No ano em que o mistério sobre o desaparecimento de Tenório Jr. foi finalmente esclarecido, após quase cinco décadas, o álbum volta às prateleiras em uma edição que preserva o som, o espírito e a relevância histórica de um dos trabalhos mais emblemáticos do samba-jazz.
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Com composições próprias e releituras de artistas como Tom Jobim, Johnny Alf, Baden Powell e Vinicius de Moraes, Embalo (1964) reúne alguns dos maiores instrumentistas da época, como Milton Banana, Raul de Souza, Edson Maciel e Paulo Moura, sempre sob a direção criativa de “Tenorinho”, como era carinhosamente apelidado.

“Tudo me foi creditado, desde a escolha dos temas e arranjos até os detalhes mais técnicos – como estúdio, engenheiro de som e capa (…). Eis aqui, então, o produto de um trabalho sincero e esforçado, aquilo que temos para apresentar neste momento”, escreve Tenório na contracapa do disco original.
O álbum traz o samba-jazz lapidado nas noites efervescentes do Beco das Garrafas, travessa sem saída em Copacabana, no Rio de Janeiro, que serviu como ponto de encontro e laboratório de experimentação musical entre as décadas de 1950 e 1960. Assim, com os pés fincados na música popular brasileira, o disco transita com naturalidade entre influências do jazz, da bossa nova, do samba e do bebop ao longo de suas 11 faixas.“
Os arranjos têm como matriz fundamental a música popular brasileira, observável nas articulações dos instrumentistas e na complexidade harmônica advinda da bossa nova (…). Assume, assim, um caráter de brasilidade marcado pela força rítmica nacional, associada à versatilidade e à capacidade de improviso de Tenório e de sua trupe”, afirma o pesquisador Vinícius Mendes Rodrigues no artigo Embalo: sobre a obra única de Tenório Jr. (2020).
O relançamento acontece em um momento de profundo significado simbólico. Em setembro deste ano, após quase 50 anos de incerteza, foi confirmado o desfecho trágico do desaparecimento do músico: um laudo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Argentina concluiu que Tenório Jr. foi assassinado com cinco tiros em março de 1976, poucos dias antes do golpe que instaurou uma ditadura militar no país.
Mais de 60 anos após seu lançamento original, Embalo ressoa como um retrato vivo e atemporal do pianista, cuja música atravessa o silêncio imposto pela história. A nova edição lançada pelo NRC+, em mixagem mono original e prensagem especial, reacende o diálogo entre passado e presente, permitindo que novas gerações redescubram a força, a sutileza e a sofisticação da obra de Tenório Jr.
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