Lançado neste mês, Guizo de Cascavel (2025), novo álbum de Rodrigo Alarcon, é uma carta de amor à cultura nacional. Com produção de Niela Moura, as 11 faixas nasceram de um mergulho profundo na música popular brasileira. O resultado é um álbum vibrante, que reverbera o passado, dialoga com o presente e aponta para o futuro.
“O álbum é fruto de anos de pesquisa e experimentação sobre a Música Popular Brasileira. Até onde vai essa tal de MPB? Venho buscando quem eu sou nesse caldeirão de possibilidades que a sigla carrega. Quando observo minha trajetória, entendo esse álbum como uma consequência natural”
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Ampliando suas fronteiras musicais, Guizo de Cascavel mistura maracatu com a viola caipira, samba com rock e reggae com baião, resultado das vivências de Rodrigo pelo país. Expedindo este universo sonoro, o álbum traz ainda participações de Pedro Altério, Ivyson, Rashid e Nina Oliveira
Guizo de Cascavel faixa a faixa:
“Saudade dela”: faixa de introdução do disco, carrega uma melancolia acompanhada de viola e guitarra, estabelecendo o tom do álbum. A letra fala de um mundo que não para pra gente sofrer. Com poucos elementos, abre o álbum em um desabafo arrastado e poético, valorizando a interpretação e reafirmando a imensidão da música popular brasileira.
“Até o sol aparecer (feat. IVYSON & Pedro Altério)”: traz um clima solar e apaixonado logo após a melancolia inicial. Fala de um amor que começa com frescor e simplicidade. As três vozes somadas criam uma textura única e envolvente. Num arranjo contemplativo, a produção evoca o conforto do amor recente e a tentativa inevitável de driblar o tempo.
“Menino Amor”: descreve um amor que começou leve, como brincadeira, e terminou com feridas e aprendizado. A canção contrapõe amor próprio e desilusão, com um arranjo dançante que contrasta com a tristeza da letra, revelando superação e força diante do fim.
“Garota do Fantástico”: um samba com influências de jazz que retrata o dilema do trabalhador brasileiro entre a alegria da sexta-feira e a melancolia do domingo. A música espelha o contraste entre desejo e obrigação, retratando com leveza a atmosfera urbana das grandes cidades.

“Pegapacapá (part. Rashid)”: mistura samba, salsa e rap para falar do cotidiano do trabalhador que corre atrás dos sonhos em meio ao caos urbano de São Paulo. “Pegapacapá” é a olimpíada diária de quem, com resiliência, desvia dos contratempos e conquista pódios invisíveis.
“Guizo de Cascavel”: faixa central do disco, une baião, rock’n’roll e música caipira. A letra aborda a mística do guizo de cascavel como amuleto dos violeiros. O destaque vai para os arranjos de violão, baixo, guitarra e viola caipira. É o encontro da cultura popular e do folclore brasileiro com temas urbanos e atuais.
“Maria (feat. Nina Oliveira)”: primeira versão de estúdio da canção composta em 2016, agora em formato de reggae com influências de xote. Reaproxima o público que acompanha o artista desde o início e consagra a parceria com Nina Oliveira, antes presente apenas nos palcos.
“Fofoca”: sátira em forma de samba, inspirada em Aldir Blanc e João Bosco. Retrata, com humor, a relação íntima do brasileiro com a fofoca. O arranjo combina elementos tradicionais, violão 7 cordas e bandolim, com guitarra elétrica, conduzindo o ouvinte até o final com ironia e leveza. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
“Mão da Cartomante”: afirmação delicada e intensa da existência de um artista brasileiro nos tempos de hoje. O arranjo combina influências de pop, maracatu, baião com percussão corporal e soul brasileiro, criando uma fusão vibrante de estilos.
“Bom rock bom roll”: celebra a canção popular brasileira em toda sua diversidade. Reúne as influências que moldaram o álbum, reverenciando grandes nomes da MPB.
“Saudade dela (fim)”: retorna como um oroboro: a mesma memória em outro tom, ritmo e tempo. Em contraponto à versão inicial, encerra o disco oferecendo uma nova perspectiva ao mesmo sentimento.