Deekapz lança álbum inspirado em rádios FM: “O público reconhece a nossa assinatura”

14/08/2025

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Por: Vitória Prates

Fotos: Divulgação/Bruna Sussekind

14/08/2025

Com apresentação de Paulo Vitor e Matheus Henrique, a rádio Deekapz FM está no ar em todo mundo. A dupla, já conhecida na cena eletrônica, foi das pistas ao streaming em seu álbum de estreia, Deekapz FM (2025), lançado em 6/8.

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Para construir o álbum que é a cara do duo, as 14 faixas inéditas trazem Fat Family, Tuyo, Criolo, Urias, DJ Marky, Nill, Gab Ferreira, Mauí, Makoto, Kaike, Bibi Caetano, Maffalda, Clara Lima, Nego Bala, Luccas Carlos e Jamés Ventura.

Nos dez anos de corre, o Deekapz já se apresentou nos principais festivais de música, como Primavera Sound e Lollapalooza e turnês pela Europa, além de um currículo com parcerias variadas, de BK’ e Baco Exu do Blues a Rubel título #100 do NRC -.

Antes do Deekapz FM (2025), os paulistanos lançaram os EPs Super House (2023), Super Funk (2021), Ensaio Sobre Você (2021) e Jewel Gems (2021). O álbum chega para consolidar a trajetória de uma década, mas que está só começando.

Sem medo de experimentar, o som leva o Brasil em sua essência, da música eletrônica ao funk, pop, soul, R&B, rap e house. Em entrevista à Noize, Paulo e Matheus falam sobre o repertório do álbum, o protagonismo dos produtores, café com pão de queijo e músicas que gostariam de ter produzido.

Como foi o processo de construir o repertório do álbum?

PAULO: Foi algo bem fluído, estamos no processo há quase três anos. No segundo semestre de 2022, começamos a desenvolver as primeiras demos para o disco e convidando os artistas. No final de 2023, ficamos em imersão por seis meses, ajustando e construindo a obra.

Elencamos esse time, e estamos muito felizes com eles. Tem tanto os mais consagrados, como Fat Family e Criolo, quanto esse pessoal mais novo, Tuyo, Clara Lima e Gab Ferreira. Tiramos eles da zona de conforto, essa é uma das graças de fazer um trabalho com o nosso [de produtores].

Cada artista, em seu projeto autoral, tem uma limitação, receio de ir para uma sonoridade diferente. Usar a plataforma do Deekapz para poder sair da zona de conforto e chegar em algo novo é muito interessante.

São 10 anos de carreira, por que vocês decidiram lançar um álbum agora?

MATHEUS: A vontade de fazer o álbum está com a gente desde o começo do projeto. Fizemos vários EP’s e singles e pensávamos que seria muito legal juntar os EP’s, foram muitas ideias no meio do caminho. Mas, em 2021/2022, sentimos que era o momento de trabalhar no disco. Começamos a pensar em nomes, mas foi um processo bem demorado. Em 2022, começou a sair do papel. Foi-se o tempo que o produtor ficava “no fundo” de uma música, são os responsáveis por dar o tom ao som.

Como vocês veem a cena de beatmakers e produtores no Brasil hoje? Acreditam que o produtor está ganhando mais protagonismo?

PAULO: Está mudando, tem uma boa evolução. Até então, o DJ também não tinha seu valor, mas chegaram vários nomes, a comunidade foi ocupando seu espaço e é muito legal ver vários DJ’s e produtores, assim como nós, estando em grandes festivais.

Reforçamos esse lugar onde a gente merece estar, esse movimento também está acontecendo com os produtores, lá fora, muito mais rápido, entendem muito mais que, da música, 50% é a composição e 50% são os arranjos. Aqui está em construção. Cada vez mais as pessoas estão valorizando a importância dos produtores, além de dar vida a música, damos a própria assinatura.

Por que produzir um som com o Deekapz? A gente tem o que o pessoal gosta de chamar de brasilidade, por meio da timbragem, das escolhas do nosso som e a forma que a gente assina. Por meio do caminho da produção musical, é legal ter essa assinatura e poder colaborar com outros artistas, nacionais e internacionais.

O álbum tem uma narrativa em torno de uma rádio. De onde nasceu essa ideia?

MATHEUS: A rádio é uma parada que está na nossa vida desde criança. Quando eu morava com meus pais, a gente escutava muita rádio em casa. Eu e o Paulo entendemos que a rádio tem muitas características que conversam com o nosso projeto.

