Por trás das capas

03/06/2013

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Por: Revista NOIZE

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03/06/2013

Stefan Sagmeister é um dos designers mais importantes do mundo. Formado na Universidade de Artes Aplicadas de Viena, ele vive desde o final dos anos 80 em Nova York, onde mantém o seu próprio escritório. Uma de suas obras mais conhecidas – e até hoje uma das mais polêmicas – é o cartaz para uma palestra do American Institute for Graphic Arts, de 1999. No trabalho, todas as informações do evento foram entalhadas no seu próprio torso.

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No campo da música, Stefan Sagmeister já criou capas para as bandas Talking Heads, Rolling Stones e para os cantores David Byrne e Lou Reed. E foi justamente para conversar sobre a relação do design com a música que conversamos com Sagmeister por e-mail, na última semana.

Vale lembrar que o cara estará em Porto Alegre no próximo dia 13 de junho, para dar a palestra “Design Can Make You Happy”. No evento, realizado pela Will Meeting School e pela Agência Matriz, ele vai mostrar os seus trabalhos mais recentes e conversar sobre o seu processo criativo, que já deram a ele dois prêmios Grammy. Os ingressos podem ser adquiridos pelo hotsite www.saginpoa.com.br.

De que forma a música está inserida no seu trabalho?

Para começar, eu preciso dizer que não trabalho mais com música. Eu parei de desenhar capas de discos em 2000, quando comecei a me interessar por outras coisas. Enfim, a música parou de ter o mesmo papel na minha vida quando me aproximei dos quarenta anos de idade. Ter feito a arte do projeto Byrne/Eno, em 2008 foi uma exceção, muito porque a música era formidável. David Byrne é uma pessoa maravilhosa e eu tinha vontade de conhecer o Brian Eno também.

Mas a verdade é que eu abri o meu estúdio de design para trabalhar especialmente para a indústria da música. Eu posso dizer que trabalhei para muitas das minhas bandas favoritas e, por essa proximidade, meio que a coisa perdeu a graça para mim. Então eu mudei. Nos últimos sete anos, passei um quarto do tempo desenhando para causas sociais, um quarto para projetos pessoais, um quarto para empresas e um quarto para instituições culturais.

Que tipo de relação é preciso estabelecer com a banda antes de desenhar a capada de um disco? É importante conhecê-la a fundo e ouvir todas as suas músicas?

Nós sempre falamos das bandas e das suas músicas. De onde eles vieram, quando gravaram os discos, como foram esses processos. Inspirações, lugares e pessoas. Mas nós nunca falamos das capas. Isso é o que eu chamo de visualizar a música. É esse o trabalho do designer.

Muito se fala em design hoje em dia. Mas parece que o mercado, principalmente o de capa de discos, sofre uma espécie de crise criativa nos últimos tempos. A fórmula que se esgotou ou falta ousadia para apostar em novas ideias?

Cerca de dez anos atrás, eu decidi minimizar os projetos relacionados à música em um quarto da minha carga de trabalho. Não porque eu previ, inteligentemente, os problemas da indústria fonográfica, mas porque eu fiquei entediado com o dia a dia. Muitas vezes, eu tratava com três clientes ao mesmo tempo e o meu limite para lidar com essa dinâmica chegou ao limite. O trabalho passou a ser superficial, para mim e para todo mundo. Foi por isso que eu decidi não aceitar mais qualquer trabalho na área e me redirecionei para outras. Não há mais essa coisa de “visualizar a música”.

Qual é o grande valor do design hoje em dia?

Se você vive em um ambiente urbano, como qualquer lugar do mundo hoje, tudo o que rodeia você é resultado do design. As roupas que você veste, os móveis da sua casa, o seu apartamento, a casa do vizinho, o parque, a rua e a própria cidade. Tudo isso pode ser projetado de um jeito bom ou de um jeito ruim. É esse o valor do design hoje em dia.

A venda de música digital é cada vez maior e a venda de discos cada vez menor. De que forma o design poderá trabalhar com a música no futuro?

A situação de agora é ruim para os artistas. Como as músicas circulam em playlists, que são compartilhados pela internet, as pessoas sequer sabem como aquela banda se veste ou como ela é chamada. Então, eles veem um cartaz de um show e não sabem se é aquela banda que eles gostam e escutam em casa. De certa forma, os clipes têm substituído um pouco o disco, no sentido de poder conhecer a banda. Mas acho que eles nunca irão substituir o que a capa de um álbum representa.

(Fotos: John Madere e Sagmeister & Walsh)

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03/06/2013

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