Passaporte, copão, funk e ice: 3 perguntas sobre a gambiarra chic das Irmãs de Pau

17/06/2025

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Por: Pedro Furlan

Fotos: Divulgação/Wallace Domingues

17/06/2025

O novo álbum das Irmãs de Pau, Gambiarra Chic, Pt. 2 já apresenta suas intenções no título. Dando nome às suas próprias contradições e do mundo a sua volta, Vita Pereira e Isma Almeida constroem, ao longo das dez faixas, personas artísticas que vão do humor ao glamour de diva. Muito por isso, a dupla vem fazendo barulho no Brasil e até no exterior.

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Lançado em 19 de junho, o álbum traz uma mescla do funk eletrônico, pelo qual as artistas ficaram conhecidas, com hip hop e dancehall. Sobre esse som, Vita convida: “Cara, feche os olhos, coloque os fones de ouvido, se eles não estourarem, e ouça até o final”.

Com participações como Ebony, Duquesa e Ventura Profana, além de um feat com a coreógrafa e rapper Tasha Kayala, Gambiarra Chic, Pt. 2 mostra a versatilidade de Isma e Vita, bem como o crescimento constante da dupla. Nas rimas, as duas vão da putaria e ao humor, intercalando com temas mais sérios, como a vivência nas periferias e suas experiências como mulheres pretas e travestis, destacando a presença do hip hop no projeto.

“Acho importante disputar esse espaço, porque é um lugar que cria opinião, que cria senso comum, então, é importante para nós, como travestis, mostrarmos nossa opinião sobre o mundo, sobre a quebrada, sobre a política e, através do rap, é onde a gente consegue se colocar.”

Isma Almeida

Isma e Vita versam sobre suas experiências na quebrada, ambas crescidas em periferias de São Paulo, e sobre sua própria pesquisa cultural, exaltando a cultura periférica e suas raízes, seja de forma sonora ou verbal, na produção e na composição. 

“Sempre fomos influenciadas pela nossa quebrada, pelo nosso envolto, e nossa quebrada escutava muita coisa, então, ao mesmo tempo que um vizinho estava escutando forró, outro estava escutando Racionais, outra gospel dentro de casa”, explica Vita.

“O álbum vem primeiramente dessa nossa pesquisa, que é colocar o funk se encruzilhando com vários outros gêneros, é pensar nessa encruzilhada que se encontra e se desencontra. Mostrar que o funk pode ser muita coisa”, complementa.

Essa conexão com o funk está presente em todas as faixas, mesmo nas participações. Com nomes de destaque na cena underground na produção, como Cyberkills, DJ Dayeh, Brunoso e FUSO!, o álbum reflete as vivências das duas, trazendo junto também essa cena cada vez mais forte do funk no meio LGBTQ+.

Nunca largando a mão da putaria, inclusive sendo autonomeadas como “as novas ministras da putaria brasileira” por Vita, as Irmãs de Pau também exploram suas letras nesse ambiente, aperfeiçoando ainda mais os seus flows e o toque de humor em faixas como “BOY BOY” e “ETERNA FIEL”.

“A galera costuma estereotipar a galera do funk como algo de humor, gente que está falando sem pensar, mas, a gente exige respeito, assim, não estamos aqui para brincar, estamos fazendo um trabalho muito sério, e queremos ser levadas a sério”, finaliza Isma.

Abaixo confira nossas 3 perguntas para as Irmãs de Pau:

Qual é sua música favorita do álbum e qual foi a mais divertida de gravar?

Isma: Ai, não tenho música favorita ainda, você tem, amiga? Sou geminiana, muito indecisa. Mas, uma que teve um processo divertido e que o pessoal está curtindo muito na internet é “ETERNA FIEL”, porque a gente gravou e inicialmente ia ser um brega funk, gravamos no beat e depois virou uma eletrônica. Eu achei isso legal, porque eu estava bem apegada à primeira versão brega funk, estava muito zoeira, e depois virou um eletrônico tão bom quanto, achei curioso. Um dia, ainda vamos soltar essa versão brega funk.

Vita: Não tenho nenhuma, mas, vou falar “QUEENS OF CUNTY” porque só está nós duas. Acho que foi a primeira música que a gente compôs, se eu não me engano, foi no começo do ano passado, depois da turnê na Europa, trouxemos a ideia dela com “PASSAPORTE Y COPÃO”, foram as primeiras que a gente fez.

Qual vocês sentem que são as maiores diferenças entre vocês da parte 1 e vocês da parte 2?

Vita: Acho que a maior diferença é que eu sabia o que eu queria falar, sabia qual era a pesquisa, o nome, o direcionamento, estava muito segura do que queria falar e de como falar. Tem muita música que eu grito muito, mas, tem muita que falo de uma outra forma, canto de outra forma, fiquei muito feliz.

Isma: Acho que a Isma foi mais sincera e menos medrosa. Fomos duas vezes para o estúdio, quis regravar algumas coisas. “QUEIMANDO ICE”, com a Duquesa, na semana de enviar a música para as plataformas, falei que queria mudar uma coisa, precisava – e a gente teve três dias para fazer isso, e a equipe super abraçou minha ideia. Mas, no começo, sinto que tanto na parte 1, quanto no “Dotadas”, eu tinha algumas impressões de que algo não estava bom, mas, eu deixava passar, enquanto nesse, eu só deixei passar o que eu realmente gostei e o que me deixou segura.

Qual o maior sonho de cada uma com esse álbum?

Vita: Cara, eu queria muito tocar no máximo de lugares no Brasil, acho que isso vai ser muito gratificante. Porque temos fãs no Brasil inteiro, em muitos lugares que a gente nunca foi, e as pessoas perguntam quando vamos para lá. Meu maior sonho é que as festas independentes sejam valorizadas para que consigam levar a gente, esse mood. Quero que não só a gente, vários artistas consigam rodar esse país.

Isma: Acho que um sonho meu é cantar no Piauí, porque minha mãe é de lá, e é um dos poucos lugares que a gente não foi ainda. Queria muito apresentar o trabalho Irmãs de Pau no Piauí, porque lá faz parte da minha história, minhas raízes.

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17/06/2025

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Pedro Furlan