A diversidade musical, trabalhar muitos gêneros em um mesmo projeto. Pensamos como poderíamos trabalhar esse leque de produção, que não fosse estranho, aí lembramos da rádio, que é uma programação diária com estilos musicais diferentes. Fomos viajando, trouxemos vinheta, locução, temos um break na metade, com o interlúdio. A intenção era realmente ser algo bem rádio para retratar os diferentes estilos musicais.

Como o ambiente da cidade de São Paulo influenciou o som de vocês?

PAULO: Qualquer criativo a geografia faz total diferença na inspiração, por mais que na selva de pedra não tenhamos belas paisagens [risos], a gente consegue se inspirar. O lance da rádio é também para pegar a rapaziada no cotidiano. Andando de carro, sintoniza na rádio, e assim vai.

Vamos atrás de captar esse cotidiano, nesse movimento que São Paulo tem, é uma cidade que não para, cada um na sua correria. Essa, inclusive, foi uma das ideias que tivemos para clipes, retratando o movimento. Somos inspirados pelo cenário de São Paulo.

Falem mais sobre as ideias de visuais para o álbum, que é um que projeto abre espaço para muita coisa, o que vocês planejam?

MATHEUS: Estamos pensando em retratar a cidade, olhar a vista do céu, quando tá limpo, né? Porque hoje [risos]. Ser algo contemplativo, como quando você está no carro e viaja vendo os prédios, é isso, queremos passar essa sensação de paz e passagem de tempo escutando o disco. Estamos pensando ainda em como passar essas ideias para os visuais dos shows e para os clipes. Mas a ideia é sempre lembrar da cidade, a silhueta das antenas, dos prédios.

PAULO: É bem isso, a transição da rádio itinerante Deekapz F.M. Tem essa viagem muito na capa também, nós donos da cidade [risos].

Quais foram as referências/influências para este álbum?

PAULO: As rádios que a gente consumia quando era de Campinas, como a Antena 1, Rádio Cidade e a 105, que tem programas que a gente gostava muito, como Espaço Rap, tem essa alusão, são essas referências diretas. Indiretamente, também podemos citar pessoas que, coincidentemente, também estão no nosso disco, o DJ Marky e o Fat Family.

São dois artistas que, literalmente, pavimentaram para a gente passar. Desde 2005, quando éramos moleques, o Marky já se movimentava na nossa cidade, com roles gratuitos na Concha Acústica, tem também nossa festa 0800. Tem artistas que estavam no nosso cotidiano, Fat Family sempre tocando nos encontros de família.

Como nasceu a conexão entre vocês? Vocês acham que vocês serem uma dupla traz um diferencial?

PAULO: A gente se conheceu há 12 anos, em uma festa de escola, éramos adolescentes. Um amigo em comum me apresentou o Matheus e, nessa primeira festa, fizemos nosso primeiro back to back, e percebemos que conseguimos fazer uma coisa, que era animar a galera. Uma semana depois, formamos a dupla. Temos essa sincronicidade.

Muita gente que conhecemos falam: “Não gosto de trabalhar com mais uma pessoa, são mais cabeças e para chegar em um consenso demora” Mas, eu e o Matheus, nesses onze anos, pra além da intimidade e do entrosamento, somos muito tranquilos na tomada de decisões e de ouvir a opinião um do outro.

Não tem um protagonismo, o protagonista somos nós, como dupla. Eu sou abençoado de ter uma dupla, já são um milhão de coisas para fazer [risos]. Então é muito legal ter esse voto de confiança um com o outro, para dividir as obrigações e poder produzir o máximo possível e estar no máximo de universos possíveis, com todos os artistas que já trabalhamos. E também para tocar porque com quatro mãos é melhor do que duas operando [risos].

Vocês mesclam diferentes sonoridades no álbum. Como foi essa trajetória de adotar diferentes gêneros na música eletrônica que se tornou a marca de vocês?

PAULO: A gente começou nosso projeto visando muito o lado comercial, porque era o que a gente via. Fizemos progressive house, que é uma linha que não exercemos mais, mas que foi fundamental como bagagem. Os anos foram passando e, nós, como dupla, fomos nos interessando pelo trap, há uns sete anos atrás, o pessoal ainda estava entendendo o que era o trap, não era esse boom que está hoje em dia, de fácil aceitação.

Começamos a misturar acapellas de funk com o trap nessa época, lançamos um EP em Los Angeles, que abriu a mente da galera do Brasil: “Olha, os muleques brasileiros lançaram uma coletanea foda por um selo de Los Angeles com música brasileira”.

