras pessoas.”

Esse fluxo que atravessa o músico também o guia no palco. Para ele, a experiência do concerto é quase uma revelação coletiva: “Quando estão ouvindo música, as pessoas podem deixar de lado preocupações, medos, preconceitos. Num show, tantas vezes se conectam de uma forma quase mágica. Para mim, isso é o espírito ultrapassando a carne.”

Nascido em Los Angeles e forjado junto ao coletivo West Coast Get Down, Kamasi cresceu cercado de amigos que hoje também moldam os sons da contemporaneidade. Mas não lhe interessa a missão de “redefinir o jazz” ou de inscrever-se em um cânone.

“A gente tem definições, palavras, teorias, mas no fim das contas, será que precisam ser explicadas? O que eu faço com meus amigos é fruto de uma linguagem musical que desenvolvemos desde crianças. Jazz é sobre expressão, liberdade e exploração. Se eu pudesse dar uma definição ou um propósito para a nova geração, seria: que a música [que você faça] seja sua. Espero que vocês não façam algo que soe como eu. Espero que façam música que eu nunca poderia imaginar”, embasou ao ser questionado sobre o futuro do Jazz, ritmo ao qual ele vem fazendo uma espécie de reshape.

Essa entrega ao instante o acompanha desde The Epic (2015), álbum monumental que o projetou para o mundo. Desde então, as expectativas recaem sobre ele, mas Kamasi prefere não se aprisionar. “Pode ser uma armadilha, essa ideia de ter que surpreender sempre. Mas eu só tento fazer a música que acho bonita agora. Amanhã vou procurar de novo, dentro de mim, no cosmos, na terra, em Deus, até encontrar mais música que seja bonita”, conta quando perguntado sobre ser um ser inovador.

No Rio, dividirá o palco com Jonathan Ferr, com quem já tocou em outras passagens pelo Brasil. Questionado sobre suas expectativas para o show, Kamasi fez questão de reafirmar que a expectativa não é técnica, é espiritual: “Meu único objetivo é que exista conexão entre nós no palco. Quando estamos abertos, ouvindo uns aos outros, a música vem. E, no Brasil, essa energia está em abundância. Sempre sou muito feliz quando faço música por aqui [pelos solos brasileiros]”.

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02/09/2025

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Armando Holanda