Para todos os gostos, Festival Turá ganha pela nostalgia e encontro de gerações; confira 5 shows favoritos

01/07/2025

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Por: Vitória Prates

Fotos: Divulgação/Murilo Amancio

01/07/2025

Da “misTura” nasce um festival. A 4ª edição do Festival Turá tomou conta do Parque Ibirapuera nos dias 28 e 29 de junho. A brincadeira do nome se reflete também nas atrações, que foram do rock ao funk e pagode nos dois dias de evento.

O sábado trouxe Bonde do Tigrão, Pretinho da Serrinha, Lenine, Seu Jorge e Só Pra Contrariar, na formação original com Alexandre Pires. Já o domingo contou com Gabriel, o Pensador, Samuel Rosa, Saulo e Luíz Caldas, Raça Negra e Gloria Groove.

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No portão 10 do parque, houve quem passasse correndo, trajados dos pés à cabeça com estampas vibrantes. Muitos levavam canga na bolsa, mas o rolê final não poderia ser mais diferente. Foi-se o tempo que o Parque Ibirapuera era o espaço só dos atletas.

O Parque, cada vez mais, vem se tornando o lugar favorito dos amantes de música. Só em 2025, já sediou o C6 Fest e o Popload . Neste fim de semana, foi a vez do Turá, com line-up 100% nacional.

O festival foi enchendo gradualmente, mas o público de 20 mil pessoas nem foi sentido por quem estava por lá. O Turá não é um evento de correria e grades disputadas. É para quem curte música ao vivo, mas não quer passar perrengue.

O público 30, 40, 50 e até 60+ encarou ensolarados e noites de frio. Foram muitas famílias, casais e grupos de amigos que posaram na frente dos lambe-lambes. Também não faltaram lugares para sentar, com redes, cadeiras de praia e banquinhos espalhados por lá.

O Turá foi dividido em dois palcos: o BB, para as atrações principais, e o Sol, para nomes que estão despontando na indústria. Os novatos não deixaram de entregar um show completo, com Forró das Minas e Samba de Dandara, além dos DJ’s sets entre as apresentações com Trepanado, Luísa Viscardi, Linda Green e Millos.

A Noize acompanhou os dois dias de festival. Confira cinco shows que rolaram por lá:

Pretinho da Serrinha promove roda de samba memorável com Criolo e Leci Brandão

“Vamos trazer a roda de samba para o Turá”, disse Pretinho da Serrinha — e foi o que ele fez. Começou a apresentação com um clássico: “Alguém me Avisou”, de Dona Ivone Lara, a quem, durante o show, Pretinho citou como uma das suas maiores referências.

“Vou chamar um amigo meu, parceiro, confidente e um mestre” — com essa chamada de Pretinho, Criolo subiu ao palco, já pedindo barulho para a banda. Ele até arriscou uns passos de samba. Antes de ir embora, o cantor deixou uma mensagem: “São Paulo é isso, muito amor ao samba”.

Pela mão, ele trouxe a segunda convidada da tarde: Leci Brandão. A recepção do público foi incomparável. Ela começou refletindo sobre a carreira. “Nesses 50 anos de estrada musical e 80 de vida, eu digo que vocês [público] são responsáveis por essa continuidade”.

Com carisma inconfundível, ela aproveitou também para comentar sobre o Mundial de Clubes e declarar amor para seu time do coração, o Corinthians. Juntos, cantaram “Só Quero Te Namorar”, que embalou a valsa dos casais, “Isso é Fundo de Quintal” e “Zé do Caroço”.

No fim, Leci mandou um recado: “Viva os estudantes, democracia, saúde e os LGBTS. Sem anistia”. Pretinho completou: “Viva Leci Brandão!”. O público foi ficando mais animado, a cada música e a cada convidado.

O “momento karaokê” do show ficou por conta de “Não Deixa o Samba Morrer”. O sambista brilhou como o mestre que é na música popular brasileira.

Carta de amor a Pernambuco com Lenine e Spok Frevo Orquestra

Os primeiros minutos do show de Lenine foram instrumentais. Com Spok Frevo Orquestra no palco, não poderia ser diferente. A big band é comandada por Inaldo Spok Cavalcante de Albuquerque, ou Maestro Spok, parceiro de longa data de Lenine.

