Em 2019, o Noize Record Club lançava o histórico Música Serve Pra Isso (1990), dos Mulheres Negras, banda formada por Maurício Pereira e André Abujamra. Na ocasião, Pereira compartilhou com a Revista Noize os livros fundamentais para a sua inspiração criativa. Entre eles, estava a poesia de Paulo Leminski, homenageado da FLIP deste ano.
Confira abaixo essas e outras indicações de leitura do artista:
Matadouro 5 ou A Cruzada das Crianças (1969) – Kurt Vonnegut

Narra uma trip quase surreal de uns jovens soldados perdidaços sob uma chuva de bombas, na Alemanha, já no fim da Segunda Guerra Mundial. Escrito daquele jeito simples do Vonnegut, o livro enxerga a barbárie e a estupidez básicas do Homo sapiens com uma melancolia leve, delicadamente devastadora. O cara sabe como contar uma estória, recomendo.
Caprichos e Relaxos (1983) – Paulo Leminski

Ter lido Caprichos e Relaxos, do Paulo Leminski, foi decisivo pra eu ser um artista da palavra. Muita poesia, muita estrutura, muita cultura pop, muito Ocidente, muito Oriente. Esse livro abriu e multiplicou a minha cabeça: aí é que entendi quanta poesia poderia caber dentro de uma simples palavra. E totalmente musical, ainda por cima. Leminski rules!
Feliz Ano Velho (1982) – Marcelo Rubens Paiva

Feliz Ano Velho, do Marcelo Rubens Paiva, retrata desejos e angústias da minha geração, na linguagem reta da minha geração, no exato momento em que essa geração estava amadurecendo. O Marcelo contando a história dele criou um livro forte e essencial: imagino que ele influenciou um bocado a literatura brasileira que veio depois. (Aliás, na década de 90, logo depois do fim do Mulheres em 91, rolou a ótima coincidência de eu trabalhar como cantor do programa que o Marcelo comandava na TV Cultura, o Fanzine. Cantei mais de 500 músicas brasileiras em dois anos de programa, que era diário e ao vivo… Ou seja, devo duas pro Marcelo: o livro maravilhoso e a experiência intensa, parruda, de cantar música na televisão).
Para ler enquanto ouve Música Serve Pra Isso: