Fenômeno cultural que marcou gerações, o rock gaúcho vai muito além do rótulo musical. De bandas como Engenheiros do Hawaii, Replicantes e Nenhum de Nós até movimentos recentes, o termo carrega décadas de história, identidade regional e conexões transnacionais.
Foi justamente essa complexidade que motivou o músico e pesquisador Hernan Gonzalez a dedicar sua dissertação de mestrado ao tema: “ROCK GAÚCHO”: uma etnografia musical entre o Rio Grande do Sul e o Rio da Prata percorre um pouco do intercâmbio musical entre gaúchos, argentinos e uruguaios.
Defendida em 2024 no Programa de Pós-Graduação em Música da UFRGS, a pesquisa propõe uma etnografia do rock produzido no Rio Grande do Sul, analisando suas origens, características sonoras, aspectos mercadológicos e, principalmente, suas relações com o rock argentino e uruguaio.
O trabalho de Hernán, também integrante da banda Vera Loca, investiga desde a construção da identidade do chamado “rock gaúcho” até as aproximações estéticas e culturais com o chamado “rock platino” entre os anos 1980 e 2000. Para explorar seu objeto de pesquisa, o músico categoriza a popularização do rock gaúcho em três pilares: os meios de comunicação, as coletâneas em LP e as casas de shows.
Um dos destaques da pesquisa é justamente o diálogo constante entre Porto Alegre e Buenos Aires, passando por sonoridades, influências de mercado e festivais como o Planeta Atlântida e o Quilmes Rock. O estudo também aborda as tensões em torno do próprio termo “rock gaúcho”, aceito com orgulho por algumas bandas e rejeitado por outras por ser visto como limitante.
Ao registrar em profundidade os caminhos e as contradições dessa cena musical, a pesquisa de Hernán contribui não só para a memória cultural da região, mas também para ampliar a compreensão sobre como a música popular articula identidade, território e mercado, reforçando a importância de olhar para as cenas regionais. A dissertação está disponível para download no Lume, repositório digital da UFRGS.