O quinto álbum do Vivendo do Ócio é um retorno às raízes. Após um jejum de cinco anos sem um novo disco, a banda lançou Hasta La Bahia (2025), na última sexta-feira (19/9). Como o nome indica, o conceito do novo trabalho versa sobre o lar. “Queremos mostrar que a Bahia segue um polo criativo e inovador”, comenta o grupo.
O álbum também marca a chegada do baterista Gabriel Burgos, que completa a formação com Jajá Cardoso, Luca Bori e Davide Bori. O disco, com oito faixas e produzido por André T, também traz participações de Paulo Miklos, Jadsa e Martin Mendonça.
O grupo ainda dividiu a caneta com Ronei Jorge e Nivaldo Brito. Além da Bahia e de sentimentos como o amor e a maturidade, o álbum ainda traz outras inspirações, como em “O Lobo da Estepe”, inspirada no clássico livro de Hermann Hesse.
Com quase duas décadas de estrada, o grupo chegou onde queria chegar em Hasta La Bahia (2025). O rock independente ganhou ares de brasilidade e toques de funk, soul e disco. É íntimo e sonhador, mas nem por isso, menos dançante. Leia (e ouça) o faixa a faixa abaixo:
“Baila Comigo”: a letra fala sobre autodescoberta e sobre como lidar com os improvisos da vida. Cada degrau traz uma nova direção, cada passo uma nova sensação, mostrando que o caminho de cada um não é fixo, mas construído à medida que se avança. Mesmo quando os sentimentos parecem confusos ou inacabados, ainda assim são válidos e verdadeiros. A canção é um chamado para respeitar o próprio ritmo — um convite para dançar com o tempo e nele confiar.
“Hasta La Bahia”: primeira parceria com o poeta e amigo Ni Brisante, a faixa nasceu de uma relação que começou ainda em São Paulo, quando Ni citou a banda no livro Tratado Sobre o Coração das Coisas Ditas (2013).
Em 2021, Luca musicou um de seus poemas, dando origem à canção. É um convite disfarçado de música, um chamado para confiar nos encontros — consigo mesmo, com outra pessoa ou com um destino. A Bahia surge como metáfora para o abraço que acolhe e faz sentir-se em casa.
“Não Tem Nenhum Segredo”: a música nasceu de um sonho de Jajá Cardoso, que acordou com o refrão pronto e correu para gravá-lo no celular. O compositor Ronei Jorge foi convidado a concluir os versos, e a canção ganhou corpo com os arranjos da banda, a produção de André T e o dueto de Jajá com Jadsa, que trouxe o timbre marcante que faltava para concretizar a faixa.
“Onda do Nepal”: um delírio debochado sobre paixão e perda. A letra fala da tentativa de recuperar um sentimento vital, misturando referências inesperadas como Fullmetal Alchemist, onde os irmãos Elric buscam restaurar seus corpos pela alquimia. O resultado é uma montanha-russa de arranjos dançantes, com pitadas de rock em descontrole.
“Se Me Deixar Eu Vou Lá”: composta na época do disco O Pensamento É Um Imã (2012), reencontrada em uma pasta de arquivos e rearranjada para o novo álbum. Pulsante e com forte conexão com a fase anterior da banda, se encaixou naturalmente no repertório.
“Eu Ainda”: fala sobre os altos e baixos da vida e a fé que nos impulsiona a seguir em frente, mesmo quando tudo parece dar errado. Em clima leve e descontraído, traz uma roupagem de indie rock que traduz esperança e resiliência.
“O Lobo da Estepe”: inspirada no livro de Hermann Hesse, a faixa nasceu em parceria com Martin Mendonça, que participou da composição, dos arranjos e gravou guitarras. É a canção mais pesada e roqueira do disco, condensando intensidade e densidade sonora.
“Vai Voar”: foi composta por Luca, fala sobre sentimentos e escolhas em uma relação à distância, exaltando respeito e liberdade como forças vitais do amor. A música tem arranjo de Jorge Solovera e conta com quarteto de cordas da Orquestra Sinfônica da Bahia, adicionando uma camada de lirismo ao fechamento do álbum.