O jornalista musical e criador de conteúdo carioca Pietro Reis define o Segue o Som como o projeto da sua vida. Ele encara o programa como a realização de um sonho antigo: ter um espaço próprio para entrevistas, em que pudesse mergulhar fundo na música e nas histórias de seus convidados.
A primeira temporada do Segue o Som estreou com Liniker e já recebeu nomes como Xamã – que falou sobre ancestralidade indígena – e terá ainda encontros com Marcelo D2 e Nave, além de um episódio especial sobre espiritualidade com Os Garotin.
“Eu sempre sonhei em ter um programa meu de entrevistas: um programa com unidade, com episódios… não do jeito que eu sonhei, mas perto disso, um programa que eu sempre quis ter e que consegui tirar do papel”, conta Pietro.
“O processo já foi um negócio muito gostoso e que está me fazendo muito feliz e ansioso”, conta. “Significa muito, é uma validação tremenda, uma confiança muito grande no meu trabalho, de que as coisas estão no caminho certo. Eu nunca fiz isso porque eu queria uma validação deles, mas também não vou mentir: é muito legal ver que pessoas que eu admiro, admiram o meu trabalho e veem valor nisso”, afirma.

Na cena digital, Pietro sempre transitou entre a prática jornalística e o papel de criador de conteúdo. Essa dualidade, que muitas vezes gera conflito, virou pauta do próprio programa, no episódio com Foquinha. “Eu tive muita dificuldade de admitir que era influenciador. Eu só fui admitir isso agora que entrei para a Play9. Porque, querendo ou não, o meu trabalho é influenciar: eu influencio as pessoas a escutarem coisas, a pensarem e tudo mais. Mas eu acho que tô fazendo as pazes com essa palavra também, acho que tá tudo bem”, reflete.
O cuidado com a informação, contudo, segue como norte: “Eu sempre tento jogar um pouquinho ali de verdade, de informação, do que aprendi com o jornalismo.” Em uma era em que os conteúdos curtos dominam TikTok e Instagram, Pietro aposta no formato de conversas longas, densas e presenciais. “A tela é fria, né? No ao vivo você percebe os sinais que o entrevistado dá… isso você não consegue fazer numa tela. Meu texto sempre foi pensado para fala. E o meu público sempre pediu conteúdos longos. Então, não sei se é um paradoxo, mas é uma verdade.”

Mesmo assim, o apresentador reconhece que cortes vão circular nas redes: “Segue o Som tem cortes, mas ele não é pensado para ter. É outra proposta. Agora, se vai ser o meu público ou um novo, eu não sei. Eu quero chegar no máximo de pessoas possíveis. Desde o primeiro episódio com Liniker, o apresentador inclusive precisou explicar cortes fora de contexto que repercutiram nas redes sociais por diferentes páginas. Embora a música seja o fio condutor, Pietro abre espaço para atravessamentos que orbitam o universo artístico.
“Um dos temas que mais têm aparecido é saúde mental. Tenho falado muito com os artistas sobre isso e vem organicamente. Também tenho levado produtores para abrir a mix, explorar composição e produção. E abri espaço para falar da criminalização do funk e do trap, com advogados, parlamentares e pesquisadores. Eu tô abrindo espaço para falar de outras coisas que não são só fonogramas, porque a música tá em tudo.”

Apesar do início de um projeto que já é o maior de sua carreira, Pietro define o sonho de sua vida em um programa de entrevistas. “O que eu sonho não é um podcast. O que eu sonho é um programa de entrevistas que tem mais cara de TV, de Jô [Soares], de Maria Gabriela, [Pedro] Bial. Cresci vendo isso e é esse caminho que eu gosto. O que eu quero pro Segue o Som hoje é continuar abrindo conversas, ser um espaço para falar não só do novo, mas de coisas novas. Ser diferente do que tá por aí. Eu tô sendo um facilitador, uma ponte entre público e artista.”
Com uma temporada que equilibra nomes consagrados e debates urgentes, Pietro comemora a consolidação do projeto da sua vida – um sonho que já deixou o campo das ideias e começa a ocupar um espaço essencial na cobertura musical brasileira.