Na formação, são 17 músicos que buscam reinventar a música pernambucana. O estado é um mundo musical próprio, com maracatu, frevo, coco e muito mais. Lenine homenageou tudo isso, e dava para encontrar bandeiras do estado na plateia.

“Vamos dividir com vocês um pouco da alma que nos une, que é Pernambucano”, disse Lenine. Entre arrumadinhas de cabelo, pausas para encontrar a partitura e aplausos da plateia, eles cantaram: “Paciência”, “Jack Soul Brasileiro”, “Hoje eu quero sair só” e outros sucessos.

Leia também: Como o violão percussivo de Lenine segue influenciando gerações

Depois, foi a vez dos frevos. O bloco estava formado, o inverno de São Paulo recebeu de braços abertos o carnaval de Pernambuco. Lenine disse: “Esse é o verdadeiro heavy metal!”.

O baile à la baiana de Seu Jorge

“Na calada de sábado à noite, todo mundo vai pra festa”, como diz a música “Sábado à Noite”. E foi nesse clima que Seu Jorge se apresentou no Turá, entre baladas, samba-rocks e pagodes. Ele abriu o show com “Mina do Condomínio”, mas o telão não funcionou durante os primeiros minutos da canção, fazendo o público se aproximar do palco.

A situação logo foi normalizada e todo o Turá pode curtir o Baile à la Baiana de Seu Jorge. Poucos comandam o palco com tanta naturalidade como ele. O clima foi de harmonia total entre Seu Jorge, a banda, as coreografias e até os figurinos, que impressionaram. Trata-se de uma performance completa que precisa ser vista ao vivo.

No repertório, entraram músicas do Baile à Baiana (2024), como “Sim Mais”, “Gente boa se atrai” e “Sábado à Noite”, mas também os hits “Alma de Guerreiro”, “Quem não quer sou eu” e “Amiga da minha mulher”.

Leia também: Seu Jorge leva seu “Baile à Baiana” para festivais e se reinventa em nova fase

Na hora de “Espelhos D’Água”, uma participação surpresa: Patrícia Marx. O dueto dos dois foi ainda mais especial, já que também era aniversário da cantora. Depois, a banda deixou o palco, mas o público pediu bis.

Seu Jorge voltou sozinho, acompanhado de seu violão, para cantar “É isso aí”. O coro em “Não sei parar de te olhar” emocionou o carioca. O show não poderia ter terminado melhor com a dobradinha: “Felicidade” e “Burguesinha”. Na festa de Seu Jorge, todo mundo se sente convidado de honra.

O jeitinho rockstar de Samuel Rosa

No show de Samuel Rosa, é difícil elencar a música que o público cantou mais alto. “Vamos dar uma passeada nesses 30 anos de carreira”, diz Samuel. Entre músicas novas, de Rosa (2024), e sucessos do Skank, ele comandou o domingo à tarde do Turá.

Samuel Rosa se jogou. Em “Jackie Tequila” desceu do palco, abraçou o público e ainda passou o microfone para frente. Quem estava só de passagem, se surpreendeu por conhecer quase todas as músicas. Até quem saiu no meio do show, saiu pulando.

A cada música, Samuel se aproximava mais do palco, e seu jeitinho de rockstar era bem recebido pela plateia. Cantou: “Vamos Fugir”, “Garota Nacional”, “Ainda gosto dela” e “Acima do sol”. A despedida veio com “Saideira”, colocando todo mundo pra dançar.

O romantismo de Gloria Groove

Para fechar o Turá: “São Paulo, vem se apaixonar comigo”, diz Gloria Groove. De “Loucuras de Amor” a “Coisa Boa”, Gloria entregou um show completo, com direito a elementos da turnê “Serenata da GG” também no festival.

Leia também: “O pagode é minha volta pra casa”, diz Gloria Groove sobre “Serenata da GG”

O telão do Turá ganhou ares de câmera do beijo, rosas para a plateia e até correio elegante. O fã Leo escreveu uma carta romântica para Lucas, que Gloria leu no palco, e dedicou a música “Samba em Paris” para o casal.

A sinfonia embalada pelos leques da plateia. Para fechar com chave de ouro, os funks clássicos da carreira: “Vermelho”, “Bonekinha” e “Coisa Boa”. Gloria Groove foi ovacionada pelo público, com a grande diva que é.

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01/07/2025

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Vitória Prates