Nilüfer Yanya estava de folga no Havaí quando fizemos nossa entrevista, no final de outubro. Mesmo assim, topou uma pausa no descanso para falar à imprensa brasileira sobre sua estreia por aqui — a cantora se apresenta no Cine Joia, em São Paulo, no dia 12/11 [veja ingressos abaixo]. “Estou bem animada!”, disse ela, que ainda nos contou sobre o que admira na nossa sonoridade.
Aos 30 anos, a cantora é expoente da nova música britânica. Se, nos anos 90, o país exportava seu britpop hegemonicamente masculino — exemplo de Blur e Oasis — hoje, o som do Reino Unido ecoa em vozes femininas. Para além dela, dá pra citar Rachel Chinouriri (evocando um novo britpop), Olivia Dean (com seu neosoul potente), Pinkpantheress (num hyperpop com influências de drum’n’bass que viralizou no TikTok) e, obviamente, Dua Lipa, uma das mais populares do momento.
Já o som de Nilüfer apresenta um indie rock rodeado por outros estilos, do eletrônico a toques sutis de bedroom pop, tendo a guitarra, sempre ela, como protagonista. Esse mix sonoro — junto a uma voz singularmente grave — chamou a atenção desde o primeiro álbum da artista, Miss Universe (2019).
A combinação voz-guitarra-clima confessional faz lembrar um King Krule com uma herança de Amy Winehouse. A sensação de ouvir Miss Universe é a de adentrar o quarto da artista, que, acompanhada de seu instrumento favorito, canta sobre ansiedades, necessidade de aceitação e outros dilemas, no que pode ser considerado uma resposta ao mercado wellness. O lançamento chamou a atenção da crítica, que seguiu acompanhando cada novo trabalho da artista. Todos eles, por exemplo, levaram o selo Best New Music da Pitchfork.
O disco seguinte, Painless (2022), traz outras camadas sonoras: há ecos R&B e batidas eletrônicas misturados a uma pegada pós-punk. O álbum tem um quê soturno, como uma caminhada à noite entre as ruas e pubs de Chelsea, seu bairro de origem.
Se, a essa altura, o público e a crítica já estavam entregues, com My Method Actor (2024), Yanya se coroou. O trabalho é um salto sonoro, um jogo de tentativa e erro, em que ela se coloca como atriz (daí o nome do álbum, que se refere aos métodos de atuação) e protagonista de sua própria história, ainda que seja uma história errática. O verso da canção de abertura, “I’m a loser first/Come on do your worst,” pode, num primeiro momento, evocar a “Creep” do Radiohead, a clássica canção loser dos garotos indies. Mas, pela lente feminina, a cantora mostra estar pronta para o perigo — e sabe muito bem o que está fazendo.
Com um repertório robusto na gaveta, Yanya e Wilma Archer, parceiro musical desde o primeiro disco, decidem trabalhar algumas canções que sobraram dos trabalhos anteriores. Nasce, assim, o EP Dancing Shoes (2025). As canções trazem à tona também o violão, guiado com pegada roqueira, incluindo ainda um trabalho de orquestração eletrônica.
Música brasileira
Filha de pai turco e mãe com ascendência irlandesa e barbadiana, Yanya cresceu ouvindo Nina Simone, Strokes, PJ Harvey e Amy Winehouse. E vai além. Como muitos estrangeiros, ela conheceu a música brasileira pela bossa nova, que lhe chamou a atenção por um aspecto: “Tem uma coisa no violão brasileiro que me impressiona muito, desde quando era muito jovem”, nos conta.
Nilüfer tem uma longeva base musical. Começou a tocar piano aos 10 anos de idade. Depois, migrou para a guitarra. Um pouco mais objetiva nas respostas, ela se empolga mesmo quando fala sobre sua relação com o instrumento: “Na adolescência, o que me fascinava era algo meio pop punk, sabe? Eu via essas bandas, tipo Blink 182, tocando em todos os lugares e fiquei muito interessada em guitarra por causa delas. Tinha toda essa coisa também do movimento do skate”, lembra. “Mas, no fim das contas, o que mais me fascina é o som tirado da guitarra, o fato de ela poder ser tocada de tantas formas diferentes… Parecia algo muito interessante de experimentar”, conta.
É todo esse experimento com as cordas e as distorções que ela se prepara para trazer na sua estreia em palcos brasileiros. A cantora toca por aqui por meio da Índigo, plataforma da 30e que investe na curadoria de novos sons, de diferentes estilos musicais.
ÍNDIGO: Nilüfer Yanya @São Paulo
Data: 12 de novembro de 2025 (quarta-feira)
Local: Cine Joia – Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade – São Paulo/SP
Valores: Pista: R$ 212,50 (meia-entrada) | R$ 425,00 (inteira)
Ingressos: eventim.com.br/NiluferYanya
Vendas online em: eventim.com.br/NiluferYanya
Bilheteria oficial: Bilheteria A no Allianz Parque – Rua Palestra Itália, 200- Água Branca – São Paulo/SP
Funcionamento: Terça a sábado das 10h às 17h
*Não há funcionamento em feriados, emendas de feriados, dias de jogos ou em dias de eventos de outras empresas.
