Na última terça (30/9), o Allianz Parque recebeu a aguardada parada brasileira da Grand National Tour, de Kendrick Lamar. A apresentação contou com abertura de ninguém menos que Ca7riel & Paco Amoroso — os argentinos voltaram menos de um mês após dois shows solo arrebatadores no Rio de Janeiro e em São Paulo. No Allianz, o público contou com performances recheadas de hits, tanto do duo argentino quanto do rapper norte-americano, que se consagra como um dos maiores de sua geração.
Abrindo a noite, Ca7riel & Paco Amoroso subiram ao palco pouco após as 19h, com toda a pompa e maximalismo que lhes são característicos: a cenografia contava com duas enormes cabeças dos cantores, marca registrada do atual EP, Papota, que ganhou versão em vinil azul pelo NRC+ (veja aqui como garantir). Os looks também não ficaram para trás: o duo usava duas ombreiras gigantes, no maior estilo camp: exagerado e hipnótico.
A sinergia da dupla no palco conquistou mesmo quem estava lá só pelo Kendrick Lamar. Eles andavam pelo palco, trocavam sorrisos e apertos de mão, dançavam encolhendo os ombros, o que dava um efeito curioso nas jaquetas com ombreiras enormes, arrancando risos da plateia. O set foi enxuto, mas explosivo, incluindo hits como “Dumbai”, que abriu os trabalhos, e “#Tetas”, já no final do show. Enquanto isso, no telão, versões visuais das músicas ganharam legenda em português, para ajudar aqueles que só arranham no portunhol.
Pouco depois de uma hora, foi a vez da atração mais aguardada entrar no palco: Kendrick Lamar abriu os trabalhos com “squable up”, faixa do álbum mais recente, GNX (2024), com produção assinada por Jack Antonoff. No repertório, também couberam faixas consagradas dos álbuns anteriores do rapper, como “Swimming Pools”, “Money Trees” e um remix encurtado (infelizmente) de “Bitch Don’t Kill My Vibe” (do álbum Good Kid, M.A.A.D City, de 2012), “King Kunta” e “Alright” (de To Pimp a Butterfly, de 2015) e “Humble” e “DNA” (do álbum DAMN., de 2017).

Kendrick contou com um balé de respeito para acompanhá-lo nas faixas mais dançantes, enquanto trechos cinematográficos pipocaram no telão (também traduzidos para o português), pontuando cada bloco do show. O mais celebrado pelo público foi o vídeo que introduziu “Luther”, a baladinha sexy cantada com SZA, que também deu as caras na noite (infelizmente, apenas no telão), arrancando gritinhos da plateia.
Show com direito a hits (e diss track para Drake)
Ao longo da apresentação, o rapper interagiu pouco com o público, mas nem precisava: a energia se concentrava em sua caneta afiada e na agilidade das rimas mandadas no gogó. Com essa mais recente turnê, o rapper se prova como um dos maiores de nossos tempos — vencedor de prêmios como o Grammy por “Not Like Us”, a famosa e infame diss para Drake, na treta pública que movimentou o mundo do rap ano passado. Aliás, quem lembra do Drake? (Para fazer justiça, durante o show, o canadense também foi lembrado em outra diss, “Euphoria”, e numa inesperada e encurtada versão de “Poetic Justice”, o feat que Kendrick e Drake fizeram juntos no longínquo 2012. O cantor canadense também recebeu o “carinho da torcida” quando o público o mandou para aquele lugar, após Kendrick cantar “Not Like Us”).
No balanço final, a noite em São Paulo mostrou uma vitrine do momento atual da música: Ca7riel & Paco Amoroso representando a força mundial da música latina, contando com uma estética e presença de palco dignos de grandes nomes pop, enquanto Kendrick Lamar consolidou a grandiosidade de sua turnê e a longevidade de sua discografia, que parece nunca envelhecer mal.
O after do show ficou por conta do Backstage Mirante, que montou uma estrutura para convidados — que incluíam de Djonga a Alessandra Negrini — com direito a espaço gourmet, flashes de tatuagem e make para quem chegasse, incluindo ainda apresentação de DJs que ferveram a pista. Tudo para começar bem a semana: recheada por música, como deve ser.
*A reportagem foi ao evento convidada pelo Backstage Mirante