Por que a geração Z está recuperando a cultura emo?

25/06/2025

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Por: Erick Bonder

Fotos: Camila Cornelsen/ Divulgação

25/06/2025

Rock triste, franjão no rosto, calça skinny e delineados pesados: o emo voltou. Ou talvez realmente nunca tenha ido embora, comprovando a máxima de que nunca foi apenas uma fase. Desde 2020, há um movimento internacional da geração Z (nascidos entre 1997 e 2010) revivendo o estilo, o gosto musical e o comportamento da subcultura que marcou a juventude nos primeiros anos da década passada.

“Hoje, se tu vai em uma festa emo, o público é uma galera bem nova. Em sua maioria, são pessoas que não foram nos shows do auge. Alguém com 20 e poucos anos hoje, tinha no máximo 10 anos na época. Então, é um saudosismo de uma coisa que não foi vivida”, declarou Lucas Silveira, frontman da Fresno, um dos representantes mais importantes do gênero no Brasil.

Foto do Arquivo Pessoal de Lucas Silveira, publicada em 2004 no Fotolog da Fresno
Foto do Arquivo Pessoal de Lucas, publicada em 2004 no Fotolog da Fresno



O emo surgiu como uma sub vertente do hardcore ainda nos anos 1980, com bandas como Rite of Springs, e foi ganhando, pouco a pouco, espaço na indústria musical, através de grupos como American Football, até estourar definitivamente, em meados dos anos 2000, no mundo inteiro, tendo My Chemical Romance, Paramore e Panic! At The Disco como ícones geracionais. No Brasil, a já citada Fresno dividiu o destaque com bandas como a NX Zero e Hevo 84.

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“A gente ficou muito popular. O NX Zero emplacou uma música atrás da outra como a mais tocada do país, nós também tivemos várias. E isso é um nível de penetração muito profundo, que alcança várias camadas da sociedade”, disse Lucas.


O emo nos primórdios das redes sociais

Além das guitarras distorcidas, vocais melódicos e letras sentimentais, o emo foi um movimento de moda e comportamento. A juventude que vivia o início da internet, socializando através de plataformas como Fotolog, My Space, MSN e Orkut, sentiu necessidade de encontrar pertencimento a grupos, em um mundo globalizado e difuso, no qual as identidades concebidas pelas gerações anteriores já não faziam sentido.

“Vivendo algo de dentro, é difícil analisar com distanciamento. Quando a gente começou a ser usado como exemplo de questões comportamentais, isso era um fenômeno global. As pessoas passaram a consumir música sem depender de TV ou rádio. Também teve essa coisa da expressão pessoal, as pessoas se encontraram na internet e formaram nichos”, comentou Silveira.

Post feito no Fotolog da Fresno, em 2004

Nova geração


Portanto, não é à toa que a geração Z tenha recuperado o emo, especialmente a partir de 2020, com a pandemia e novas mudanças de paradigma na vida em sociedade. Tanto a falta de distinção entre o mundo online e a vida cotidiana quanto a difusão de novas ideias sobre gênero e sexualidade representam paralelos entre os emos de hoje e os jovens emos dos anos 2000, então, pouco compreendidos.

A expressão desse novo boom do emocore pode ser visto nos e-boys e e-grils que postam milhões de vídeos no TikTok com hashtags como #emo, #emocore e #alt. Influências do emocore são vistas no trap, com nomes como Lil Peep, e no pop, com artistas como Billie Eilish, mas também por músicos que trazem o legado de forma mais direta, como Yungblud. No Brasil, artistas como Lucas Inutilismo, Morro Fuji e Bullet Bane continuam com o legado.



Bandas como My Chemical Romance e Paramore, que haviam pausado as atividades, estão juntas novamente, gravando álbuns ou fazendo shows. A NX Zero realizou uma turnê que lotou casas pelo Brasil e encerrou com ingressos esgotados no Allianz Park, em São Paulo. Há também festivais nacionais e internacionais dedicados à música emo, como o I Wanna Be Tour, o Polifonia Emo Vive e o When We Were Young, movimentando um mercado de milhares de fãs.

A Fresno, que nunca parou, está vivendo o seu melhor momento, segundo Thiago Guerra, baterista do grupo. E você, já aderiu ao comeback do emo? Eu Nunca Fui Embora, novo álbum da banda, chegou em disco de vinil no NRC+, acompanhado por um fanzine cheio de histórias e outros itens colecionáveis. Garanta agora a sua edição para celebrar o emo e os 25 anos de Fresno.

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25/06/2025

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Erick Bonder