Killabi se guia no boom bap em estreia produzida por Cravinhos, do Maria Esmeralda

07/11/2025

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Por: Revista NOIZE

Fotos: Divulgação/Gabriel Pires

07/11/2025

Ouvir É Nosso Tudo O que Eu Olho (2025) — álbum de Killabi lançado nesta sexta-feira (7/11) — é como adentrar o diário da paulistana. Ela atende pelo nome de Gabi, mas é através da alcunha Killabi que suas rimas se mostram, desde o coletivo Sociedade dos Poetas Livres (SPL) até este primeiro lançamento. Após uma série de EP’s, ela estreia álbum com grande estilo, reverenciado clássicos do rap e ancestralidade indígena.

Em oito faixas, o boombap reina. Assassina ou Poeta (2024), seu lançamento anterior, preparou o terreno para o álbum. “Toda a narrativa, performance, tons, texturas e melodias começou no EP, que agora apresento de forma mais profunda”, diz Killa. 

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Entre os múltiplos produtores, vale destacar iloveyoulangelo e Cravinhos, conhecidos pelo álbum Maria Esmeralda (2024). Do mesmo coletivo, Pirlo é responsável pela masterização. O time de produtores continua com Paulo DK — do duo Deekapz —, Matheus Coringa, Pedvrso, Digmanybeats e Gui Cunha. Nos feats, ainda participam Lis MC e Nabru, na faixa “Por Um Fio”. 

“Fazer essa obra me trouxe uma maturidade artística gigantesca. São minhas melhores músicas. Apresento meu universo de forma sensível e honesta. É um disco bonito, com toda sua complexidade, vulnerabilidade, agressividade e paixão”, comenta. 

É Nosso Tudo O que Eu Olho faixa a faixa:

“Notas, Narrativas”: veio numa escrita fluída e contínua, eu só parei de escrever quando terminei a track. Sinto que foi um desabafo sobre como estava me sentindo naquele momento, observações sobre mim, sobre situações… e acabou sendo a track de apresentação do projeto, o início, a introdução, a afirmação do que estaria por vir.

“Primeiro de Junho”: foi um dia, é uma memória. Como toda história real, existem emoções reais, pensamentos reais. Nessa track mais uma vez eu me vulnerabilizo, escrevo e canto sobre momentos bons, momentos de desconforto, e todos que me atravessam enquanto vivo entre utopias e hipocrisias.

“Só Agora”: é o momento mais denso do disco, mais uma carta, mais uma exposição. Falo sobre mim, a depressão e o descontentamento que existe dentro da minha profissão que também é minha vida, e deixo nítido como essas coisas não se separam. Acredito que o agora é a única coisa que tenho, e vivo com essa intensidade e presença tudo que faço.

“Por Um Fio”: sinto que nessa track volta para o passado com meus ancestrais. Quando falo que sigo adiante mesmo com essa dor, não é sobre uma dor que uma paixão causou, são dores ancestrais, são curativos que minha família vem fazendo desde que existe e resiste. São vivências reais, questiono porque minha família não tem fotos, com a intenção de incomodar e lembrar que o apagamento sobre nossa história e nossos corpos são feitos em coisas sutis, detalhes, que talvez pessoas não indígenas não se atentem em observar, é importante tocar nesse assunto, para que nossa memória não seja apagada.

“Não se Desespere”: escrevo linhas com a intenção de acabar com guerras. “Não se Desespere” é um sopro de esperança, um pedido de calma, um ar puro no meio da grande São Paulo. Uma afirmação na voz da Stefanie, que veio em forma de colagem, uma sutileza da DJ Miya B para riscar, e colocar a energia dela junto dessa frase, desse pedido, desse acalanto que é: não se desespere.

“É Nosso Tudo O que Eu Olho”: nasceu quando o disco já tava meio formado, ela nasceu pra trazer a sensação que ela traz, naquele momento exato do disco… mais uma vez falo sobre mim, falo sobre minha trajetória, e como os ensinamentos de quem veio antes me formou, para que eu conseguisse chegar lúcida e saudável aos trinta anos, fazendo o que eu acredito, da forma que acredito, conquistando meu respeito, por ser quem sou, nesse movimento, nessa cultura Hip Hop.

“Utópico”: é a “música de amor” do disco, apesar de ter amor em tudo que faço. E apesar de ser um love song, eu também abordo outros assuntos que envolve no se relacionar entre corpos racializadas e dissidentes. Pessoas que muitas vezes não tinham referências positivas, que se relacionavam de maneira saudável. Criar do zero a melhor forma de se relacionar, amar sem ego, é utópico pra mim, e ao mesmo tempo tão real e possível. Viver a partir do amor é utopia, o tipo de utopia que devemos acreditar.

“Nada Será Como Antes”: é quase uma reza, uma oração, um pedido. Um mergulho profundo no íntimo do projeto, no meu íntimo, é um convite para que você se aprofunde mais, e ouça novamente, só que agora molhado, só que agora lá do fundo, agora mais próximo de mim, da zona abissal.

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07/11/2025

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