Melifona une soul e MPB em “Radiação do Corpo Negro”; leia faixa a faixa

03/11/2025

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Por: Revista NOIZE

Fotos: Divulgação/Pedro Gadida

03/11/2025

Melifona — que participou do clipe “Pote de Ouro” da Liniker — estreia solo com Radiação do Corpo Negro (2025). Depois do EP Bruxaria (2022), ele experimenta na MPB contemporânea, R&B alternativo e neo-soul. 

Com produção própria, ao lado de Habacuque Lima, Radiação do Corpo Negro ainda conta com participações de YMA, Barbarelli e Vinícius Damião, além de uma super banda formada por Heidi Horita (bateria e percussão), Ariane Rodrigues (flauta), Aline Falcão (sanfona) e Matheus Mafra (backing vocal). 

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Ele aproveita para explicar o significado por trás de seu nome artístico: “Por coincidência, abelhas começaram a aparecer no estúdio quase todos os dias, o que ganhou um sentido místico para mim. Como usava muito mel, fui pesquisar nomes científicos de abelha, cheguei em ‘melipona’ e troquei ‘pona’ por ‘fona’, de ‘fono’, som. Assim surgiu Melifona”.

Radiação do Corpo Negro faixa a faixa:

“Água Régia”: fala sobre um relacionamento nos seus supostos finalmentes, onde uma parte ainda tenta ressuscitar um amor nobre que já está corroído. Água régia é uma mistura de ácidos que é capaz de dissolver metais nobres, como o ouro. O ouro é conhecido como um metal que é muito difícil de ser corroído. Dura para sempre, basicamente. E o amor é algo nobre, porque está sendo corroído na minha frente?

“Amor próprio”: depois de amar, arriscar e perder, chega uma hora que você precisa saber para onde você vai direcionar todo esse amor que você tem aí, guardado. E em algum momento é importante você direcionar uma quantidade boa, importante, para si mesmo, sabe? É um processo difícil, mas muito importante. E eu tento traduzir essas epifanias nos arranjos intensos e quentes. E desse término, desse processo de superação, entendi a importância de se amar. É difícil fazer isso.

“Pombagira”: falo de um acontecimento místico e muito potente que me aconteceu ao ir dormir depois de uma apresentação. Sonhei que Pombagira dançava e vinha na minha direção e tocava meu coração, me trazendo sensações muito potentes e inexplicáveis. Ao acordar eu pensei.. vou retribuir com uma música. Pra dançar.. pra Pombagira dançar!

“Mariana”: trago termos que usava muito no laboratório, diluição, reação química, termodinâmica, tudo estava muito presente na minha vida. E nessa faixa eu narro um processo de superação. Vou esquecendo as coisas, até esquecer o rosto da pessoa por completo. Será que isso é possível? Será que estou falando a verdade?

“Dualidade”: comecei a fazer com um ex, no fim a gente acabou terminando o relacionamento e a música não foi para frente. Mas eu acredito que a música, assim como muitas outras coisas da vida, é reciclável. Então eu peguei um trecho que eu tinha feito e fiquei pensando nesse término.

Chamei a YMA pra somar nesse som por conta do timbre dela, e com os synths e camadas que colocamos, tinha tudo a ver. E ficou melhor do que eu pensava, a forma com que ela trouxe todos os elementos, escreveu uma parte da letra… foi tudo tomando forma. Fomos montando a música pensando nisso, na dualidade de ao mesmo tempo querer estar perto, mas também precisar estar longe. Será que passa essa dor? Não tem resposta. Melhor dançar.

“Role Ruim”: narro um episódio onde uns amigos me chamaram pra ‘curtir’ uma noite nas ruas de São Paulo, nesse dia uma garoa bem fina se somava a uma temperatura de 18 graus. Minha bateria social já estava na reserva e os carros com o som no talo faziam a trilha sonora.. E ao comentar com Gabriel Carvalho, co-autor, sobre não ser mais chamado pra role ruim. A ideia apareceu. Esse dia eu tava com a cabeça em outro lugar. Sabe quando você não está vivendo o presente mesmo?

“Objetos”: essa canção trata de como a incapacidade de lidar com os objetos deixados ao fim de um relacionamento.. as fotos, cartas.. conteúdos em geral.. o que fazer com eles? Essa resposta é o que inspira esse final sem resolução, suspenso. Como às vezes é o fim do amor.

“Peito Aberto”: essa canção foi uma parceria com Barbarelli, que me mandou um áudio com essa letra e melodia.. Então pensei numa harmonia que traduzisse o que ele já trazia com muita intensidade. Assim foi se criando essa atmosfera da música.. intensa, dolorosa e doce.

“A Fome”: nessa canção eu falo sobre um tema mais sensível e urgente. Da fome. Narro uma cena onde um indivíduo precisa dormir e redormir pra esquecer da fome. Em seguida eu tento apontar alguns responsáveis por ela.

“Você”: nessa música crio um cenário onde tento imaginar minha vida a dois e como seria essa rotina, o ato e o sentimento de cozinhar para quem se ama.. De avisar pra onde viaja.. das demonstrações de afeto e amor. E às vezes é isso, você está com uma pessoa e tá tão importante que eu só repito, é só “você”, sabe? Gosto de uma parte em que eu falo: “Lua de mel em Canopus Com escala em sirius“ Que são duas estrelas. Quando você está apaixonado tudo tem que ser exagerado mesmo, ser na medida das estrelas mesmo, sabe? Sou escorpiano mesmo, vou sentir até o fim.

“Vamo morar junto?”: comecei a montar essa música na pandemia, nesses tempos eu fiz uma porção de músicas em que eu tentava imaginar outra realidade, porque tava muito difícil, acho todo mundo lembra como era difícil imaginar um futuro. Começo a criar umas imagens na minha cabeça onde “você faz o mundo mais belo você colore o cinza de amarelo eu vou vestir a tua roupa” É aquela coisa, tô entrando num relacionamento e tá novo, você vestindo a minha roupa.. é isso de ‘vou tentar me pôr no seu lugar’. Tudo isso sob uma roupagem sonora animada e quente. Com arranjos cheios de afeto. Convidei o Vinícius Damião, mostrei para ele a música e ele gostou muito e acho que tinha muito muita a ver, ele é uma pessoa que moraria junto. Então a gente vai morar junto na música.

“Sexta-feira”: falo: “um beijo pro soul da Filadélfia” que é um dos estilos musicais que me trouxeram até aqui. Blue magic, stylistics, que é um tipo de soul muito orquestrado, cheio de instrumentos, cheio de elementos. E eu acho que até então eu estou um pouco assim na minha vida. Nessa parte da criação, de ficar pensando em arranjos, onde cada coisa entra. Nessa música, eu falo da importância de você sorrir, dançar. E a realidade é muito difícil, tem muitas coisas difíceis, a semana inteira de sufocos numa vida de trabalho duro. “Você merece sorrir até cansar Você merece dançar” Porque hoje é sexta feira. Sextou!

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