Quando há respeito e compreensão, o amor vem leve, mas bate forte. Para uma banda familiarizada com a técnica de suas músicas, só não se solta quem não quer. O primeiro show da turnê brasileira e, cinco meses depois, a apresentação exata ontem à noite mostram o quanto a Banda do Mar cresceu como banda e no coração das pessoas. Tanto Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e Fred Ferreira, como todos os fãs que encheram o Bar Opinião, estavam repletos de alegria e paixão por aquele momento de reencontro.
O trio já não precisava mais do uniforme que usara no Araújo Vianna. A Banda do Mar agora faz parte da vida das pessoas graças a essas músicas perfeitas para se tornarem nossa trilha-sonora, como “Me Sinto Ótima”. Mallu estava inspirada e foi cuidadosa nos vocais e backing vocals; Camelo começou com a SG empunhada e estava adorando brincar com as distorções e ruÃdos; Fred é o tÃmido apenas aparentemente, porque doma a bateria de um jeito que apimenta a Banda do Mar. Com o coro constante da plateia, “Cidade Nova”, “Me Sinto Ótima” e “Hey Nana” cessaram aquela ansiedade inicial que vinha tanto do palco como do público. Era saudade mesmo.
A Banda do Mar se permite experimentar e até canções que poderiam permanecer em sua doçura ganharam mais energia no show. De um jeito ou de outro, as músicas falam sobre uma relação a dois que quem assistia ao show observava e interagia com carinho. Uma simples troca de olhares era motivo para o público se derreter de amores pelos dois. Fred Ferreira também não deixou essa catarse esmaecer, mantendo-a pulsante. No primeiro bloco com composições da Banda do Mar ainda teve “Mais Ninguém”, “Pode Ser”, “Mia” e “Faz Tempo”. Aliás, o set-list dos últimos shows não tem mudado muito. Eles seguem uma divisão uniforme entre músicas do trio e das carreiras solo de Marcelo Camelo e Mallu Magalhães, além de um clássico do Los Hermanos para levar todos ao delÃrio.
“Eu sabia que vocês viriam”, disse Camelo antes de Mallu dar inÃcio à s canções solo. Na mesma noite, The Kooks e Kasabian se apresentavam em Porto Alegre, mas isso não foi o suficiente para afetar o show cheio no Opinião. Cheio de gente, cheio de amor e cheio de histórias. A cada música, uma nova identificação. Mallu trouxe sua “Velha e Louca”, enquanto Camelo veio jogando seu charme com “Vermelho”. A resposta de Mallu foi com o chamego de “Olha Só, Moreno”, mas foi o hino “Além Do Que Se Vê”, do Los Hermanos, que encerrou uma das partes mais sentimentais da apresentação.
O clima de amor no palco não acabaria até o fim do show. A vida a dois é imperfeita como a guitarra de Camelo em “Solar” enquanto se mantinha agarradinho à Mallu. A perfeição não é o objetivo dos três, mas a busca por sentimentos reais que os mantenham vivos “Seja Como For”, como em seguida cantaram. Também teve “Doce Solidão”, de Camelo, mas o ápice dessa relação é em “Janta”, a declaração de pura entrega dos dois. O trio voltou para o bis clássico dos últimos shows: “Cena”, de Mallu, com o arranjo totalmente diferente; “Morena”, de Camelo; e “Muitos Chocolates” encerrou a apresentação com uma Banda do Mar feliz da vida no palco, e um público ainda mais.