Cada movimento desse foi essencial para nossa bagagem e ter a confiança de aplicar isso. Além da parte técnica, a gente tem confiança e liberdade de poder impor essa sonoridade, é bem legal saber que a gente teve uma caminhada um pouco mais árdua, porque fugimos muito do óbvio. Saber como aplicar, para além da parte técnica, do nosso jeito, como impor essa assinatura que hoje as pessoas reconhecem como nossa. É algo priceless.

Como funciona o processo de produção de uma faixa do Deekapz? Vocês têm papéis definidos ou tudo flui de forma colaborativa?

MATHEUS: O processo foi evoluindo. No começo, a gente se encontrava muito em casa para produzir. Chamava o Paulinho toda semana, comi um pão de queijo [risos].

PAULO: Era café e pão de queijo antes da produção sempre [risos].

MATHEUS: Com o passar do tempo, a gente começou a trocar mais projetos a distância também, vamos trocando projetos. Gostamos muito de trocar sample, harmonias e bateria, eu mando alguns loops de harmonia que eu fiz, o Paulo monta a bateria e vice-versa. Cada um soma no projeto sem cagar regra no que o outro está fazendo.

PAULO: A gente tem essa liberdade um com o outro.

O som de vocês tem grande apelo fora do Brasil. Como foi tocar fora e ver a recepção do público internacional?

PAULO: É muito foda. Todas as vezes que tocamos lá fora, já fomos para Europa e alguns países Sul-americanos, e é muito gratificante saber que tem um movimento, para além da nossa bolha e da nossa panela, ter uma rapaziada que consome.

Lá fora, existe um suporte mesmo para os artistas, têm esse entendimento, eles pagam pelas faixas, e o dinheiro vai diretamente para o artista, é um real investimento. No Bandcamp, a gente solta muita música para a venda, uma comunidade mais voltada para DJ’s, e sempre tem um fluxo legal de vendas.

É legal por que a galera não só gosta da música, mas também compra e espalha, estamos muito afim de fazer uma turnê, colocar com outros artistas e nos inserir melhor no formato internacional, tem tudo a ver. Não gostamos de nos rotular, e não somos obrigado a trabalhar com um disco 100%.

Estrategicamente falando, foi bem legal fazer um disco 100% em português, por ser nosso primeiro disco tem essa devida importância, mas agora vamos focar em outros projetos para além disso, visando sim uma carreira internacional e outras oportunidades lá fora.

Com o álbum, quais são as expectativas de vocês?

MATHEUS: As expectativas estão altas, a intenção é chegar ao máximo de pessoas possíveis, espalhar a música e a nossa produção. Uma das intenções de ter escolhido a rádio para ser o tema principal do disco é o lance da democratização da rádio. A rádio chega para todo mundo, o sinal da rádio chega longe, em todos os lugares, não importa onde a pessoa esteja, chega sinal de rádio lá.

É um meio de comunicação democrático. A gente pensa que se a gente quer alcançar todos com nosso projeto a gente tem que trabalhar para que isso aconteça. Queremos alcançar as pessoas que não conhecem a gente, nos festivais, nas casas de shows, tentar impactar mesmo, abranger o máximo de público.

O disco é mais um passo para atingirmos mais pessoas ainda e também trazer as pessoas que estão com a gente nessa caminhada, não só quem está no disco, mas todas as pessoas que estão com a gente por trás, quem cria os visuais, os DJ’s que estão começando. A intenção é essa, espalhar a palavra da música.

Uma música que vocês queriam ter produzido?

PAULO: Mentira! Tem vários, não dá para fazer isso [risos]. Será que consigo responder? Vou pegar uma colinha, são muitas músicas, queria ter feito todas [risos]. Eu gosto muito de rap, recentemente saiu Alfredo II, do Freddie Gibbs & The Alchemist, e tem a música “Jean Claude”, me pegou muito, e pensei: talvez eu poderia ter feito essa. [risos]

MATHEUS: Primeiro que eu pensei foi “Beautiful”.

Um artista dos sonhos pra collab?

PAULO: Jorge Ben Jor.

MATHEUS: É unânime.

Música que define o mood do Deekapz hoje?

PAULO: Porra, sério? [risos]. Vou falar uma de sempre, “Abre alas”, do Ivan Lins, esse é meu mood.

MATHEUS: Eu sou uma pessoa muito indecisa, quando precisa escolher uma opção, aparecem muitas e eu não consigo escolher [risos] Que difícil, não era para ser tão difícil assim [risos] Não sei.

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