Marcelo D2 revela detalhes por trás da formação da banda do “Acústico”

27/06/2025

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Por: Erick Bonder

Fotos: Brian Cross

27/06/2025

Em 2004, quando chamado para fazer o seu Acústico, a primeira reação de Marcelo D2 foi declinar. Afinal, por que revisitar um repertório ainda tão jovem? O rapper havia recém parado com o trabalho no Planet Hemp e lançado o segundo álbum solo, A Procura da Batida Perfeita (2003).

“Não queria fazer um acústico, pensava que era coisa de banda acabando. Eu estava começando a minha carreira solo. Neguei o convite. Mas, em casa, fiquei com aquela ideia na cabeça. Me dei conta que isso dava um puta caldo”, relembrou D2 em entrevista à NOIZE.


Então, o rapper carioca chamou David Corcos, o Marroquino — que já havia atuado na produção de A Procura ao lado de Mário Caldato Jr. — para trabalhar na transformação das canções dos álbuns solo de D2 (que, nesta altura, eram apenas dois, incluindo Eu Tiro É Onda, de 1998).

“Ele foi um grande maestro nesse projeto. David comprou o barulho. Foi lá, fez todos os arranjos, ajudou a selecionar a banda. Foi um cara muito importante, mais uma vez, porque assumiu a produção musical”, declarou D2 sobre Marroquino.

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Um dos maiores desafios do formato era encontrar uma maneira de traduzir os beats, feitos através de samples e aparelhos eletrônicos. “O Fernandinho Beatbox, foi a primeira pessoa que pensei. Eu queria saber como transformar a coisa do DJ, que é central pra cultura hip hop”.

MC Marechal somou nos vocais e então foi a hora de resolver a cozinha, com as percussões de Pretinho da Serrinha, Layse Sapucahy, Maninho, Nenê Brown e Cidinho Moreira. “Esses caras eram cascudos demais. Trouxeram samba pra caramba”, rememora o rapper.

E complementa: “Tinha uma coisa um pouco difícil de administrar. A quantidade de pessoas diferentes. Uma galera do jazz e uma galera do samba de fundo de quintal. Mas eu podia fazer uma coisa mais refinada, com grandes músicos”.

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Essa conciliação de estilos acabou sendo a principal característica doAcústico. Não apenas o rap e o samba entravam na mistura, mas agora o jazz chegava como novo ingrediente, com Philippe Baden Powell no piano e Mauro Berman no baixo.

Havia ainda um naipe de sopros com saxofone, trombone e trompete, e naipe de cordas, com violino e violoncelo. O cavaquinho e o violão completavam o time de instrumentos. “Foi foda. Os arranjos iam ficando prontos e a gente ia se assustando com o tamanho da coisa”.

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“O Acústico foi uma constatação de que aquela sonoridade era incrível. A gente conseguiu botar isso no palco. Antes desse disco, o show não era tão bom. Depois do Acústico, a gente entendeu qual era a sonoridade do rap com samba. E aí as coisas mudaram pra caramba”, declarou o artista carioca.

O resto é uma história que o rapper vive até hoje, sempre à procura da batida perfeita. Acústico Marcelo D2 completou vinte anos e ganhou sua primeira prensagem em disco de vinil no NRC+, com LP duplo, livreto com materiais inéditos e outros itens exclusivos. Você pode ter o disco na sua coleção clicando aqui.

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27/06/2025

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Erick Bonder