The Hives fala sobre Suécia, Viagra Boys e paixão por discos de vinil

26/05/2025

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Por: Damy Coelho

Fotos: Divulgação

26/05/2025

O sol ainda estava a pino no Primavera Sound 2023 quando o The Hives subiu ao palco. Ainda assim, os suecos não abandonaram os clássicos terninhos, figurino oficial do grupo. O vocalista, Howlin’ Pelle Almqvist, corria, pulava, suava, chamava o público pra jogo e, ao fim do show, tinha a plateia nas mãos. Muita gente ali saiu falando que foi uma das melhores apresentações do festival – nenhuma novidade para os fãs, que já conhecem o poder da banda ao vivo, indo ao extremo oposto do imaginário de uma Suécia fria e sisuda.

Dois anos depois, encontro o mesmo Pelle tranquilamente fumando um cigarro ao lado de alguns jornalistas, em um estúdio de São Paulo, pouco antes de uma rodada de entrevistas. Usando os ternos de sempre, Howlin’ PelleChris DangerousThe Johan And OnlyNicholaus Arson e Vigilante Carlstroem cumprimentaram cada um dos jornalistas, mostrando que o carisma vai além da performance. Dessa vez, o Hives não veio para um show – infelizmente – mas para promover o vindouro disco The Hives Forever Forever The Hives, sétimo de uma carreira que já dura três décadas, com lançamento previsto para agosto.

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Durante a entrevista para a Noize, pergunto a Pelle e ao baterista, Chris Dangerous, o porquê de um título tão autocelebrativo para o disco. “O nome é como uma saudação. Sabe, nós sempre fomos e seremos esse Hives. Nós temos 30 anos de banda”, disse – “E vamos ter mais 30!”, completou o baterista. Sorte dos fãs, que se apaixonaram pelo garage rock enérgico dos suecos desde o hit “Hate to Say I Told You So“, do álbum Veni Vidi Vicious (2000). De la pra cá, foram seis discos, com um espaço de quase 10 anos entre Lex Hives (2012) e The Death of Randy Fitzsimmons (2023).

The Hives Forever Forever The Hives chega com a expectativa de uma produção assinada por Mike D, do Beastie Boys, Josh Homme (Queens of The Stone Age) e Pelle Gunnerfeldt – esses dois últimos, parceiros de longa data dos suecos. “Queríamos essa energia punk dos Beastie Boys, então chamamos o Mike, e foi incrível. Ele também faz os vocais em algumas músicas”, diz o vocalista. “Já Pelle está com a gente desde o início e o Homme é nosso amigo, nos deu bons conselhos. Brinco que gastamos anos neste disco, o Pelle levou meses, Mike D alguns dias e o Josh algumas horas [risos]“.

O primeiro single do The Hives Forever the Hives (“para sempre Hives”) chegou ao mundo com o sugestivo e irônico nome “Enough Is Enough” (“já basta”, em português), com toda a energia punk que a banda entrega.

Durante o papo, conversamos também sobre a cena roqueira da Suécia, hoje catapultada por bandas como o Viagra Boys. Tanto o Hives quanto o Viagra Boys têm em comum a irreverência, o que inspirou um festival sueco a propor uma “batalha” entre as duas bandas, como um duelo no palco. Os integrantes de ambos os lados entraram a fundo na brincadeira, o que rendeu uma série de provocações irônicas nas redes sociais.

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A treta parece não ultrapassar a brincadeira pontual, já que Viagra Boys também está sob o guarda-chuva da produção de Pelle Gunnerfeldt, assim como outros artistas que o Hives nos recomenda, como o Yikes e Lovers Kit. “Mas a Suécia está produzindo um som mais disco music que punk rock”, comenta Pelle – como quem recorda que o país também é a terra do Abba.

Mas foi quando puxamos o papo para discos de vinil que Pelle e Chris mais se empolgaram, revelando uma paixão em comum com a gente. Eles contam que sempre pensam no vinil como formato quando produzem um álbum, refletindo cuidadosamente sobre a disposição de músicas, criando a partir do conceito de lado A e lado B. “É assim que gostamos de pensar sobre música, mesmo que esteja em streaming”, revela Pelle.

Já Chris trouxe um caso familiar: “A coleção de discos dos meus pais é bem grande, sabe, eles até saíram num jornal da Suécia com uns discos do Elvis! Nós crescemos ouvindo vinil – mas sem poder tocar neles porque eram tão preciosos [risos]“. Pelle finaliza: “Foi assim que aprendemos música: ouvindo discos de vinil. Foi através dos vinis que aprendemos o que era rock’n’roll, que aprendemos como funciona, quando não funciona e porque funciona. Então, o vinil é meio que a nossa escola”.

Com uma bela capa já divulgada – com os integrantes vestidos de reis – torcemos para que The Hives Forever The Hives também se materialize em um álbum de vinil. É esperar para ver.

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26/05/2025

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Damy Coelho