
Foto da Maria Joana Avellar
Eis que o primeiro post no meu blog é também o primeiro post da minha vida. Como Howard, o personagem personagem de Stranger Than Fiction (e é “personagem personagem”, assim mesmo), pareço ter “começado a viver” na última sexta-feira. Se são as pequenas coisas, as “sutilidades e futilezas” que fazem a vida valer a pena, talvez o show do Radiohead não tenha sido o momento que faz minha existência gozar de tamanho gozo, mas a reunião de um zilhão de sutilezas precisas e imediatamente necessárias, essenciais, proporcionadas pela ocasião.
Não, este blog não será sempre elogioso e grandloquente assim – é apenas reflexo do inconcebível que os ingleses mais importantes para a música atual fizeram na última sexta, na Praça da Apoteose, Cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro. E não, não são os Beatles. Ousam ameaçar ser maiores.
O Radiohead é uma mistura de todas as qualidades que se espera de uma banda – criativos, inovadores, apaixonados e eloquentes -, e o show da banda é o show dos sonhos: extrapola os limites do perfeito (já que este é um atributo de muitas de suas músicas) para soar impecável. E irretocável quando o assunto é do olhar, já que se trata também de um espetáculo sem precedentes de estímulo visual, psicodélico, bélico, delicioso.
E aqui cabem mais duas lágrimas: uma pelo Los Hermanos, que ao tocar um dos set lists mais especiais em sua carreira de apresentações ao vivo (e é uma carreira das grandes – e gordas), fizeram também o show mais chocho de sua história. A outra lágrima fica para o Kraftwerk – e espero que eles não enferrugem por culpa dela, pois é uma lágrima de alegria. A viagem outrora futurista dos alemães não é mais um exemplo da vanguarda do krautrock (o “movimento” do qual eles mesmos sempre destoaram); já soa e parece nostálgica. Grande coisa! Sou só nostalgia.
A foto é da Maria Joana Avellar.