Rock triste, franjão no rosto, calça skinny e delineados pesados: o emo voltou. Ou talvez realmente nunca tenha ido embora, comprovando a máxima de que nunca foi apenas uma fase. Desde 2020, há um movimento internacional da geração Z (nascidos entre 1997 e 2010) revivendo o estilo, o gosto musical e o comportamento da subcultura que marcou a juventude nos primeiros anos da década passada.
“Hoje, se tu vai em uma festa emo, o público é uma galera bem nova. Em sua maioria, são pessoas que não foram nos shows do auge. Alguém com 20 e poucos anos hoje, tinha no máximo 10 anos na época. Então, é um saudosismo de uma coisa que não foi vivida”, declarou Lucas Silveira, frontman da Fresno, um dos representantes mais importantes do gênero no Brasil.

O emo surgiu como uma sub vertente do hardcore ainda nos anos 1980, com bandas como Rite of Springs, e foi ganhando, pouco a pouco, espaço na indústria musical, através de grupos como American Football, até estourar definitivamente, em meados dos anos 2000, no mundo inteiro, tendo My Chemical Romance, Paramore e Panic! At The Disco como ícones geracionais. No Brasil, a já citada Fresno dividiu o destaque com bandas como a NX Zero e Hevo 84.
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“A gente ficou muito popular. O NX Zero emplacou uma música atrás da outra como a mais tocada do país, nós também tivemos várias. E isso é um nível de penetração muito profundo, que alcança várias camadas da sociedade”, disse Lucas.
O emo nos primórdios das redes sociais
Além das guitarras distorcidas, vocais melódicos e letras sentimentais, o emo foi um movimento de moda e comportamento. A juventude que vivia o início da internet, socializando através de plataformas como Fotolog, My Space, MSN e Orkut, sentiu necessidade de encontrar pertencimento a grupos, em um mundo globalizado e difuso, no qual as identidades concebidas pelas gerações anteriores já não faziam sentido.
“Vivendo algo de dentro, é difícil analisar com distanciamento. Quando a gente começou a ser usado como exemplo de questões comportamentais, isso era um fenômeno global. As pessoas passaram a consumir música sem depender de TV ou rádio. Também teve essa coisa da expressão pessoal, as pessoas se encontraram na internet e formaram nichos”, comentou Silveira.

Nova geração
Portanto, não é à toa que a geração Z tenha recuperado o emo, especialmente a partir de 2020, com a pandemia e novas mudanças de paradigma na vida em sociedade. Tanto a falta de distinção entre o mundo online e a vida cotidiana quanto a difusão de novas ideias sobre gênero e sexualidade representam paralelos entre os emos de hoje e os jovens emos dos anos 2000, então, pouco compreendidos.
A expressão desse novo boom do emocore pode ser visto nos e-boys e e-grils que postam milhões de vídeos no TikTok com hashtags como #emo, #emocore e #alt. Influências do emocore são vistas no trap, com nomes como Lil Peep, e no pop, com artistas como Billie Eilish, mas também por músicos que trazem o legado de forma mais direta, como Yungblud. No Brasil, artistas como Lucas Inutilismo, Morro Fuji e Bullet Bane continuam com o legado.
Bandas como My Chemical Romance e Paramore, que haviam pausado as atividades, estão juntas novamente, gravando álbuns ou fazendo shows. A NX Zero realizou uma turnê que lotou casas pelo Brasil e encerrou com ingressos esgotados no Allianz Park, em São Paulo. Há também festivais nacionais e internacionais dedicados à música emo, como o I Wanna Be Tour, o Polifonia Emo Vive e o When We Were Young, movimentando um mercado de milhares de fãs.
A Fresno, que nunca parou, está vivendo o seu melhor momento, segundo Thiago Guerra, baterista do grupo. E você, já aderiu ao comeback do emo? Eu Nunca Fui Embora, novo álbum da banda, chegou em disco de vinil no NRC+, acompanhado por um fanzine cheio de histórias e outros itens colecionáveis. Garanta agora a sua edição para celebrar o emo e os 25 anos de Fresno.